Confira o novo destaque da biblioteca virtual. Um dos maiores clássicos sobre investimento no mercado financeiro, indispensável para qualquer investidor.
Economia Intermediária
Equipe Universidade da Bolsa Atualizado em 11/02/2025
A macroeconomia estuda a economia como um todo. Sabemos que a produção de bens e serviços é realizada pelas empresas, que produzem o consumo da maior parte das pessoas, e pelo governo, como segurança pública, defesa nacional e bens públicos como as ruas e pontes. Conforme já vimos, o governo fornece a estrutura legal para as empresas e interfere na economia, seja regulando a poluição ou distribuindo a renda dos mais ricos para os mais pobres.
Os economistas precisam entender como está a produção, distribuição e o consumo no país. Com este controle em mãos eles podem tomar melhores decisões.
Dessa forma, os economistas desenvolveram um grande dispositivo contábil conhecido por Avaliação de Produto e Rendimentos Nacionais (NIPA, do original National Income and Product Accounts), para medir a atividade econômica. Este sistema produz diversas estatísticas úteis, incluindo o famoso produto interno bruto (PIB), que mede a quantidade total de bens e serviços produzidos em um país em dado período de tempo.
Saber como a contabilidade funciona é indispensável porque ela é a base de todos os modelos matemáticos que os economistas usam para entender e prever coisas como o ciclo dos negócios, inflação, crescimento econômico e ambas as políticas monetária e fiscal (estudadas mais a frente).
Uma das formas é através do PIB. O PIB é uma estatística que calcula o valor de todos os bens e serviços produzidos em determinado país em um dado período de tempo. Este PIB é calculado por órgãos do governo, no Brasil quem faz isso é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que computa e publica essa estatística regularmente trimestralmente, revisando-a na medida em que novos dados tornam-se disponíveis.
Um crescimento do PIB é preferível porque reflete um grande número de transações econômicas que proporcionam os bens e serviços que as pessoas desejam.
Em razão de as pessoas gostarem de consumir bens e serviços, medir o PIB permite que os economistas quantifiquem, num certo sentido, o quanto um país está se saindo bem em maximizar a felicidade de seus cidadãos, considerando suas limitações. A elevação do PIB indica que um país está descobrindo meios para proporcionar mais bens e serviços que tornam as pessoas felizes.
O PIB deixa algumas coisas de fora da sua contabilização, isso por que a estatística do PIB leva em consideração apenas transações que envolvem dinheiro, portanto, se você toma conta de seus pais idosos ou se uma mãe fica em casa para cuidar de seu bebê, aquela atividade econômica, embora muito produtiva e socialmente benéfica, não é levada em conta no PIB.
Uma análise importante de se fazer é que se temos uma economia predominantemente rural e agrária, de pequenos agricultores, em que a maior parte do consumo é doméstico, significa que essa produção não fará parte das estatísticas do PIB. Por isso, em economias desenvolvidas, o PIB é muito bom em capturar quase toda produção, porque quase tudo que é produzido é vendido na sequência. Outra situação que ocorre é quando uma economia está migrando de uma economia rural e agrária para economias de mercado, nesse caso o PIB dá um salto enorme, pois muito do que é produzido está sendo contado pela primeira vez. Mas veja que essa produção já existia antes, somente ela não era contada, portanto esta mudança aparente pode não ser um aumento efetivo na produção.
Quando existe uma transação entre duas pessoas, uma será compradora e a outra vendedora, portanto, uma pessoa tira o dinheiro do bolso e o outro recebe o dinheiro.
Veja que, se medirmos todas as despesas em uma economia, ou então o total das receitas, teríamos uma contabilização para o PIB, seja usando o total de despesas ou de receitas. Com isso, teríamos o indicativo que algum bem ou serviço foi produzido e entraria nessa conta do PIB.
Embora possa-se usar uma das duas medidas, os economistas preferem utilizar os rendimentos porque os governos fazem com que ambos, indivíduos e empresas, mantenham o registro até do último centavo que auferem, para que tudo possa ser tributado. Esta exigência do governo proporciona dados extensos e exatos sobre os rendimentos.
Quando o imposto de renda é cobrado antes mesmo de recebermos o pagamento, nota-se que o governo já está agindo sobre a nossa renda. Com as empresas ocorre o mesmo.
Toda renda na economia passa por uma das quatro categorias: trabalho assalariado, receita de aluguel, juros sobre o capital ou lucros recebidos por empreendedorismo.
Essas três primeiras são primordiais, pois como precisamos de terra, mão de obra e capital para fazermos coisas, é necessário pagar por elas. Mas também precisamos de pessoas que assumam o risco de um negócio para termos uma economia competitiva. Por isso, o governo concede incentivos e até paga para essas muitas dessas empresas empreendedoras.
Cada um dos pagamento acima gera um fluxo de dinheiro que paga esses serviços necessários. Por exemplo, como precisamos de terra, mão de obra e capital para fazermos coisas, é necessário pagar por elas, proprietários de imóveis e terras cobram aluguel de seus inquilinos pelos serviços imobiliários prestados e as estruturas físicas fornecidas, empresas que desejam obter serviços de capital - como máquinas e computadores - devem pagar por eles e este pagamento é considerado lucro porque o custo da obtenção de serviços de um equipamento será pago em juros que uma empresa tem que fazer sobre um empréstimo para comprar aquele equipamento individual (o banco será taxado, por exemplo), e por fim, os lucros da empresa devem fluir para os empreendedores e donos da empresa que assumem o risco de que a empresa pode sair-se mal ou, até mesmo, ir à falência.
Pode acontecer das empresas não fazer empréstimo e nem alugar um imóvel. E mesmo assim as receitas se igualam as despesas. Nesse caso, temos que diferenciar o ativo e o fluxo. Ativo é algo durável, não é diretamente consumido, mas gera fluxo de serviços. Por exemplo, podemos ter uma casa própria e ela é um ativo porque proporciona abrigo, não consumimos a casa mas sim os serviços que ela proporciona, assim como um carro não é consumido, mas ele proporciona o serviço de transporte. Mas também poderíamos alugar uma casa e obter aqueles mesmos serviços pagando mensalmente por eles.
Por esta razão, tem-se que um ativo é considerado um estoque, enquanto que os serviços que ele proporciona são chamados de fluxo.
Agora vamos ter que entrar um pouco na contabilidade para entendermos como isso entra no nosso assunto. Aqueles que estão um pouco mais acostumados com relatórios das empresas listadas em bolsa acharão um pouco mais familiar essa parte. Tem-se que para cada ativo que uma empresa possui, os contadores atribuem um valor em dinheiro sobre os serviços que ele proporciona com base em quanto aqueles mesmos serviços teriam custado se a empresa os tivesse alugado.
Eles podem distribuir a RECEITA TOTAL da empresa chamando uma parte RENDA, outra parte JUROS e ainda outra parte LUCRO, como se os donos da empresa recebessem três fluxos de rendimentos. Assim, como os donos de empresas provêem o dinheiro para comprar os ativos da empresa, parte da RENDA é a compensação por proporcionar estes bens e serviços, e o restante de seus rendimentos é contabilizado como compensação pelo empreendedorismo, assim como assumir os riscos.
Então, nota-se que todo esse dinheiro gasto com bens e serviços flui como RECEITA para alguém. Por isso, houve a taxação quando compramos o ativo, mesmo que esse ativo não esteja sendo alugado ou que estejamos pagando empréstimo por ele, em um dado momento ele também recebeu uma taxação, mas por alguém que estava vendendo esse serviço ou bem.
Esta metodologia permite aos economistas continuarem dizendo que as receitas são iguais às despesas mesmo quando as empresas possuem seus próprios ativos.
A produção (output) recente é contada como parte do PIB tão logo é produzida, mesmo antes de ser vendida. Por exemplo, quando um construtor conclui uma casa e seu valor de mercado é estimado em 300.000 reais, ela é estimada e imediatamente contada para o PIB, mesmo que a casa não seja vendida por muitos meses.
Assim, se a casa foi construída em Novembro de 2020 e vendida em Janeiro de 2022, seu valor será contabilizado no PIB de 2020 e não em 2022, pois não é permitido inserir o mesmo valor duas vezes. Quando a casa for vendida, será considerada propriedade antiga e não produção recente. Como o comércio de antigos ativos não envolve nova produção, não são computados no PIB.
Podemos verificar que isso também se aplica nas empresas que produzem qualquer saída de mercadoria. Por exemplo, uma empresa que produz TVs, se ela produzir essa TV em 2021, essa TV será computada no PIB de 2021, mesmo que ela não tenha nenhum consumidor até o fim do ano vigente.
Uma maneira útil para entender isso é imaginar que a Sony constrói uma TV e, então, com efeito, vende-a para si mesma quando a coloca no inventário. Esta “venda” é computada no PIB do ano de 2011. Mais tarde, quando a TV é vendida do estoque para o cliente, é apenas uma troca de ativos (comercializando a TV por dinheiro).
Podemos verificar que um PIB elevado significa, portanto, que uma grande quantidade de coisas está sendo produzida e colocada em estoque. Isto não significa que as empresas estão vendendo estas grandes quantidades. Aqui temos uma falha contábil tanto nas empresas quanto no governo. Inclusive, é possível que o PIB esteja alto, mas a economia se encontre à beira da recessão porque os estoques estão cheios e os gerentes logo devem fazer cortes na produção para que os estoques diminuam a níveis ideais.
Consequentemente, os economistas que tentam prognosticar qual o rumo da economia prestam muito mais atenção aos níveis de estoque que eles fazem no último trimestre do PIB. Por isso, é sempre muito prudente olhar mais a fundo os dados, detalhando o máximo possível para se ter uma noção melhor da situação. Olhar apenas o dado cheio, algumas vezes pode levar a conclusões erradas.
Um PIB alto é melhor que um baixo porque mais bens produzidos significam um alto potencial de padrão de vida, no entanto, um PIB alto não garante que a felicidade está aumentando, pois o PIB frequentemente sobe quando coisas ruins acontecem. Um exemplo é quando temos uma inundação que destruiu grande parte de uma cidade, nesse caso o PIB aumentará quando a reconstrução for iniciada, muitos produtos novos serão fabricados. Outra situação que ocorre aumento elevado do PIB se dá em países com rápido desenvolvimento econômico, como na China, onde se viu um altíssimo nível dos índices de poluição e desigualdade de renda. Os números do PIB não refletem estas condições negativas.
Portanto, embora as políticas que elevam o PIB sejam geralmente benéficas para a sociedade, os custos envolvidos no aumento da produção devem sempre ser examinados.
Agora vamos verificar o que de fato entra na equação do PIB, o que é responsável por um aumento no índice, em particular, as partes que o constituem e como elas se comportam. Essa discussão é interessante e muito importante, pois, inclusive, torna o modelo Keynesiano macroeconômico padrão, que veremos mais à frente no curso, muito mais fácil de entender e manejar. Esse modelo foi primeiramente desenvolvido em 1936 na universidade de Cambridge pelo economista John Maynard Keynes. O livro "Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda", disponível também no Brasil em português, possui os detalhes sobre o modelo de Kynes. Este livro foi uma resposta a Grande Depressão da década de 1930, nele Keynes discorre sobre as políticas governamentais destinadas a combater a desaceleração econômica enfatizando a importância de concentrar-se em levar as pessoas a aumentarem seus gastos em bens e serviços, elevando assim o PIB.
Veja que anteriormente nós discutimos a elevação do PIB sendo medida a partir da renda, já no livro de Keynes ele enfatiza o aumento das despesas, porém, como vimos as receitas e as despesas no final das contas se igualam para medir o PIB. Este livro e as ideias de Keynes foram tão influentes que levou a macroeconomia a se tornar um campo de estudos separado para os economistas.
A famosa equação das despesas para totalizar o PIB(Y) junta as quatro categorias tradicionais de despesas: consumo (C), investimento (I), governo (G) e exportações líquidas (net exports - NX). Assim, chega-se à equação: Y = C + I + G + NX.
O "C" corresponde a despesas de consumo sobre bens e serviços feitos por unidades domésticas produzidas internamente ou no exterior.
O "I" corresponde a despesas com investimentos feitos pelas empresas sobre novos bens de capital, incluindo imóveis, fábricas e equipamentos. Além disso, contém as mudanças de estoques, uma vez que qualquer bem produzido, mas não vendido durante um período, deve ser adicionado ao inventário de uma empresa e contado como investimentos de inventário.
O "G" corresponde às compras do governo com bens e serviços.
Por fim, o "NX" corresponde ao líquido das exportações, que são definidos como o valor total das exportações de um país (EX), menos o valor total de todas as suas importações (IM). Assim, NX = EX - IM, em que "EX" é o número em reais dos nossos produtos que os estrangeiros compram, já o "IM" é o número em reais dos produtos estrangeiros que nós compramos. Ou seja, a fórmula procura saber se estamos vendendo mais para o exterior (resultando num número positivo), ou se estamos comprando mais produtos do que vendendo para o exterior (resultando num número negativo).
Dessa forma, essas quatro despesas nos dão o PIB porque, como grupo, elas compram até o último produto feito em nosso país em determinado período.
Nas próximas seções veremos mais sobre cada uma das variáveis e como elas afetam diretamente o PIB.
As despesas de consumo das famílias representam 67 por cento do PIB, ou seja, muito mais do que os outros três componentes juntos. Por isso, é muito importante saber o quanto as pessoas estão dispostas a gastar e quanto estão dispostas a poupar. Os microeconomistas passam muito de seu tempo estudando os diversos fatores que afetam tais decisões, inclusive expectativas quanto ao futuro, se este parece promissor ou nebuloso e se as taxas de retorno sobre a poupança serão altas ou baixas. Mais adiante falaremos sobre a microeconomia.
Porém, os macroeconomistas não se envolvem nesses fatores porque ao estudar a economia como um todo, o que importa saber é quanto de consumo total existe. Para isso eles usam uma fórmula para chegar a esse resultado.
Primeiramente utiliza-se uma fórmula composta de três etapas para chegar a receita disponível, conforme abaixo:
1) Dado Y, o total de rendimentos na economia, Kynes considera Y o total das despesas (lembre-se que as receitas são iguais às despesas).
2) Precisamos agora no 2 dois calcular quantos impostos (T) as pessoas têm que pagar. Para simplificar podemos dizer que todos pagam o imposto de renda e que essa taxa é dada por "t". Por exemplo, um t = 0.25 indica uma taxa de 25% da receita das pessoas.
Assim, dado o Y anterior como o total das receitas, tem-se que T = Y * t.
3) Agora que já temos a receita (Y), o imposto sobre a receita (T), vamos calcular seus rendimentos líquidos (YD):
YD = Y - T
Veja que T é dado pela fórmula do passo 2, assim tem-se:
YD = Y – t x Y
Isso pode ser dado por:
YD = (1 - t) x Y
Agora que se tem a receita disponível, usa-se um modelo muito simples para calcular as despesas de consumo das unidades domésticas. Este modelo diz que o consumo (C) é uma função da receita disponível (que calculamos acima) e as variáveis Co e c, assim tem-se:
C = Co + c x YD
O "c" é chamado de propensão marginal de consumo ou PMC, onde c é sempre um número entre 0 e 1 que indica a taxa em que você escolhe consumir rendimentos ao invés de poupá-los. Por exemplo, se c = 0.9 então consome-se 90 centavos de cada real de receita disponível após pagos todos os impostos (YD). Ou seja, sobram 10 centavos por real da renda.
Esse valor de "c" obviamente varia de pessoa para pessoa.
A outra variável "Co" é a quantidade que as pessoas consomem. É importante observar que quando a renda é zero, a equação se reduziria apenas a Co, o que é possível, pois as pessoas poderiam utilizar suas economias, isso é chamado pelos economistas de despoupar.
Portanto, a equação completa "C = Co + c x YD" diz que o total de suas despesas de consumo será Co (que quando 0 de receita representa as economias gastas) mais uma parte das receitas disponíveis dada por c x YD.
Dessa forma, consideramos essa equação bom o suficiente de como as despesas de consumo são determinadas na economia real. A equação não é perfeitamente realista, mas mostra que o consumo é reduzido por taxas de imposto mais alta e por decisões das pessoas de quanto poupar ou consumir. Esse é o modelo utilizado pelos economistas nas suas publicações e permite que eles analisem os efeitos das políticas que alteram as taxas de impostos e os efeitos de outras políticas que encorajam as pessoas a gastar frações maiores ou menores de seus rendimentos.
O investimento é muito importante porque a capacidade econômica para produzir depende de quanto capital está disponível para realizar a produção.
Diz-se que o capital de ações aumenta quando empresas adquirem novas ferramentas, edifícios, máquinas, computadores e assim por diante, para ajudar na produção de bens de consumo. O investimento é um fluxo que aumenta o capital de ações da economia.
No entanto, o capital se desgasta na medida que é utilizado, como as máquinas que se tornam obsoletas, algumas quebram, etc. Todos esses fluxos que diminuem o capital social são chamados de depreciação pelos economistas.
O fluxo de investimento vai depender das comparações que as empresas fazem entre os benefícios potenciais e os custos de compra desses pedaços de capital social.
É interessante ressaltar que os benefícios em potencial são medidos em termos de lucro em potencial e os custos da compra são medidos pela taxa de juros, independente de a empresa tomar ou não dinheiro emprestado para pagar pelo referido pedaço de capital. O porquê de usar a taxa de juros é que se uma empresa precisa fazer um empréstimo para comprar capital, altas taxas de juros tornam menos atraente tomar dinheiro emprestado porque os custos do ressarcimento do empréstimo serão altos.
Entretanto, mesmo que uma empresa tenha dinheiro suficiente em mãos para comprar algum equipamento, altas taxas de juros forçam a empresa a decidir entre utilizar o dinheiro para comprar o equipamento e emprestá-lo para mais alguém. Consequentemente, altas taxas de juros desencorajam os investimentos, independentemente de a empresa precisar tomar dinheiro emprestado para custear o investimento.
Esse ponto elucida muito porque as ações das empresas caem na bolsa de valores quando os juros aumentam. Isso ocorre porque os institucionais e os investidores tiram dinheiro de ações e migram para renda fixa, pois sabem que as empresas não farão investimentos com as taxas de juros altas, portanto, terão pouco crescimento durante esse período. Dessa forma, as ações caem de cotação e os índices (Ibovespa e futuros) acompanham essa retirada.
Os economistas também criaram uma fórmula para a quantidade de despesas com investimentos que as empresas desejam fazer (I).
A fórmula é dada abaixo:
I = Io - Ir x r
Sendo que "r" é a taxa de juros, portanto já percebemos que se a taxa de juros sobe o investimento cai.
O parâmetro "Ir" diz quanto que o investimento cairá dada a taxa de juros. Por exemplo, se "Ir" for 1 bilhão e a taxa de juros 1%, tem-se que para cada 1% de aumento na taxa de juros teremos uma diminuição de investimentos perto de 1 bilhão.
Por fim, "Io" se refere a quanto de investimento ocorre se as taxas de juros forem zero. Assim, se a taxa de juros for zero, teremos I = Io.
Governos normalmente usam a taxa zero para incentivar a economia ou sair de recessões.
Agora começa a fazer mais sentido entender por que o governo é quem decide qual a taxa de juros de um país, pois a relação entre investimento e taxa de juros é muito forte. Assim, ao fixar taxas de juros, o governo pode determinar o valor que as empresas desejam gastar comprando bens de investimento. No caso da economia estar em recessão, o governo pode baixar as taxas de juros de modo a elevar os gastos das empresas em investimentos e ajudar a melhorar a economia, no entanto, quando a inflação está muito alta o governo pode frear os investimentos das empresas de forma a tentar estabilizar a oferta e os preços.
Em muitos países, uma imensa parcela do PIB é consumida pelo governo, nos EUA por exemplo a parcela é de 42% e na Europa chega a 48%.
O governo obtém o dinheiro para comprar todos esses produtos a partir da tributação, que já conhecemos, e dos empréstimos, como os títulos públicos que ele oferece ou empréstimos diretos com órgãos internacionais.
Se as taxas de receitas de um governo forem exatamente iguais às suas despesas, o orçamento é balanceado.
Se as taxas de receitas são maiores que as das despesas, está ocorrendo um excedente de orçamento (superávit).
Ou ainda, se as taxas de despesas excederem as taxas de receitas, o que pode ocorrer quando o governo faz empréstimos no mercado financeiro, teremos um orçamento negativo (déficit).
Uma grande quantidade de negociações políticas é necessária para determinar o quanto um governo irá gastar em um determinado ano.
As despesas do governo é dada pela fórmula:
G = Go
Assim, "G" é dado pelo processo político, que se trata de "Go".
Dependendo da política esse número pode ser alto ou baixo.
É importante ressaltar que "G" inclui apenas as despesas do governo sobre bens e serviços recentemente produzidos. Ele não inclui despesas que simplesmente transferem dinheiro de uma pessoa para outra. Por exemplo, quando o governo cobra um imposto em que esse dinheiro é transferido de alguma forma para uma pessoa pobre, como uma bolsa, essa transação não tem nada haver com a produção atual de bens e serviços, portanto, não conta como parte de G. Por isso, muitos economistas divergem das bolsas, alegando que esse dinheiro deveria ser gasto com mais produção que geraria mais empregos.
A exportação se refere a quando o país vende bens e serviços para alguém ou uma empresa em outro país.
Já a importação se refere a quando o país compra algo que foi produzido fora dele.
Assim, podemos chegar ao valor líquido das exportações, ou NX (do inglês Net exports), que é simplesmente a soma de todos os valores das exportações menos todos os valores das importações durante um determinado período de tempo. Quando o PIB é calculado esse valor é acrescenta-se esse valor valor líquido das exportações, que é o NX.
Muitos se perguntam por que apenas o líquido das exportações é levado em conta. Isso ocorre porque o PIB leva em consideração tudo que é gasto em produtos feitos dentro das fronteiras do país. A maior parte desses gastos é feita pelos nativos, mas os estrangeiros também podem gastar dinheiro com nossos produtos. Isto é o que exatamente acontece quando eles pagam pelas mercadorias que são exportadas para eles. Consequentemente, adicionam-se as exportações para se obter o valor correto das despesas sobre as mercadorias produzidas internamente. Por isso subtrai-se as importações de mercadorias estrangeiras, porque é preciso diferenciar o total das despesas que os residentes fazem sobre todos os bens e serviços, daquelas despesas sobre os produtos e serviços produzidos internamente.
Sabemos que C é o total dos gastos sobre bens e serviços, tanto os internos quanto os estrangeiros. Portanto, se quisermos obter apenas a parte gasta em materiais produzidos internamente, precisará subtrair o valor das importações, IM, porque todo o dinheiro gasto em importações é dinheiro que não foi gasto na produção interna de bens e serviços. Assim, "C - IM" resulta na quantia em dinheiro que a população gastou em produtos produzidos no país.
Voltando a fórmula para calcula o PIB podemos ter conforme abaixo:
Y = C – IM + I + G + EX
Uma forma mais organizada para a equação é deixar exportações e importações próximas umas das outras, dessa forma teríamos:
Y = C + I + G + EX – IM
Deixar EX e IM juntos é interessante porque revela rapidamente o balanço comercial do país.
Quando o resultado de EX - IM é positivo, estamos exportando mais do que importando, porém, quando é negativo, estamos importando mais do que exportando.
Para termos uma ideia da importância do comércio internacional, alguns países possuem mais de 50% do seu PIB em função desse comércio com outros países.
Os políticos constantemente estão sugerindo novas políticas para as tarifas alfandegárias e novos controles para as taxas de câmbio, que miram diretamente o comércio internacional, o que também mostra a importância que se dá ao comércio internacional.
Uma das grandes preocupações dos políticos é em relação ao déficit comercial, que, como já vimos, é quando as importações excedem suas exportações, ao contrário do superávit. Muitas vezes a conotação que se dá ao déficit é que ele representa algo ruim, o que não é necessariamente verdadeiro.
A melhor forma de comprovarmos isso é na operação entre dois comerciantes de dois países diferentes. Por exemplo, suponhamos que Lúcio, morador do Brasil, possui inicialmente 100 reais guardados e mais 50 limões em mercadoria ao preço de 1 real cada limão. Lúcio, Argentino, possui 100 reais guardados e mais 50 laranjas em mercadoria ao preço de 1 real cada laranja.
Agora suponhamos que Lúcio venda 30 reais em limões para Juan, que também se interessa pelas laranjas de Lúcio e compra 20 reais de laranjas. Nesse caso, não significa que Lúcio está em melhor situação que Juan, pois inicialmente cada um possuía 100 reais em produtos e quando ambos terminam sua transação ambos possuem a mesma quantidade. Veja, Lúcio possui ainda 20 reais da sua mercadoria (20 limões) que sobraram após a venda, mais os 30 reais no bolso que ele vendeu a Juan e ainda 100 reais de caixa, totalizando 150. Já Juan possui ainda 20 reais da sua mercadoria (20 laranjas), mais 30 reais arrecadados de Lúcio pela venda de laranjas e 100 reais de caixa, totalizando 150.
Dizer que esta transação comercial empobreceu um deles é totalmente equivocado. De fato, ambos estão mais satisfeitos com suas disposições financeiras após a comercialização do que antes, porque seu comércio foi voluntário. Concentrar-se na existência de déficit ou superávit comercial é simplesmente perder o foco de que o comércio internacional é apenas uma reorganização dos ativos entre duas nações para tornar todos mais felizes. Até mesmo o país com déficit comercial fica mais feliz.
O que a maioria simplesmente faz é olhar o acúmulo monetário e dizer que Lúcio gastou 30 reais e embolsou apenas 20 do Argentino, ficando assim com 100 reais que ele tinha menos 10 da transação, ou seja, o Brasil ficou com apenas 90 reais, e pior ainda, a Argentina está lucrando nossos 10 reais.
Esta perspectiva encobre o fato de que a riqueza geral do produtor de limões ainda é de 150,00 e que ele agora tem uma distribuição de ativos que lhe agrada mais do que a anterior.
Nos últimos 50 anos, os governos têm impulsionado cada vez mais a diminuição de restrições ao comércio internacional, seja por meio de fóruns como o General Agreement on Tariffs and Trade, ou GATT, e o World Trade Organisation, ou WTO).
Este crescente movimento de livre comércio tem resultado em milhares de novos empregos e uma ampla melhoria nos padrões de vida e felicidade, porque as pessoas em todo o mundo são livres para comercializar e comprar o que desejam para torná-las mais felizes, mesmo que tenham que comprar de um estrangeiro.
O economista inglês David Ricardo em 1817 criou um argumento conhecido como vantagem comparativa, em que ele refutava a tarifa de importação conhecida como Leis do Grão (ou Corn Laws), que estabelecia impostos pesados para as importações de grãos produzidos no exterior. Obviamente estas leis mantinham os preços dos grãos altos, favorecendo assim a nobreza que possuía a grande maioria das terras produtivas. Naturalmente, com o restante da população dava-se o contrário, pois isso encarecia o preço de seu principal alimento: o pão.
Por isso, afirma-se que países com déficit comercial estão em melhores condições, pois eles consomem um misto de mercadorias e serviços que não obteriam de outro modo, se beneficiando assim do comércio de produtos que já foram produzidos. O comércio internacional aumenta, efetivamente, o montante total de mercadorias produzidas no mundo, o que significa que há mais produtos por pessoa e, em linhas gerais, o aumento dos padrões de vida.
Davis Ricardo foi ainda mais longe na sua visão e pontuou que a abolição de todas as restrições referentes ao comércio internacional deveria, além de ajudar toda a sociedade da Inglaterra, efetivamente tornar a Inglaterra e todos os países que comercializavam com ela mais ricos, inclusive encorajando-os a especializarem-se na produção de bens e serviços que cada um deles pudesse produzir aos mais baixos custos. Ele demonstrou que este processo de especialização deveria melhorar a produção mundial e, desse modo, elevar os padrões de vida.
Os economistas se referem à inflação quando se verifica uma alta dos preços na economia. Não significa que todos os preços de todas as mercadorias estão aumentando, alguns podem até mesmo estar caindo, porém, a tendência geral é ascendente.
A tendência é que os preços aumentem um pouco a cada ano, porém ninguém gosta disso porque dificulta o planejamento, como, por exemplo, as pessoas que planejam suas aposentadorias. No entanto, as coisas podem ficar fora de controle se os preços subirem 20 ou 30 por cento ao mês, algo que ocorria muito com os países no século passado. Para essa inflação muito alta os economistas chamam de hiperinflação. Essa hiperinflação vem acompanhada de coisas ainda piores como desemprego e diminuição da produção de bens e serviços, assim também afetando fortemente o PIB do país.
Todavia, os economistas sabem o que causa a inflação e como pará-la. O culpado é uma oferta de dinheiro que cresce muito rapidamente e a solução é torná-la, portanto, mais lenta ou até mesmo travar o aumento da oferta de dinheiro.
Não se sabe ao certo quanto de dinheiro é importante para o funcionamento adequado da economia, mas se sabe que ele é muito melhor do que o sistema de trocas de mercadoria, pois com o dinheiro compra-se o que quiser, sem precisar ter uma mercadoria adequada para determinada troca. Por exemplo, se eu quero comprar laranjas do vendedor de laranjas e quiser trocar as minhas maçãs, preciso que ele queira minha maçãs, isso não ocorre com o dinheiro, pois ele é universal. Por isso, o dinheiro é o centro da macroeconomia, é preciso entendê-lo bem.
O fornecimento de dinheiro está subordinado ao controle do governo e este pode, muito facilmente, imprimir mais dinheiro sempre que quiser. No entanto, o equilíbrio é fundamental, como em tudo na vida. Se o governo imprime muito dinheiro, os preços sobem e podemos ter uma inflação, porém, se o governo imprime pouco dinheiro, os preços baixam e podemos ter uma deflação.
A demanda por dinheiro tende a crescer lentamente ao longo do tempo, economias em desenvolvimento produzem mais coisas e os consumidores procuram por mais dinheiro com o qual possam comprar as coisas disponíveis. O governo pode reagir a essa demanda de três formas: na primeira, se o governo aumentar a oferta de dinheiro na mesma proporção que cresce a demanda, os preços não mudam; na segunda possibilidade, se o governo aumentar a oferta de dinheiro mais rápido do que a demanda por ele, tem-se uma inflação, pois há muito dinheiro em circulação e cada fração dele vale menos; na terceira possibilidade, se o governo aumentar a oferta mais lentamente do que cresce a demanda, tem-se uma deflação, porque cada fração do dinheiro vale mais, comprar qualquer bem ou serviço requer menos dinheiro.
Uma história clássica aconteceu na Rússia antes da guerra em que o presidente Russo triplicou o salário de todos os soldados, fazendo assim com que o dinheiro crescesse bastante na economia Russa. Certa vez um sapateiro atendeu em sequência vários soldados Russos que sempre pagavam a mais que o sapateiro cobrava. Isso fez com que o sapateiro aumentasse o valor do produto, pois estava verificando que uma grande quantidade de dinheiro estava circulando e ele também queria aquele dinheiro. O mesmo aconteceu com os lojistas e assim por diante. Isso causou uma grande inflação na economia Russa, elevando praticamente o preço de todos os produtos.
No entanto, a inflação mais trágica da história ocorreu na Alemanha na década de 1920, que depois levou Hittler ao poder com a promessa de consertar as coisas na Alemanha. Essa hiperinflação ocorreu no final da Primeira Guerra Mundial, em que a Alemanha enfrentou o fato de ter que saldar débitos pesados gerados durante o conflito, além dos custos normais de administração de um governo. Muitos desses débitos estavam em sua própria moeda, o marco alemão. Para pagar esses débitos a Alemanha teve que imprimir muito dinheiro, isso levou a uma inflação de 100 por cento ao mês, quase atingindo 6000 por cento perto do final do ano. As coisas ficaram tão fora de controle que os preços subiram 1.300.000.000.000 vezes, isso mesmo. Naquele ano, os alemães pagaram 200.000 marcos por uma fatia de pão e dois milhões de marcos por aproximadamente um quilo de carne. Os preços subiam tão rapidamente que os garçons alteravam a lápis os preços. Caso uma pessoa se alimentasse devagar no restaurante, provavelmente teria sido alterado o preço da refeição. A situação ficou tão complicada que as pessoas não se davam mais ao trabalho de contar o dinheiro, elas pesavam o dinheiro. Por exemplo, 2 quilos de marcos equivalia a um quilo de frango.
Existe uma forma de saber exatamente quanta inflação será esperada, a partir da impressão de uma determinada quantidade de dinheiro extra, essa teoria se chama Teoria Quantitativa da Moeda. Essa teoria afirma que o nível global de preços na economia é proporcional à quantidade de dinheiro circulando nela. Proporcional significa apenas que as coisas sobem em quantidades iguais. Portanto, se dobrarmos a oferta de dinheiro, dobramos também os preços.
Aqui surge uma pergunta importante, se o governo sabe que poderá causar inflação imprimindo mais dinheiro, por que ele decide colocar mais dinheiro na economia a ponto de causar a inflação? A primeira situação é quando os governos não podem aumentar suficientemente a receita fiscal para pagar suas obrigações, a segunda causa é quando os governos sentem a pressão feita pelos devedores que querem a inflação para poder restituir seus débitos usando dinheiro com menor valor, e por fim, a terceira situação é quando os governos querem estimular a economia durante uma recessão ou depressão. Assim, pode-se verificar que o governo pode levar a um aumento da inflação por razões boas como tentar tirar o país de uma recessão, ou por más razões como ajudar devedores a restituir seus empréstimos usando dinheiro desvalorizado para isso.
Como os governos quase sempre têm débitos, é muito tentador imprimir dinheiro extra para pagá-los, isso porque muitos governos querem gastar mais dinheiro do que recolhem com arrecadação fiscal. No entanto, isso até pouco tempo atrás era difícil, pois a maioria do papel-moeda do mundo era endossada por um metal precioso, como ouro. Assim, cada porção de papel-moeda em circulação na economia era convertida em uma quantidade específica de ouro, dessa maneira, qualquer um que tivesse dinheiro poderia trocá-lo por ouro quando desejasse. Poderíamos, por exemplo, ter uma quantidade de real e trocar por ouro em algum banco.
Este chamado padrão ouro tornava difícil para o governo desvalorizar o dinheiro em circulação pela impressão de mais, porque primeiramente ele tinha que obter mais ouro para apoiar o novo dinheiro. Como adquirir ouro é caro, os governos efetivamente freiavam o aumento de suas ofertas de dinheiro.
Porém, as coisas mudaram em 1921 quando o presidente dos EUA, Nixon, a fim de pagar os custos enormes da guerra do Vietnã, tirou os Estados Unidos do sistema de padrão ouro e colocou os americanos no sistema flat (termo em latim para "assim seja"), no qual o papel-moeda não era endossado por coisa alguma.
Portanto, quando você diz dinheiro fiat, está basicamente se referindo a como um governo cria dinheiro simplesmente ordenando sua existência.
O problema com o sistema monetário fiat é que nada limita o número de pequenas porções de dinheiro que o governo pode imprimir para pagar seus débitos. Imprimindo mais dinheiro, sabemos que tão logo o dinheiro circula, as pessoas o gastam, os preços aumentam e causam inflação. E se você imprime mais e mais dinheiro, terminará com as pessoas oferecendo aos comerciantes e produtores mais e mais dinheiro pela mesma quantidade de mercadorias.
O resultado será como um leilão gigante onde todos estão dando lances para os itens, mantendo a oferta de mais e mais dinheiro para vencer a concorrência. Quanto mais dinheiro imprimir, menos valor terá a libra, euro, dólar, real ou o que quer que seja. Se o governo continua imprimindo dinheiro pode levar a hiperinflação, em que a inflação supera 20 ou 30 por cento ao mês.
Os economistas odeiam hiperinflação porque ela perturba enormemente a vida quotidiana e estraga o clima de investimento. A hiperinflação leva as pessoas a não investirem o dinheiro, pois elas precisam gastá-lo o mais rapidamente possível antes que ele perca valor. Esse medo de poupar causava um problema maior aos negócios porque, se as pessoas não estão poupando, então não há dinheiro disponível para que as empresas possam tomar emprestado para fazer novos investimentos. E sem novos investimentos a economia não pode crescer.
Outra situação que leva ao aumento da inflação são aqueles que estão fora da política. Para ter uma ideia melhor cabe um exemplo. Um fazendeiro, por exemplo, pegou 1000 reais emprestado do banco e terá que devolver 1200 até o fim do ano. Cada porco que ele vende sai a um custo de 100 reais. Portanto, ele precisa vender no ano 12 porcos para pagar esse empréstimo. Esse fazendeiro pressiona o governo para imprimir mais dinheiro e elevar a inflação. Se a inflação provoca o aumento do porco para 200 reais, quer dizer que o fazendeiro precisará agora de 6 porcos para pagar o empréstimo e não mais de 12. Obviamente que o banqueiro se opõe a essa inflação, pois seus lucros seriam arruinados.
Essa situação inclusive aconteceu nos Estados Unidos na segunda metade do século XIX quando fazendeiros e banqueiros travaram uma batalha. Os fazendeiros apoiavam os políticos que queriam usar além do ouro e prata de forma a imprimir mais dinheiro na economia, já os banqueiros apoiavam os políticos que queriam manter apenas o sistema com o ouro. Os fazendeiros queriam uma inflação maior para poderem aumentar o custo dos seus produtos e poderem pagar com mais tranquilidade os empréstimos que fizeram com os banqueiros na compra de novas máquinas, já os banqueiros não tinham nenhum interesse nisso, visto que seu dinheiro seria desvalorizado com a inflação.
No final das contas, dessa vez os banqueiros acabaram vencendo a batalha.
Dessa forma, enquanto as economias utilizarem dinheiro, os emprestadores e os tomadores de empréstimos estarão sempre em direção contrária uns dos outros, ambos tentando manejar o governo.
O governo também usa a política monetária para tomar a decisão de aumentar ou diminuir o suprimento de dinheiro, estimulando assim a aceleração ou desaceleração da economia. Veremos mais adiante no curso sobre esse importante instrumento utilizado pelos governos.
Infelizmente já se concluiu que um aumento no fornecimento de dinheiro estimula a economia apenas quando é uma surpresa. Ou seja, se o governo puder imprimir dinheiro e começar a gastá-lo antes que as pessoas possam aumentar os preços, obtém-se um aumento na quantidade de bens e serviços vendidos. Eventualmente, mais adiante, as pessoas calculam e aumentam os preços, mas até que façam isso, o estímulo monetário funciona.
Porém, é difícil enganar as pessoas continuamente, elas até podem ser surpreendidas uma vez, mas é muito difícil uma segunda, e muito mais difícil a terceira. Na realidade, se o governo continuar tentando surpreender as pessoas, elas começarão a antecipar seus atos e aumentarão os preços mesmo antes que mais dinheiro seja impresso.
Consequentemente, muitos governos modernos decidiram contra a utilização deste tipo de estímulo monetário, e agora se esforçam ao máximo para chegar a inflação zero ou uma inflação muito baixa.
Uma atribuição muito interessante que os economistas dão ao dinheiro e como a inflação pode esmagar esse atributo pode ser verificado abaixo:
1) Dinheiro é uma provisão de valor: ou seja, se vendermos uma laranja hoje por uma moeda de ouro, deveríamos ser capaz de vender essa mesma laranja amanhã ou ano que vem pela mesma moeda de ouro. Dessa forma, quando o dinheiro mantém seu valor, podemos retê-lo, ao invés de reter laranjas ou qualquer outro bem.
No entanto, a inflação enfraquece o dinheiro como provisão de valor, pois cada unidade de moeda vale cada vez menos com o passar do tempo.
2) Dinheiro é uma unidade de cálculo: isso significa que como o dinheiro é amplamente aceito em uma economia, ele é usado como uma unidade. Por exemplo, a maioria dos vendedores atribuem o valor de um imóvel como sendo 100 reais o metro quadrado em determinada região e 50 reais o metro quadrado em outro região.
Essa prática faz sentido quando o dinheiro mantém seu valor, mas quando temos a inflação essa unidade fica complicada porque o valor do dinheiro declina, já o do imóvel se mantém.
3) Dinheiro é um padrão de pagamento deferido: usar o dinheiro para pagamento é muito melhor do que bens. Por exemplo, se comprarmos um carro na promessa de devolver dois carros ao final de um tempo, isso não parece plausível, devolver em dinheiro é muito mais interessante.
Porém, a desvalorização da moeda faz com que os emprestadores fiquem relutantes em utilizar o dinheiro como padrão de pagamento deferido. Isso porque ao final do empréstimo se o valor do dinheiro cair muito pode acarretar num grande prejuízo para o emprestador.
4) Dinheiro é um meio de troca: o dinheiro é usado para trocar qualquer coisa. Se um produtor de laranjas quer usar o dinheiro para comprar cerveja ele pode, do contrário se ele tivesse que trocar suas laranjas por cerveja, talvez o vendedor de cerveja prefira limões à laranja e jamais conclua o negócio com o vendedor de laranjas.
Porém, se a inflação estiver suficientemente ruim, o dinheiro deixará de ser um meio de troca. Por isso que quando um país tem hiperinflação normalmente o que se vê é o escambo, ou seja, as pessoas trocam entre si mercadorias, pois o dinheiro não tem valor. Hoje se nota que se uma moeda se torna defasada em algum país com sérios problemas de inflação, as pessoas geralmente recorrem ao uso de uma moeda estrangeira confiável, geralmente o dólar americano, como meio de troca.
Outra consideração importante sobre a inflação é que ela também atinge injustamente os pobres, porque eles gastam quase todas as suas receitas em bens e serviços, custos estes que são grandemente afetados durante uma inflação. Em contraste, como os ricos têm condições de economizar muito mais de suas receitas em vez de gastar tudo o que adquirem, eles proporcionalmente são menos afetados pela taxa de inflação, pois acabam investindo suas economias em ativos (como bens imóveis), cujos preços sobem durante uma inflação, assim os ricos podem se prevenir de muitos danos causados por ela.
Como vimos a inflação pode causar muitos problemas. Para mantê-la sob controle, o governo precisa medi-la de maneira cuidadosa.
Sabemos que o valor do dinheiro é determinado pela interação entre a oferta e a procura por dinheiro, sendo que a oferta está sob o controle do governo, mas este não pode averiguar diretamente a demanda, portanto, ele precisa observar como a oferta e a demanda interagem, de modo a determinar quanto aumentar ou diminuir da oferta de dinheiro.
Como a inflação é um aumento geral dos preços, a melhor maneira de procurá-la é ver se o custo de compra de uma grande quantidade de produtos diferentes está se alterando ao longo do tempo.
Arbitrariamente, os economistas definem uma ampla coleção de bens e serviços e se referem a eles como uma cesta de mercado. Então eles descobrem quanto dinheiro é necessário para comprar esta cesta em diferentes ocasiões para assim medir a inflação.
No Brasil usamos uma medida chamada CPI (Consumer Price Index) ou IPC (Índice de Preços ao Consumidor). O IPC captura os preços de uma cesta de mercado, e é com frequência manipulada para levar em conta as mudanças nos hábitos do consumidor ao longo do tempo. Às vezes produtos são retirados da cesta e substituídos por outros.
Os economistas utilizam a álgebra para calcular a taxa de inflação, que é dada pela letra grega pi.
Assim:
Pi = (Preço da Cesta Básica em 2020 - Preço da Cesta Básica em 2019) / Preço da Cesta Básica em 2020
Após o cálculo basta multiplicar por 100 o valor e temos a taxa de inflação.
Podemos verificar que calcula-se a subtração do preço da cesta básica do segundo ano pelo primeiro ano e divide-se pelo primeiro ano.
Por exemplo:
Pi = (370 - 340) / 340 = 0,088
Assim, 0,088 * 100 chega-se a uma inflação de 8,8% no período. Ou seja, precisamos de 8,8% a mais de dinheiro em 2020 para comprar a cesta de produtos.
Os economistas também gostam de medir a inflação através dos preços nominais e reais. Os preços nominais são os preços em dinheiro, que podem mudar ao longo do tempo devido a inflação. Por isso eles gostam de focar nos preços reais, que indicam quanto de uma determinada mercadoria você terá que abrir mão para adquirir outro tipo de mercadoria, não importando o que acontece com os preços nominais. Por exemplo, se você ganha 50 reais por hora e um aparelho de som custa 100 reais, são necessárias duas horas de trabalho para comparar o aparelho. Se no ano seguinte o aparelho custa 200 reais e a sua hora de trabalho custa 100 reais, ainda são necessárias duas horas de trabalho para comparar o aparelho de som. Assim, embora o preço nominal do aparelho tenha dobrado, o preço real dele, em termos de trabalho, ou seja, quanto você precisa trabalhar para comprá-lo, não mudou.
Voltando a falar da cesta utilizada para calcular o IPC, sabemos que obviamente ela pode não refletir perfeitamente os gastos das famílias, isso porque cada família difere em padrão de consumo uma das outras, além disso, a cesta se torna desatualizada com o passar do tempo, por exemplo, se demorar para trocar aparelhos de videocassetes por DVD, poderia-se não capturar as alterações de preços a tempo, e por fim, a cesta de produtos não leva em consideração a qualidade, pois o consumidor não se interessa apenas pelos preços, por exemplo, se uma cerveja melhora de qualidade de um ano para o outro, ou um computador fica mais potente, isso não é levado em consideração.
Esses detalhes preocupam os estatísticos, mas o aperfeiçoamento deles ano após ano é mais nítido. Um exemplo disso é nos EUA em que o Banco Central já publicou uma avaliação informando que o IPC americano está exagerado em 1 ou 2 pontos percentuais ao ano. Mas esse pequeno exagero é uma forma de compensar o aperfeiçoamento da qualidade ou as novas mercadoria que surgem e não são imediatamente capturados pelo IPC.
Finalizando sobre a inflação podemos concluir que uma política inflacionária baixa e estável geralmente é tida como útil para ajudar as pessoas e firmas a tomarem boas decisões de investimentos, e consequentemente capacitá-las a fazer um planejamento mais eficiente. Por conta disso, as pessoas e empresas provavelmente aumentarão seus níveis de investimentos, o que favorece toda a economia.
Essa é a principal tarefa dos macroeconomistas: prevenir ou reduzir as recessões.
A recessão ocorre naqueles períodos nos quais a produção de bens e serviços declina, quando isso acontece as empresas precisam diminuir o quadro de funcionários, causando aumento significativo do desemprego. As recessões podem durar por muitos anos, por isso antecipar e prever, ou ao menos minimizar essas consequências é uma das tarefas que atualmente ocupam os políticos.
As recessões normalmente acontecem após algum tipo de choque, que são eventos ruins e inesperados, como ataques terroristas, desastres naturais, a introdução de péssimas políticas governamentais ou aumentos súbitos no custo de importantes recursos naturais, como petróleo.
A primeira grande lição deste é que se os preços de bens e serviços na economia fossem livres para se ajustar às mudanças na demanda e oferta causadas pelos choques, a economia seria capaz de se recuperar muito rapidamente. Infelizmente, entretanto, a segunda grande lição é que nem todos os preços no mundo real são totalmente livres para se ajustarem aos choques, inclusive alguns preços muito importantes são completamente lentos para se ajustar. Como resultado, as recessões podem prolongar-se e causar muitos prejuízos, a menos que o governo intervenha para ajudar a economia a se recuperar mais rapidamente, como veremos mais adiante.
As economias passam por períodos alternados durante os quais a produção de bens e serviços expande e depois se contrai, é o chamado ciclo econômico. Normalmente, quando há a contração tem-se uma recessão.
Uma analogia que os economistas fazem para dizer que uma economia está indo bem, é utilizar o conceito de pleno-emprego, que é usado como uma medida de quão bem uma economia deve estar. Pleno-emprego significa uma situação na qual todos os que desejam um emprego em tempo integral podem obter um. O pleno-emprego não significa ter uma taxa de desemprego zero. Mesmo quando todos os que desejam um emprego conseguem um, sempre haverá algum desemprego, como quando as pessoas deixam um emprego voluntariamente para procurar outro melhor. Enquanto durar sua procura, essas pessoas serão contadas como desempregadas.
De forma parecida, embora a economia possa estar crescendo, algumas empresas podem despedir trabalhadores e esses também estarão procurando empregos.
Os economistas chamam esta situação de desemprego temporário.
Outro conceito usado é o de "Produção de Pleno-Emprego", que é o quanto é produzido na economia, quando há empregos para todos no mercado de trabalho.
Quando a tecnologia avança, a "Produção de Pleno-Emprego" (Y*) obviamente cresce, porque melhor tecnologia significa que uma força de trabalho plena pode produzir mais mercadorias. Entenderemos mais adiante que a economia se ajusta em situações nas quais a produtividade está acima ou abaixo de seu potencial em dado momento.
Dessa forma, a economia naturalmente deseja voltar a ajustar-se a Y* sempre que há um desvio dele. Se este processo de ajuste fosse suficientemente rápido, não seria necessário nos preocuparmos com o ciclo econômico, recessão e desemprego. Se a economia revertesse para Y* rápido o suficiente, ou seja, a produção sendo retomada rapidamente, as recessões seriam muito breves para causar quaisquer consequências negativas graves.
Infelizmente, o processo de ajuste pode ser muito lento e, como resultado, as recessões podem ser longas e graves.
Após termos o choque econômico, como devido a uma catástrofe natural, os ajustes de preços tendem a retornar uma economia para a produção de pleno-emprego (Y*). Ou seja, os preços se ajustam mesmo sem a intervenção do governo. Por exemplo, imaginemos a situação em que a demanda diminui na economia, assim as pessoas, as empresas e o governo procuram e compram menos produtos do que a economia está atualmente produzindo.
O resultado é um excesso de oferta de produtos que, por outro lado, baixam os preços. Afinal, o que faz qualquer negócio quando não se pode vender tudo que produz aos preços que são atualmente praticados é uma baixa nos preços para vender. Os preços baixos atraem mais compradores e logo, o negócio está apto a vender o restante de sua produção. Este processo se repete por toda a economia durante uma desaceleração econômica.
Esse processo causa dois resultados: os preços em toda a economia caem e a economia produz novamente em pleno-emprego (Y*).
Portanto, para que este processo funcione, os preços devem poder mudar rapidamente. Se isso acontecer, a economia retorna rapidamente para Y*. Se, contudo, os ajustes dos preços forem lentos, a economia pode produzir menos produtos que Y* por uma quantidade significativa de tempo. Em outras palavras, se os preços não se ajustarem rapidamente teremos uma recessão. E até os preços se ajustarem, a inflação continua.
Uma distinção que os economistas gostam de fazer após um choque econômico é entre longo e curto prazo. Diz-se que o curto prazo refere-se ao período de tempo em que as empresas ainda não fizeram alterações nos preços em resposta a um choque econômico, e o longo prazo refere-se ao período de tempo após as empresas terem feito todas as alterações de preços necessárias em resposta a um choque econômico. Essa velocidade com que as empresas mudam os preços pode variar de choque para choque.
Para entender bem essa diferença de correção de preços do longo para o curto prazo observe a figura abaixo:
Mostraremos nos próximos parágrafos o que acontece se os preços dos bens e serviços estiverem, como um todo, muito altos ou baixos: eventualmente, eles se ajustam para o nível de preço de equilíbrio (P*) para que a economia possa voltar a produzir ao nível de produção de pleno-emprego (Y*).
O "Y" significa o valor em dinheiro para produção de bens e serviços que estão sendo vendidos (quanto as empresas gastam para produzir). Esse "Y" segue o PIB, se o PIB cresce ele também cresce, se baixa ele também baixa.
Na vertical, o "P" mede o nível global de preços.
"P" nos diz que embora cada produto tenha seu preço (alguns mais altos outros mais baixos), existe uma tendência GERAL de preços para a economia como um todo. Ou seja, se P sobe, então em média, os preços estão subindo, porém, se P baixa, então em média, os preços estão caindo. E, se os preços se mantêm os mesmos, então P permanece o mesmo.
O "P*" está no meio do gráfico, indicando um nível de equilíbrio dos preços. Portanto, esse "P*" diz que o nível de preços que os consumidores desejam comprar, está exatamente na mesma quantidade de produtividade do pleno-emprego (Y*). Ou seja, as empresas conseguem gastar em produtos exatamente o que as pessoas conseguem comprar. Também pode-se verificar que esse "P*" está exatamente onde passam as retas de LRAS (long-run aggregate supply curve, Curva de oferta agregada de longo prazo) e a AD (Aggregate demand curve, Curva de demanda agregada).
Isso é explicado pois LRAS representa a QUANTIDADE de bens e serviços que uma economia irá produzir quando os preços forem ajustados após um choque econômico. A LRAS é estabelecida acima do ponto do eixo horizontal, que representa o nível de produtividade do pleno-emprego, Y*, porque a longo prazo, as mudanças nos preços sempre fazem a economia voltar a produzir no nível de produtividade de pleno-emprego (antes do choque). Por isso a reta LRAS está colada no Y*, pois quando tivermos pleno emprego novamente e os preços como um todo subirem (P), teremos como consequência uma quantidade significativa de bens e serviços sendo produzidos. Já a AD representa a quantidade total de bens e serviços que as pessoas DESEJAM comprar. Ou seja, a intersecção delas nos informa que as pessoas querem comprar nesse valor e as empresas conseguem produzir uma quantidade de bens necessários a esse valor.
Podemos notar ainda que o AD está em declínio, isso ocorre pois há uma relação inversa entre o nível de preços (Empresas querem aumentar os preços) e a quantidade de produtos que as pessoas desejam comprar (AD diminuindo, pessoas querendo comprar menos coisas).
Ou seja, preços altos (P alto) terá como consequência as pessoas comprando menos quantidades de produtos (Y baixo). Mas se os preços caem (P baixo) as pessoas compram mais produtos (Y alto). Por isso, conforme AD vai se expandindo no gráfico (para baixo), as pessoas compram mais produtos, pois os preços vão ficando mais baixos.
O gráfico também mostra outra situação importante. Quando a economia inicia, por exemplo, no nível "P alto" e "Y baixo" observa-se que as pessoas não querem consumir muitas quantidades a esse preço alto. Imagine as empresas que adquiriram fábricas e equipamentos, elas não têm interesse em produzir menos, ou abaixo das suas operações. Por isso, o que as empresas fazem é cortar os preços para aumentar as vendas. E elas continuam a reduzir os preços até que o nível de preço geral na economia caia para P*, porque este é o nível de preço no qual os consumidores desejam comprar, exatamente Y* como valor de produção. Nesse caso, imagina-se que as empresas estão torrando os valores das mercadorias e como consequência terão prejuízo.
No entanto, as empresas não têm que, necessariamente, perder seus lucros nesta situação, e não perdem, porque seus custos também estão caindo ao mesmo tempo. Isso porque quando a economia está produzindo abaixo de Y*, há um grande número de trabalhadores desempregados disponíveis, assim como muitos insumos produtivos fora de uso, como ferro e petróleo. O desemprego pressiona os salários para baixo, ou seja, tem-se muita mão de obra disponível que se pode contratar por salários mais baixos. E, quanto mais insumos produtivos não utilizados houver, mais os preços cairão.
Isso faz com que os preços baixos atraiam mais consumidores, aumentem as vendas e faça com que as empresas contratem novamente os trabalhadores que estavam desempregados. Este processo continua até que os preços atinjam "P*", o meio do gráfico (equilíbrio), e neste ponto, a economia está operando a pleno-emprego novamente, o que significa que qualquer trabalhador que deseje um emprego em tempo integral conseguirá um.
Vimos anteriormente como um "P alto" se ajusta ao "Y baixo". Outra situação são os preços abaixo de "P*" e um "Y alto". Ou seja, pessoas querendo comprar altas quantidade com um "P baixo", porém, esse "Y alto" representa mais do que as empresas podem produzir a pleno-emprego. A única maneira de produzir mais é se os empregados trabalharem mais que o padrão de 40 horas semanais, mas isso acarretaria em pagar mais, e para tanto, as empresas precisarão aumentar os preços. Portanto, com a demanda excedendo a oferta, os preços são aumentados até atingirem P*, ao nível de preço em que a quantidade solicitada pelos consumidores é exatamente igual ao nível de produção de pleno-emprego, que é Y*.
Concluindo , pode-se notar que se os preços tiverem tempo suficiente para se ajustarem, a economia sempre retornará ao nível de produção de produtividade Y*. Já que chamamos o tempo necessário para o ajuste de preços de longo prazo, faz sentido chamar a linha vertical sobre Y* de curva de oferta agregada de longo prazo, por que ela mostra quanta produção a economia oferecerá após os preços terem tido tempo suficiente para se ajustarem e equalizar a oferta e procura por bens e serviços.
Assim, a longo prazo, após os preços terem uma chance de se ajustarem, seja qual for o choque que ocorra, a economia voltará a produzir no nível de produção de pleno-emprego, Y*.
Este é um grande contraste com o que pode acontecer a curto prazo, antes do ajuste de preços. Esse processo de ajustar os preços à produtividade pleno-emprego pode demorar um pouco, pois mesmo os gestores das mais ágeis empresas precisam de algum tempo para decidir quanto cortar os preços.
Um exemplo disso são empresas com preços fixos em catálogos, ou contratos fixados. Nessas situações a empresa não mexe no valor, mas ajustará sua produção para atender qualquer quantidade de demanda que possa acontecer com esses preços fixos. Se um grande número de pessoas começar a comprar a estes preços, a empresa aumentará sua produção contratando mais empregados, porém, se apenas poucas pessoas comprarem, ela reduzirá sua produção, empregando um número menor de funcionários.
Uma situação bastante esclarecedora ocorreu na crise de 2001 nos Estados Unidos. Verificou-se que várias empresas se ajustaram muito rapidamente aos preços naquela crise. Um exemplo clássico e já estudado por alguns especialistas foi o varejista americano Wal-Mart. Antigamente os preços eram etiquetados à mão e mantinha-se um estoque em arquivos. Atualmente com o sistemas informatizados os gerentes possuem controle em tempo real sobre os níveis de estoques, preços e o que está vendendo mais rápido ou mais devagar. Com isso, o Wal-Mart conseguiu rapidamente se ajustar ao preço do mercado naqueles itens que estavam sobrando nas prateleiras.
Como resultado de tal inovação, os preços podem ser ajustados rapidamente para equilibrar a oferta e a procura. Os preços agora caem muito mais depressa, para fazer com que a economia volte à produtividade de pleno-emprego (Y*), o que resulta em recessões curtas e leves.
Portanto, no curto-prazo normalmente tem-se preços fixos, e assim, a produtividade cai e o desemprego aumenta, já no longo prazo tem-se os preços caindo e a produtividade retornando ao nível de pleno-emprego. Isso mostra a importância de conseguir rapidamente se ajustar ao longo prazo no curto prazo, como fez o Wal-Mart recentemente no início dos anos 2000.
Como uma última informação, mas não menos relevante, diz-se que para ser considerada uma recessão o PIB real cai por dois trimestres consecutivos, o que nem sempre é uma verdade. Em muitas recessões a produtividade aumentou, em vez de cair. Muitos fatores determinam o que é classificado como recessão.
A mais bem internacionalmente aceita definição vem do NBER (National Bureau of Economic Research, Agência Nacional de Investigação Econômica), nos EUA, que é aceita e utilizada por outras entidades. O NBER possui um longo conjunto de critérios, que começa com a queda da produtividade e o desemprego aumentando e incluem muitas outras coisas, tal como com que rapidez as fábricas recebem novos pedidos.
Algumas vezes, esses outros fatores fazem o NBER pressentir que a economia passou por um pico e que entrou em recessão, mesmo que a produtividade não esteja caindo. Contudo, os comentaristas no Reino Unido ainda consideram que uma recessão é caracterizada pela queda de produção medida pelo PIB ao longo de dois trimestres sucessivos. Eles simplificam afirmando que qualquer coisa pior que isso é uma depressão.
Como vimos, quando temos um choque na economia, a flexibilidade de preço (ou a falta dela) determina tanto a severidade quanto a duração de qualquer recessão que possa resultar. No mundo real, os preços são, de fato, lentos ou rígidos, para a mudança. Interessantemente, eles tendem a ser mais rígidos quando estão baixando e não quando estão aumentando. Ou seja, os preços parecem relutar quando são reajustados para baixo e não resistirem tanto quando o reajuste é para cima.
O principal culpado dessa situação parece ser uma categoria de preço em especial: os salários. Salário é o preço que os empregadores devem pagar aos empregados por sua força de trabalho. Diferente de outros preços na economia, as pessoas são, em particular, emocionalmente vinculadas aos salários e como eles mudam ao longo do tempo. Em geral, ninguém gosta de ver seu salário sendo reduzido, isso geralmente gera muita retaliação, sem contar que em alguns países os contratos são muito rígidos quanto a diminuição salarial. Como resultado, os gestores normalmente acham contraprodutivo reduzir salários, mesmo se uma empresa estiver perdendo dinheiro e precisar cortar custos. Muitas empresas preferem demitir funcionários do que diminuir o salário da grande massa, isso pode se explicar, por exemplo, numa empresa que 70% dos gastos são relativos ao pessoal, portanto, um alvo prioritário para corte de gastos, porém, ao realizar a diminuição do salário pode afetar drasticamente a produtividade dos funcionários e piorar ainda mais a situação da empresa. Por isso, a empresa que tem 40% menos receita pode preferir diminuir 40% da sua força de trabalho, e manter com os mesmos salários os outros funcionários, que estarão ainda felizes e não terão sua produtividade reduzida.
Pelas razões que estamos apresentando aqui, o que se vê durante uma recessão é um grande aumento no desemprego, mas uma pequena diminuição no valor dos salários. Muitas vezes isso ainda não é o suficiente e a empresa precisa manter ainda por mais tempo os valores antigos para arcar com o custo da produção, e isso acaba prorrogando o fim da recessão. Conforme veremos mais à frente o governo pode atuar na tentativa de fazer uso de estímulos monetários e fiscais para contornar o problema dos preços rígidos, ao impulsionar a demanda agregada (busca de mais produtos pelas pessoas).
Todas essas ideias sobre a influência dos preços rígidos, causados pelo salários inflexíveis, serem culpados pelas recessões veio do economista John Maynard Keynes, o economista mais influente do século XX. A visão de Keynes mudou o modo como as pessoas estudavam economia. Ele chegou a essas conclusões pelo terrível estado que a economia alcançou durante a Grande Depressão dos anos 1930 (quando uma recessão é muito profunda usa-se o termo depressão).
A Grande Depressão começou com uma recessão prolongada de 1929 até 1933. Esta recessão é mais comumente descrita como tendo começado com a famosa quebra da bolsa de 1929 (a quebra de Wall Street). Os Estados Unidos, por exemplo, só voltaram a ver sua produção retornar ao nível de 1929 após entrarem na Segunda Guerra Mundial, em 1941. Pode-se verificar um incrível intervalo de quase 10 anos até a normalização da situação. Após essa grande depressão os EUA passaram por mais sete recessões que duraram entre 10 meses e 16 meses, observa-se assim que nada foi parecido com o que aconteceu na Grande Depressão de 30.
Enquanto o nível de desemprego na maioria das recessões posteriores foi de 7%, na Grande Depressão foi de 25%, o PIB também foi catastrófico com uma queda de quase 30% enquanto nas outras recessões foi em torno de 1 a 2%.
Como testemunha da Grande Depressão, Keynes obviamente desejou entender o que poderia causar uma desaceleração econômica tão drástica – e o que poderia prevenir tal devastação de acontecer novamente. Keynes não só compreendeu que os preços rígidos causam recessões, ele foi além e também desenvolveu um amplo e influente modelo que ainda é apresentado em muitos livros didáticos de macroeconomia. Este modelo é uma pequena parte de uma abordagem maior à gestão da macroeconomia, que passou a ser chamada de Keynesianismo, que trata-se de uma abordagem que favorece grandes intervenções governamentais na economia, em vez das políticas de laissez faire, ou seja de não intervenção, que é preferida por outras pessoas.
O Keynesianismo tem atraído um grande número de críticos, porém, essa parte que apresentaremos aqui não é controversa. Ela explica como uma economia se ajusta ao equilíbrio — um lugar onde a oferta agregada corresponde à demanda agregada — no extremo curto prazo, após um choque econômico, quando os preços não podem mudar de modo algum.
O modelo de Keynes chama nossa atenção para o estoque das mercadorias que foram produzidas, mas que ainda não foram vendidas. De acordo com Keynes, as mudanças no estoque podem guiar as empresas a aumentar ou diminuir a produção durante situações nas quais os preços estão rígidos e não servem como sinal do que fazer.
Normalmente as empresas verificam que se os preços estiverem subindo, a empresa saberá que seu produto é popular e que deve aumentar a produção, mas se os preços estiverem caindo, a empresa saberá que seu produto não está indo bem e que, provavelmente, deveria interromper a produção e, talvez, entrar em outro ramo de negócios.
Entretanto, em uma economia com preços fixos, as empresas precisam de algum outro modo para decidir se devem aumentar ou diminuir a produção. Keynes percebeu que o fator orientador seriam as mudanças nos estoques.
Os estoques mudam constantemente de posição com novas produções aumentando o estoque e vendas diminuindo ou permanecendo igual. Se as novas produções excederem novas vendas, o estoque aumenta.
A interação entre nova produção e nova venda é importante porque cada empresa tem um nível alvo de estoques que ela gostaria de manter para as situações em que as vendas sejam, temporariamente, mais rápidas do que a capacidade de produção. O nível alvo é determinado pelos custos e benefícios de ter um grande ou pequeno estoque em mãos.
Possuir menos estoque que o nível alvo é perigoso, porque a empresa pode não ser capaz de acompanhar o crescimento das vendas, porém possuir mais estoque do que o nível alvo é desperdício, porque não há vantagem em ter coisas que não se pode vender, ano após ano. Cada empresa pesa estes custos e benefícios para determinar seu próprio nível alvo de estoque.
Keynes compreendeu que os choques de demanda agregada (pessoas comprando menos, que são inesperados) apareceriam como mudanças inesperadas nos estoques da empresa.
Demanda agregada inesperadamente baixa significa que as vendas estão tão lentas que o estoque aumenta e atinge níveis mais altos do que as empresas haviam planejado. Por outro lado, a demanda agregada inesperadamente alta significa que as vendas aumentaram tanto, que o estoque diminui, e atinge níveis mais baixos do que as empresas haviam planejado.
Grandes alterações nos estoques fazem com que as empresas mudem seus níveis de produção, cortando a produção quando os estoques aumentam acima dos níveis alvo, ou aumentando a produção se os estoques diminuem abaixo dos níveis alvo.
As mudanças nos níveis de produção, causadas pelas mudanças no estoque, são muito importantes, uma vez que elas determinam não apenas se a produção (Y) está aumentando ou diminuindo, mas também se o desemprego está em ascensão ou queda. Por exemplo, se as empresas aumentam a produção, porque os estoques caíram abaixo do nível alvo, elas precisam contratar mais empregados e o desemprego diminui. Se, por outro lado, as empresas diminuem a produção porque os estoques aumentam acima do nível alvo, elas precisam demitir empregados e o desemprego aumenta.
Outra forma de ajuste dos estoques é com base nos gastos planejados e gastos reais. O modelo Keynesiano difere entre esses dois gastos, em que o gastos planejados são a quantia em dinheiro que as famílias, empresas, o governo e estrangeiros gostariam de gastar em produtos e serviços produzidos no país. Por outro lado, os gastos reais são o que as famílias, empresas, o governo e os estrangeiros realmente gastam em bens e serviços produzidos no país.
Quando esse dois gastos são diferentes, os estoques automaticamente mudam. Por exemplo, se mais dinheiro é gasto em bens e serviços do que foi planejado, as pessoas estão comprando mais mercadorias do que o que está sendo produzido atualmente. Esta situação é possível porque as empresas vendem mercadorias de seus estoques que foram produzidas em períodos anteriores. Por outro lado, se as pessoas gastam menos dinheiro em bens e serviços do que foi planejado, os estoques das empresas aumentam, porque elas precisam estocar todas as mercadorias que não podem vender.
Keynes representou os gastos planejados, PE (planned expenditures), algebricamente com a seguinte equação:
PE = C + I^P + G + NX
Sendo, "C" representa a quantidade de mercadorias que os consumidores desejam consumir; "I^P" representa a quantidade de produtos que as empresas planejam adquirir, como investimento em mercadorias, tais como novas fábricas e equipamentos, bem como quaisquer alterações de estoques que planejam fazer; Já "G" representa quantos produtos o governo quer comprar para coisas como o investimento na construção de escolas ou assegurar o suprimento necessário de papel para o trabalho administrativo; E por fim, "NX" representa o líquido das exportações — o valor de suas exportações menos o valor de suas importações. NX nos informa a demanda do setor estrangeiro da economia sobre nossos produtos internos.
Para os gastos reais, Y, Keynes usou a mesma equação que usamos para calcular o produto interno bruto:
Y = C + I + G + NX
O gasto real é igual ao PIB, pois o gasto real é igual ao rendimento nacional, porque cada centavo de despesa feito na economia é receita para alguém.
Além disso, o gasto real também é igual ao valor em dinheiro de todos os bens e serviços produzidos na economia, porque cada pedaço de mercadoria produzida é vendido para alguém (este processo na verdade faz parte da forma com que os estoques são avaliados para propósitos contábeis: qualquer produto que a empresa faz, mas não pode vender ao cliente, é contado como sendo “vendido” para si própria e colocado em seu inventário. Estas mudanças no estoque são conhecidas como investimentos em inventário e são totalizadas no PIB como parte do investimento total, I).
Portanto, podemos olhar Y como gastos reais, ou em outras situações é mais útil entender se você pensar em Y como sendo a receita nacional ou produção.
Verificando novamente as duas equações, a única razão que Y e PE diferem é devido ao investimento variável, que é investimento planejado (I^P) na primeira equação e investimento real (I) na segunda. Em outras palavras, a única razão que Y e PE diferem é devido às diferenças nos investimentos causados pelos inesperados aumentos ou diminuições dos estoques, quando as vendas são maiores ou menores do que o planejado.
Vamos a um pouco de matemática agora, pois precisamos identificar o modelo Keynesiano do equilíbrio econômico através da matemática.
Dada a equação que vimos anteriormente onde PE = C + I^P + G + NX, temos a fórmula, que estudamos anteriormente no curso, para calcular o consumo que é dado por C = C0 + c (1 - t) x Y
Como já vimos na fórmula acima, tem-se que a maior receita (Y) leva ao maior consumo (C).
Se substituirmos a primeira equação dada aqui (PE) pela segunda equação (C), tem-se que:
PE = C0 + c (1 - t) Y + I^P + G + NX
Esta equação mostra que o total das despesas previstas para a aquisição de bens e serviços na economia (PE) depende do rendimento total da economia (Y). Quanto maior o rendimento total, mais dinheiro as pessoas planejam gastar.
Uma melhor forma de ver a equação é tentar simplificá-la criando uma nova variável para absorver parte dela, assim tem-se:
A = C0 + I^P + G + NX
Agora tem-se a equação conforme abaixo:
PE = A + c(1-t) Y
Dessa forma, "A" corresponde às despesas autônomas, termo usado pelos economistas para traduzir a parte dos gastos planejados que não depende da renda (Y). A parte das despesas planejadas que não depende de rendimentos "c(1-t) Y" é conhecida como despesa induzida.
Para compreender as despesas induzidas, entenda que como t representa a taxa de renda com impostos, (1-t) Y é o que as pessoas deixam de gastar depois que o governo cobra seus impostos. E, desse montante, a fração c é gasta em consumo, de forma que c(1-t) Y nos diz quanta despesa é “induzida” por um rendimento de tamanho Y.
Para encontrar o equilíbrio específico do modelo Keynesiano, compreenda que todos os equilíbrios possíveis são captados pela seguinte equação:
PE = Y
Esta equação pode ser lida como “gastos planejados são iguais a gastos reais” (lembre-se que Y é igual ao total de receitas e ao total de despesas na economia porque todas as despesas equivalem a receitas para alguém).
Qualquer situação em que PE = Y é de equilíbrio. Isso porque se a economia puder atingir o ponto onde PE = Y, então ninguém teria qualquer razão para mudar seu comportamento. Os consumidores estariam consumindo tanto quanto planejaram (C). O governo estaria comprando tanta produção quanto desejasse comprar (G). Os estrangeiros estariam comprando nossas mercadorias tanto quanto pretendessem (NX).
E, mais importante, as empresas estariam gastando exatamente o que planejaram em investimentos – o que implica que os estoques não se alterariam inesperadamente.
Se os gastos previstos se igualam aos gastos reais, você realmente tem um equilíbrio, porque todos estão obtendo o que desejam e ninguém tem qualquer incentivo para mudar seu comportamento.
Para resolver o valor de equilíbrio da produção, que chamarei de Yn, pela substituição da equação "PE = A + c(1-t) Y" pela equação "PE = Y".
Assim obtem-se o seguinte:
Yn = A + c (1 – t) Y
A fórmula pode ser um pouco chata de analisar, no entanto, podemos usar um gráfico para mostrar a fórmula acima do equilíbrio conforme abaixo:
O ponto no qual as duas linhas se cruzam é o equilíbrio. Nesse ponto, os gastos previstos e os gastos reais são exatamente iguais na economia.
Este equilíbrio é estável, o que significa que se a economia se iniciar em qualquer nível de receitas que não seja Yn, ela rapidamente retornará de volta à Yn. O que faz com que a economia retorne para Yn são as alterações no estoque.
Keynes não inventou seu modelo para explicar como as economias com preços rígidos alcançam um equilíbrio estável. O que ele realmente queria era usá-lo para mostrar o que os governos poderiam fazer durante uma recessão para melhorar a situação. Suponha que os ajustes de estoque tenham levado a economia ao equilíbrio das receitas, Yn, mas que Yn é menor que o nível de produtividade de pleno-emprego da economia, Y*. Neste caso, Keynes perguntou, o que — se existisse algo — deveriam fazer os governos? Os governos poderiam escolher não fazer nada. Eventualmente, porque Yn < Y*, os preços iriam cair e a economia retornaria ao emprego-pleno. Mas vamos supor que o governo aumentasse os gastos (G) do governo com bens e serviços, nesse caso teríamos PE na equação "PE = C0 + c (1- t) Y + I^P + G + NX" maior. Assim, G aumentaria A na equação "PE = A + c(1-t) Y". Com A maior teríamos PE também maior.
Keynes sugeriu utilizar a política do governo para aumentar as despesas previstas, com qualquer que fosse a quantia necessária para aumentar, a curto prazo, o equilíbrio da economia dos preços rígidos, Yn, abrindo caminho para o nível de produtividade de pleno-emprego, Y*.
Chegamos num ponto crucial da macroeconomia, estudar as duas das mais importantes funções dos governos modernos.
A política monetária tem como foco aumentar ou diminuir a oferta monetária a fim de estimular a economia, enquanto que a política fiscal utiliza os gastos do governo e o código fiscal para estimular a economia.
É graças ao desenvolvimento dessa teoria econômica que estamos estudando que atualmente os governos têm uma boa ideia de como utilizar as políticas monetária e fiscal para abrandar a duração e a severidade das recessões, e isso influencia a vida de bilhões de pessoas.
Boas políticas econômicas podem tornar uma nação próspera, ou da mesma forma que más políticas econômicas podem arruiná-la.
Obviamente que essas políticas têm suas limitações, conforme veremos no decorrer do estudo. Estudar essas políticas permite que as pessoas se coloquem à frente de muitos políticos, podendo inclusive julgar quando economistas politicamente corruptos estiverem tentando enganar alguém.
O nosso assunto anterior (O que é o Keynesianismo?) o ajudará a entender melhor esta parte do assunto, principalmente devido a terminologia, portanto é uma boa ideia dar uma lida no assunto anterior primeiramente. Mesmo assim faremos comentários para não faltar nenhum entendimento.
O propósito de ambas é alterar a demanda agregada para bens e serviços, que conforme estudamos refere-se a demanda total de bens e serviços de uma economia. Em particular, ambas podem ser utilizadas para aumentar a demanda agregada durante uma recessão. Portanto, ambas são fortemente utilizadas para estimular a economia e assim retornar a economia para a produção em nível de pleno-emprego o mais rapidamente possível.
É importante relembrar que o nível de produção de pleno-emprego,simbolizado por Y*, é a quantidade de produtos que a economia produz em pleno-emprego, que ocorre quando todas as pessoas que desejam um emprego de tempo integral podem conseguir um. Se a economia entra em recessão e produz um valor menor do que Y*, milhões de pessoas perdem seus empregos, porque as empresas necessitam de poucos trabalhadores para produzir uma pequena quantidade de produtos.
Assim, a taxa de desemprego permanece alta até a produção retornar ao nível de pleno-emprego. A ideia das políticas monetária e fiscal é ajudar a retornar a economia à produção em Y* tão rápido quanto possível, encurtando assim o período de frustração e miséria que os desempregados têm de suportar.
O grande problema do governo não influenciar para a volta da produção de pleno-emprego é que a estabilização pode demorar bastante em razão dos preços rígidos, especialmente os salários, conforme descrito nos estudos anteriores. Como consequência, a economia terá uma elevada taxa de desemprego e levará muito tempo para voltar a produzir em Y*, a menos que o governo interfira.
O truque que ambas as políticas, a monetária e a fiscal, realizam é aumentar a demanda agregada. Isto faria com que a economia conseguisse suportar a lenta normalização dos preços e muitos empregos não fossem perdidos. Mas ainda assim alguns problemas podem ocorrer como a inflação e as expectativas das pessoas sobre como os aumentos na demanda agregada podem afetar os preços. Portanto, antes de encarar os detalhes sobre como as políticas monetária e fiscal podem ser usadas para aumentar a demanda agregada, primeiro explicaremos como a inflação, que devemos se preocupar bastante, pode limitar sua eficácia.
A melhor maneira para começar a entender as limitações das políticas econômicas que estimulam a demanda agregada é compreender que, a longo prazo, essas políticas só podem alterar o nível de preços e não o nível de produção. Nos estudos anteriores explicamos que os preços têm dificuldades de cair durante uma recessão. Em particular, as empresas não gostam de cortar salários e afrontar seus empregados. Eles sabem que se cortarem salários, os trabalhadores ficarão irritados e deixarão de produzir e os resultados do declínio na produtividade farão com que a situação de lucro das empresas fique cada vez pior.
Quando os salários são fixados para baixo também tem-se uma baixa nos preços, devido aos custos de produção ficarem mais baratos. Os custos trabalhistas são, para a maioria dos negócios, a maior parcela dos custos de produção. Se as empresas não podem cortar os salários, também não podem reduzir os preços de seus produtos.
Uma situação ruim que ocorre é quando se antecipa o estímulo do governo. Por exemplo, imagine que o governo esteja prestes a lançar um grande pacote de estímulos que fará a demanda agregada aumentar. Como os trabalhadores e os empresários podem aprender macroeconomia tão bem quanto os políticos que governam, eles percebem que o único efeito de longo prazo para o estímulo a caminho será elevar os preços de P0 para P1.
Além disso, os trabalhadores entendem que seus salários reais continuarão os mesmos a longo prazo, porque ambos, salário nominal e custo de vida (determinado pelo nível de preços), aumentarão em proporções iguais. Como resultado, eles sabem que a longo prazo esse estímulo não os ajudará em nada. Na verdade, sua única esperança de ganho baseia-se inteiramente no curto prazo, quando os salários nominais podem subir e o nível de preços deve permanecer inalterado.
Mas as empresas não são ingênuas. Elas não querem ter seus lucros reduzidos, porque os salários estão aumentando, enquanto que os preços estão fixos. Assim, simplesmente antecipam tudo. Uma vez que os preços, eventualmente, têm que subir e os salários têm que subir em proporções iguais, as empresas se adiantam aos aumentos de salários, aumentando seus preços tão rápido quanto possível.
Nada previne as empresas de aumentarem seus preços, porque não há nada na economia que cause uma inflexibilidade ascendente de preços.
Assim, se as empresas puderem pressentir um estímulo econômico se aproximando, elas simplesmente aumentarão seus preços o mais rápido possível, de forma a estarem certas de que seus preços e os salários subirão na mesma proporção.
Certamente, ao mesmo tempo, as empresas aumentam os salários em porcentagens iguais, de modo a manter o salário real inalterado. Elas desejam manter os funcionários motivados a oferecer sua força de trabalho, necessário para produzir valor de produção Y*.
Como você pode ver, se um governo tenta estimular a economia para produzir além de Y*, e se o estímulo for entendido e antecipado por todos na economia, ele pode não funcionar. Os preços e salários podem simplesmente saltar do ponto A para o ponto C, significando que o estímulo falhou em seu objetivo, uma vez que a produção permanece em Y*, enquanto que os preços e os salários aumentam simultaneamente.
De fato, o curso racional das ações de uma empresa é apenas aumentar os preços imediatamente, porque se estes fossem deixados sozinhos em P0, eles seriam voluntariamente os causadores da diminuição dos lucros, que é o resultado de quando a economia se move do ponto A para o ponto B (quando os salários nominais aumentam e os preços permanecem constantes).
Aumentando os preços imediatamente e deslocando a economia diretamente de A para C, eles podem evitar completamente esta situação.
Outro fato limitador da política monetária e fiscal é quanto ao comportamento das pessoas. Quando o governo muda a política monetária as pessoas não ficam paradas, elas também reagem a isso. Veremos no decorrer do estudo exemplos sobre este comportamento das pessoas.
A política fiscal leva em conta como os governos cobram e gastam os impostos. Alterando a política fiscal, os governos conseguem aumentar a demanda agregada.
Essa alteração da demanda agregada pode ser feita indiretamente através da diminuição de impostos, para que os consumidores tenham maior rendimento dos impostos, e, consequentemente, gastem mais comprando bens e serviços, ou ainda, diretamente pela compra de bens e serviços.
Na primeira opção o governo diminui as suas receitas e na segunda aumenta os gastos. Em ambos os casos, o governo terá um déficit orçamentário, que se dará diminuindo o orçamento pelas despesas. Consecutivos déficits podem levar a sérios problemas para o governo, inclusive inflação, por isso tudo deve ser bem planejado.
Quando uma economia começa a ter problemas, o governo tem como uma das primeiras opções o aumento de gastos públicos, pois fazendo isso o governo conseguiria gerar tanta demanda que as empresas começariam a contratar os desempregados para aumentar sua produção e atender toda a nova demanda. O governo espera que isso estimule novas demandas, pois as pessoas que estavam desempregadas começam a receber novamente e gastam mais dinheiro, assim a economia se torna novamente autossustentável, de forma que o governo não precisa mais gastar dinheiro.
O grande problema é que o governo precisa depois buscar esses gastos que ele teve que fazer. Para isso, normalmente, os governos possuem três maneiras de buscar esse dinheiro para realizar gastos: baixar as taxas de juros para expandir a oferta de dinheiro, aumentar impostos, tomar emprestado dinheiro.
A primeira opção é complicada, pois expandir a oferta de dinheiro pode trazer inflação, o que pode custar muito caro para o governo. Se a inflação sair do controle ele pode ter sérios problemas para levar a inflação a patamares anteriores. Consequentemente, os governos de hoje quase nunca recorrem a isso. Na verdade, muitos já abdicaram do controle da oferta de dinheiro para bancos centrais independentes. Por exemplo, o Banco Central do Brasil é quem cuida da taxa de juros, expandindo e contraindo a oferta de dinheiro no mercado através dessas taxas de juros. Um exemplo é quando as taxas de juros estão altas, quando as pessoas vão buscar um empréstimo para custear máquinas para sua empresa, ou mesmo uma viagem, carro ou imóvel, na contratação do crédito se as parcelas estão muito altas (devido a taxa de juros alta) normalmente desistem de tirar crédito. É exatamente o que o governo quer, retrair a quantidade de dinheiro no mercado, tornando-o assim escasso e evitar o aumento dos preços.
A segunda opção, aumentar impostos, também é problemática, porque se a economia estiver tentando sair de uma recessão, deseja que os consumidores gastem tanto quanto possível em bens e serviços, e dessa forma, se aumentar os impostos, os consumidores reduzirão suas despesas.
Por fim, a terceira opção seria tomar dinheiro emprestado durante uma recessão e gastá-lo. Uma forma é através dos títulos públicos. Quando uma pessoa compra um título público ela está emprestando o dinheiro para o governo que pagará no futuro através de taxas que estão explicitadas no título. Por exemplo, quando compramos um título de 10 anos que custa 1000 reais com 6% de retorno, o governo em contrapartida deve nos retornar os 1000 reais em 10 anos e mais 60 reais por ano. O governo pode usar imediatamente esses 1000 reais para gastar em bens e serviços, porém tem que descobrir um jeito de lhe pagar os 1000 reais daqui 10 anos e mais os 60 a cada final de ano.
Falamos anteriormente do déficit orçamentário, que é o montante em dinheiro pelo qual as receitas fiscais excedem as despesas públicas durante o ano em curso.
Qualquer déficit de orçamento atual é adicionado ao déficit nacional, que é o total acumulado de todo o dinheiro que o governo deve aos credores.
O problema com o déficit orçamentário e os débitos nacionais é que eles devem ser pagos algum dia.
Ainda assim, as pessoas confiam que o governo vai pagar pelo seu débito, por exemplo os títulos públicos que foram comprados e emprestados ao governo. Isso porque o governo pode aumentar impostos e rapidamente conseguir o dinheiro. Mas essa relação entre impostos e pagamento de títulos não é direta. Em outras palavras, só porque o governo tem muitos títulos a vencer, isto não significa necessariamente ter que aumentar impostos de repente para conseguir mais dinheiro para pagá-los.
Ao invés, normalmente os governos refinanciam os títulos que estão vencendo, ou seja, eles simplesmente emitem novos títulos para obter dinheiro, suficiente para pagar os títulos antigos. Este processo é referido como rolagem da dívida e é praticado rotineiramente pelos governos em todos os lugares.
Mas esse processo não é um truque para ficar adiando indefinidamente o pagamento dessa dívida. Há uma razão para que os investidores desejem participar de uma rolagem de dívida: porque eles confiam que o governo sempre pode usar seu poder de tributação para pagar seus débitos. Portanto, a confiança dos investidores permite que os governos mantenham os empréstimos, quer para financiar novos empréstimos ou para rolar as dívidas mais antigas.
Quando os investidores não têm essa confiança, como por exemplo se sentirem que o governo está gastando demais e aumentando muito o déficit, os resultados podem ser catastróficos numa nova tentativa do governo tentar pegar mais dinheiro no mercado.
Já vimos anteriormente que o governo pode usar outra forma para saldar suas obrigações sem ser as três formas acima: imprimir muito dinheiro. Essa é a escolha mais catastrófica de todas, como já foi vista diversas vezes na economia. Governos responsáveis não fazem isso de fato, mas já aconteceu, e é realmente válido estar ciente desse tipo de possibilidade.
Veja que um título público não diz de onde virá o dinheiro para pagá-lo. O governo é livre para imprimir o valor de 1000 reais em cédulas novas e entregá-las aos investidores. Esta solução parece boa em princípio, mas quando você e todos os outros portadores de títulos do governo, estiverem de posse do dinheiro recém-impresso e começarem a gastá-lo, farão os preços subirem e causarão inflação, que é a grande responsável por devastar uma economia. Conforme já estudamos, durante uma grande inflação, os preços perdem muito de seu valor e as pessoas se tornam muito mais desconfiadas e relutantes em participar de contratos de longo prazo ou fazerem investimentos, porque não sabem qual será o valor do dinheiro no futuro.
Por isso, acompanhar como está o déficit orçamentário ou as dívidas acumuladas é importante, até mesmo para prever uma possível inflação. Se o governo está com um déficit grande, uma dívida alta com os credores, e ainda está numa posição que não possa aumentar os impostos para pagar suas obrigações, todos devem ficar atentos, pois o governo pode precisar imprimir dinheiro e isso certamente causará inflação que pode arruinar a economia.
Essa situação de impressão de dinheiro é bastante preocupante para as pessoas numa economia, pois já foi vista que não dá certo inúmeras vezes em diversos países e governos diferentes. Por isso, quando as pessoas realmente começam a se preocupar que seu governo possa imprimir dinheiro para pagar seus débitos, fica cada vez mais difícil conseguir investidores dispostos a comprar títulos do governo. Em tal situação, a única maneira de o governo conseguir que alguém compre seus títulos é oferecer uma taxa de juros cada vez maior, para compensar os temores de que, o dinheiro que eventualmente as pessoas receberão, não terá mais o mesmo valor de compra.
Estas altas taxas de juros, então, fazem com que o governo fique em uma situação ainda mais desesperadora, porque qualquer um que tiver seu título rolado, terá que fazê-lo com base nessas altas taxas de juros. Além disso, uma vez que a inflação afeta todos os títulos e não apenas os emitidos pelo governo, as taxas de juros em toda a economia aumentam se as pessoas receiam que a inflação esteja se aproximando. Esta situação pode ter, de imediato, péssimas consequências econômicas, porque altas taxas de juros desestimulam os consumidores a tomarem dinheiro emprestado para comprar, carros ou casas, e também desencorajam as empresas de fazer empréstimos para comprar novas fábricas e equipamentos. Consequentemente, a simples expectativa de que um governo possa imprimir dinheiro, em algum momento futuro, para saldar suas obrigações, pode causar danos imediatos à economia.
Por isso, a maioria dos governos tenta manter o seu nível de dívida e seus déficits sob controle, para garantir que ninguém se preocupe seriamente que ele esteja tentado a imprimir mais dinheiro para saldar suas obrigações.
A política monetária se refere à oferta de dinheiro e taxas de juros, de modo a estimular e estabilizar a economia.
Este tem sido considerado como o mecanismo mais poderoso que os governos têm para lutar contra a recessão e reduzir o desemprego, até mesmo mais poderoso do que a política fiscal.
As taxas de juros influenciam toda a economia, desde os consumidores procurando imóveis até os investimentos das empresas em fábricas e equipamentos. Ela tem um efeito estimulante ou deprimente sobre toda a atividade econômica.
É importante sabermos como as taxas de juros são determinadas no mercado de títulos. Preste muita atenção, porque o mercado de títulos é o local onde as taxas de juros, para toda a economia, são determinadas. Os mercados de títulos têm um efeito enorme sobre tudo o que acontece na economia.
Um título é um ativo financeiro para o qual você paga uma determinada quantia em dinheiro agora, em troca de uma série de pagamentos no futuro.
Existem dois tipos de pagamentos, pagamentos de valor nominal e pagamentos de cupom. O nominal é impresso na face do certificado do título e vem na data em que o vínculo expira. Já o cupom são feitos normalmente duas vezes por ano até que o vínculo expire. É importante ressaltar que os títulos variam de valor, portanto, é possível comprar ele por um preço melhor que inicialmente e recebendo a mesma taxa de juros que pagaria por ele anteriormente. Essa variação dos títulos se dá pela oferta e demanda, muitas pessoas vendendo títulos acarreta na queda do seu valor, muitos comprando acarreta numa valorização dos títulos. Isso ocorre pois os títulos são como as ações, existe um número limitado deles e as pessoas compram e vendem dependendo das suas necessidades.
A taxa de juros é, de certo modo, o preço do dinheiro, e ela reage de maneira semelhante à dos outros preços. Ou seja, se a oferta de moeda aumenta repentinamente, o preço do dinheiro cai e a taxa de juros aumenta.
Existe uma forma diferente de controlar a quantidade de dinheiro em circulação que é chamada de operações de mercado aberto. O funcionamento é simples, em vez do Banco Central pedir à Casa da Moeda imprimir mais dinheiro de forma a colocar mais dinheiro em circulação, tem-se um mercado público aberto de títulos.
Dependendo se o Banco compra ou vende títulos, a oferta de dinheiro em circulação na economia aumenta ou diminui. Ou seja, se o Banco pretende aumentar a oferta de dinheiro, ele compra títulos, porque ao comprar títulos o Banco deve pagar por eles em espécie, o que fará com que este dinheiro circule na economia. No entanto, se o Banco deseja diminuir a oferta de dinheiro, ele vende títulos, porque as pessoas para quem o Banco está vendendo têm que pagar em dinheiro, esse dinheiro é então colocado em cofres e fica fora de circulação.
Comprando e vendendo títulos dessa maneira, a quantidade de dinheiro em circulação pode ser precisamente controlada, o que significa que o governo pode, por sua vez, manter um controle estreito sobre as taxas de juros.
Portanto, resumindo como a política monetária funciona, seguem-se três passos quando, por exemplo, o Banco Central quer ajudar a aumentar a produção:
1. Compra títulos do governo, de forma a aumentar a oferta de dinheiro. (Governo tem mais dinheiro em mãos para investir)
2. O aumento da oferta de dinheiro provoca a queda das taxas de juros, porque os preços dos títulos também aumentam. (A compra de títulos provoca o aumento do valor do título, mas também ocorre a queda da taxa de juros)
3. Os consumidores e as empresas respondem à redução das taxas de juros, tomando mais empréstimos e usando o dinheiro para comprar mais mercadorias.
Porém, os investidores entendem que os aumentos na oferta de dinheiro podem causar inflação. Esta compreensão significa que sempre que um Banco Central aumenta a oferta de dinheiro, a fim de baixar as taxas de juros nominais, ele precisa fazê-lo com alguma moderação, de modo a evitar causar temores inflacionários que podem deslocar o efeito de estímulo do aumento do suprimento de dinheiro.
Muitos bancos centrais da atualidade, especialmente na Europa, têm metas de inflação para ficarem de olho. Esta situação significa que eles precisam, por contratos com o governo ou pela legislação, manter a inflação dentro de certo limite e, portanto, são bastante circunspectos com relação a aumentar a oferta de dinheiro. O antigo Bundesbank alemão, que constituiu o modelo para o Banco Central Europeu, tinha uma reputação de administrar a economia solidamente desta maneira.


