Análise Técnica

Equipe Universidade da Bolsa Atualizado em 19/03/2025

A análise técnica costuma ser utilizada juntamente com uma analogia parecida com tocar violão, em que é muito fácil tocar mal, mas tocar bem é muito diferente. Um grande analista é conhecido não apenas pelo seu conhecimento técnico da matéria, mas também controle de risco e uma formação ampla e atualizada, inclusive de matérias fundamentalistas, micro e macroeconômicas.
Os analistas técnicos são também conhecidos como traders. Esses profissionais tentam chegar próximo do timing, ou do momento apropriado, para entrar e sair das operações, além de terem o planejamento adequado da operação com o devido controle de risco e das emoções, requisitos essenciais para um bom trader.
Todo trader profissional sabe que o trabalho a ser percorrido não é fácil e muitas vezes as emoções atrapalham, principalmente quando o sucesso inicial gera excesso de confiança e arrogância. A frase célebre do pai da análise técnica, Charles Dow, ainda persiste: "o orgulho em uma opinião causou a queda de mais homens na bolsa de valores do que todas as opiniões juntas". É fundamental entender que a análise técnica se trata de probabilidades, e nunca de certezas absolutas.
É importante ressaltar que as técnicas mencionadas aqui podem ser utilizadas tanto por traders que operam no dia a dia e muitas vezes buscam lucros em operação mais curtas (como em minutos ou horas) como também por investidor de longo prazo. A análise técnica ajuda a encontrar os melhores momentos para comprar e vender uma ativo.

Antes de discorrermos sobre a análise técnica, precisamos entender a diferença entre análise técnica e análise fundamentalista. A análise fundamentalista utiliza modelos matemáticos que utilizam uma variedade de fatores como taxas de juros, demonstrações financeiras, balanços contábeis, risco-país, macroeconomia e microeconomia para determinar o presente e o futuro, entre outras variáveis a fim de projetar o preço-alvo de uma ação.
Se um profissional considerar apenas a análise fundamentalista, ele está desconsiderando outros traders como variáveis. Muitos desses traders estão no dia a dia fazendo os preços subirem e descerem sendo responsáveis pela maior parte do volume das operações, e a grande maioria deles despreza fatores como projeções fundamentalistas. Por isso, se diz que a análise fundamentalista cria essa diferença de realidade entre o que deveria estar e o que está efetivamente. Essa avaliação da análise fundamentalista sobre os preços futuros poderia estar correta, mas como os preços são voláteis, torna-se muito difícil manter-se na operação para realizar o objetivo final. Dessa forma, casar as duas técnicas ajuda o investidor para o melhor momento de entrar na operação, sair, voltar e atingir o objetivo final.

Para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) não há distinção entre analista gráfico e o analista fundamentalista, ambos os profissionais para exercer as suas atividades devem comprovar qualificação técnica através do Certificado Nacional de Profissionais de Investimento (CNPI) por intermédio da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) e, posteriormente, obter registro na própria CVM, para que possa exercer essa atividade. Qualquer recomendação gráfica ou fundamentalista divulgada em qualquer meio, seja digital ou impresso, devem ser elaboradas por profissionais credenciados. Por isso, normalmente aqueles que não possuem a qualificação jamais poderão recomendar a compra ou venda de qualquer ativo, ou poderá ser processado e multado pela CVM, que tem feito esse trabalho de forma atuante em blogs e canais do youtube. A profissão de analista técnico ou gráfico é realizada por profissionais sérios e que devem possuir as qualificações técnicas necessárias para atuar no mercado.

Uma situação muito comum são os investidores analisar os gráficos do mercado em geral e índices de juros para verificar o que o mercado está precificando para o futuro. Estudar as ações do mercado oferece uma visão sobre o que será publicado nos jornais de hoje e de amanhã e até mesmo de alguns meses ou anos. A explicação para isso é que as ações do mercado refletem os fundamentos conhecidos pelos investidores, sendo assim um senso comum a respeito da situação econômica do país ou de uma empresa em particular. Por isso, a leitura gráfica funciona como um atalho para a análise fundamentalista, ajudando a antecipar os acontecimentos, sejam financeiros ou políticos.

Análise técnica é como uma condicional do tipo: "Se X acontecer, então faça Y, senão faça Z". Ou seja, trata-se de uma tática de decisão, um processo contínuo de aprendizado que se olha para o passado e tenta-se estimar a maior probabilidade de algo acontecer.
Conceituando mais tecnicamente, a análise técnica é o estudo da ação do mercado, primariamente por meio de uso de gráficos, com o objetivo de prever as tendências futuras de preços. Outra definição usada é que a análise técnica trata-se de interpretar a ação do mercado para antecipar os movimentos futuros dos preços.
Por exemplo, na imagem abaixo temos uma forte barra verde (1) seguida por diversas barras laterais, encaixotadas numa figura de um quadrado. Um analista técnico pode presumir que estas barras encaixotadas seja uma correção depois de uma forte barra. Quando ocorre o rompimento com a segunda forte barra verde (2), presume-se que houve um rompimento da lateralidade anterior e este mercado tem uma grande probabilidade continuar subindo. Isso porque quando ocorre essa situação, o mercado mais vezes continua fazendo o movimento de subida do que de reversão (para baixo).

Exemplo de análise técnica
Figura 1 - Exemplo de análise técnica

Análise técnica possui algumas suposições básicas: as pessoas agem e reagem de maneira previsível, investidores são racionais e emocionais ao mesmo tempo, pessoas imperfeitas (não modelos perfeitos) são quem realmente determinam o valor das ações, mercados são eficientes expressões primárias de valor público.
Além disso, a análise técnica tem alguns pilares que a sustenta:
-A ação do mercado desconta tudo: O analista técnico acredita que o preço diz tudo. Todas as variáveis fundamentalistas, políticas, psicológicas, entre outras, estão refletidas nos preços. Por isso, eles acreditam que o preço envolve todas as variáveis.
-Os preços movem-se em tendência: Os preços são exibidos graficamente principalmente para facilitar a visualização, inclusive de tendências. As tendência são as melhores formas de obter os maiores lucros, por isso a sua identificação nas fases iniciais são mais proveitosas.
-A história se repete: Os preços também refletem variáveis psicológicas que são inatas ao ser humano. A psicologia social mostra que os padrões comportamentais dos seres humanos se modificam muito sutilmente, mas permanecem estáticos pela maior parte do tempo. Como esses padrões funcionaram no passado, considera-se que eles deverão continuar dando bons resultados no futuro.

Algumas pessoas poderiam criticar a análise técnica argumentando que se todas as pessoas conhecessem os padrões gráficos, a análise técnica se tornaria previsível e todos fariam a mesma coisa. No entanto, deve-se saber que a análise técnica é uma matéria ainda muito subjetiva, mais próxima de uma arte do que uma ciência. Os padrões gráficos raramente são tão claros a ponto que todos analistas concordem ao mesmo tempo com a sua interpretação. Além disso, quando algum investidor ou profissional de uma instituição está fazendo uma operação de compra ou venda ele está se baseando em diversos aspectos. Também devemos estar cientes que os preços são afetados pelo resultado da Lei da Oferta e da Procura, para compra alguém precisa estar disposto a vender e vice-versa. Para um investidor talvez seja melhor para os objetivos dele comprar a ação 10 reais mais barato que o valor atual e para outro 50 centavos seja suficiente.

Existem algumas teorias que tentam explicar as oscilações das ações, entre elas tem-se: a random walk, portfólios modernos, eficiência perfeita do mercado e a teoria das finanças comportamentais.

A teoria Random Walk foi criada por Maurice Kendall. Maurice defende que não se pode olhar para as movimentação passadas dos preços de uma ação para prever os movimentos futuros, pois essa oscilação acontece de forma irracional, sendo esses movimentos imprevisíveis e, portanto, aleatórios. No entanto, sua teoria foi contestada em 1988 por Andrew Lo, do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Andrew publicou um estudo do mercado no período entre 1962 e 1985 provando que o mercado não é randômico. A outra afirmação de Kendall, afirmando que o passado não pode ser usado para prever o futuro, contrasta com todas as escolas, inclusive com a fundamentalista que se baseia nos dados passados.

A teoria dos Portfólios Modernos, diferente da anterior, baseia-se nos dados passados, como os betas das ações, para realizar a alocação de ativos em uma carteira teórica considerada ideal. O beta das ações é uma métrica usada que indica o risco e o retorno de uma determinada ação, considerando o mercado financeiros como um todo. Assim, utiliza-se um cálculo em que se o beta for maior que 1 indica que a ação tem muita volatilidade e trata-se de uma ação de alto risco, se menor que 1 indica uma ação de pouca volatilidade e assim considerada defensiva e, por fim, se o beta for igual a 1 indica uma ação neutra e varia de acordo com o índice considerado no cálculo.
Essa teoria destaca também um componente fundamental na movimentação dos preços: a variável psicológica. Essa variável tende a permanecer ao longo dos tempos, pois é algo que está no comportamento dos seres humanos. Existem diversos exemplos que mostram essa variável ativa com o passar do tempo. Por exemplo, a bolha financeiros dos anos 1990, nos Estado Unidos, em que um aumento inicial dos preços levou a um aumento absurdo sem precedentes. Esse aumento de preços foi ganhando uma extensão cada vez maior sendo amplificado pela mídia, internet e pelos próprios investidores, não importando o motivo daquilo ter iniciado.
Esse comportamento de manada também é visto em outros lugares. Por exemplo, quem nunca viu uma pessoa que subitamente começou a correr, talvez porque a pessoa lembrou de algo, e mais alguém também começou a correr por outro motivo, e uma terceira pessoa também correu por outros motivo e tudo isso desencadeou uma porção de pessoas correndo. No fim das contas as pessoas sequer sabiam por que estavam correndo, apenas estavam seguindo outras pessoas que também estavam correndo e não sabiam o motivo. Isso também acontece, por exemplo, em estádio de futebol quando estão completamente lotados e as pessoas simplesmente seguem umas as outras porque a saída parece ser para aquele lado.
No mercado financeiro as coisas também não são diferentes, a diferença é que não temos pessoas correndo, mas os preços correndo em um gráfico, o que pode ser lido como investidores correndo ou telefonando para seus corretores passando ordens de compra ou venda. A direção para onde eles estão indo pode ser vista no gráfico de 5 minutos, 60 minutos, um dia, uma semana, um mês ou muito anos. A quantidade de pessoas que correu naquela direção pode ser vista com o volume negociado (quantidade de ações negociadas). O motivo pode ser vários, como uma reportagem, um escândalo, um balanço dentro do esperado ou surpreende, entre outros.

A teoria da Eficiência Perfeita do Mercado afirma que é impossível contornar as tendências do mercado, pois os preços refletem todas as informações relevantes para os resultados futuros. Ou seja, essa teoria diz que a ação será sempre transacionada ao valor justo, sendo assim impossível para os investidores comprar ações desvalorizadas ou vender ações sobrevalorizadas para conseguir lucros significativos. A teoria leva em conta que todos têm acesso às mesmas informações e os preços são ajustados imediatamente a esses novos dados.
Essa teoria tem graves problemas, pois ela parte do pressuposto de que todos os investidores agem de forma racional. Sabemos que isso não ocorre, quando temos um mercado agudo de baixa ou de alta, as pessoas agem de forma irracional, e assim os preços fogem completamente do seu valor correto. Se o mercado fosse realmente racional e eficiente, existiriam arbitradores ou investidores informados que não deixariam as ações fugir do seu valor. Um exemplo recente foi a crise do coronavírus em 2020 quando as pessoas começaram a sacar dinheiro da bolsa de valores para se proteger de algum perigo, como desemprego, e todos começaram a sacar sem saber o porquê, inclusive os grandes fundos tiveram que sacar dinheiro de forma abrupta porque seus investidores queriam seu dinheiro.
Outra situação aconteceu com a empresa IRB que os diretores fraudaram informações e isso foi descoberto por uma empresa que fazia auditoria das demonstrações financeiras da empresa. Ainda assim, algumas pessoas não acreditaram na auditora, outros acharam que o prejuízo não era tão grande. Como resultado, a empresa caiu mais de 90% em pouco tempo, quando maiores informações vieram à tona e as pessoas de forma irracional começaram a vender suas ações mesmo sem saber o que estava acontecendo.
Além disso, apesar dos investidores lerem as notícias, se informarem através de sites, conversarem com outros investidores, jamais todos terão todas as informações suficientes para chegar a mesma conclusão. Ainda que diferentes pessoas tenham todas as informações, dificilmente chegarão a mesma conclusão se vale a pena investir ou não em determinado ativo, se é a melhor hora de comprar ou vender. E mesmo que os investidores façam as suas escolhas e se comprometam com elas, poderá surgir um novo fator que os façam mudar de opinião.

Por fim, a teoria das Finanças Comportamentais afirma que a maioria das decisões econômicas seja tomada de forma racional e deliberada, no entanto, considera que se não forem levadas em conta também as decisões emocionais e automáticas, os modelos econômicos irão falhar para explicar o funcionamento dos mercados. Essa teoria é considerada a base da análise técnica.

Analisar gráficos é fundamental para o investidor, não descartando jamais as outras técnicas como a análise fundamentalista. No entanto, a análise técnica através do uso dos gráficos oferece diversas vantagens como um histórico da ação dos preços, instrumento útil para verificar se os fundamentos estão longe do preço alvo, mostra o comportamento do mercado, mostra o nível de volatilidade da ação, ajuda a implementar uma estratégia de melhor tempo para entrar na ação, e ajuda na administração de risco.

Dois termos muito utilizados no mercado financeiros é o "estar altista ou bullish" e o termo "estar baixista ou bearish". Quando o mercado está altista significa que os preços das ações está subindo, existe uma tendência de alta. O termo bullish, em inglês, vem de bull, que significa touro. O touro representa o mercado altista porque ele ataca com os chifres jogando o oponente para cima. No entanto, quando o mercado está baixista significa que os preços das ações estão caindo, existe uma tendência de baixa. O termo bearish, em inglês, vem de bear, que significa urso. O urso representa o mercado baixista porque ele ataca de cima para baixo derrubando seu adversário no chão.

Agora que explicamos os conceitos de touros e ursos, vamos falar um pouco mais sobre a tendência dos preços. A tendência é a direção para a qual o mercado está se movendo. Através da análise técnica identificamos uma tendência e tiramos proveito dela para obter lucro. Uma tendência pode ter três direções: para cima, para baixo e para o lado (também chamada de congestão de preços).
A imagem abaixo mostra uma tendência de alta, em que os preços alcançam topo mais altos e os fundos também ficam acima dos anteriores.

Exemplo de tendência de alta
Figura 2 - Exemplo de tendência de alta

A imagem abaixo mostra uma tendência de baixa, em que os preços alcançam tipos mais baixos e os fundos ficam abaixo dos precedentes.

Exemplo de tendência de baixa
Figura 3 - Exemplo de tendência de baixa

Nesses dois gráficos de tendência, tanto de alta quanto de baixa, observamos que por vezes uma suporte vira uma resistência ou uma resistência vira um suporte. Isso é chamado na análise técnica de bipolaridade. Isso acontece quando suporte e resistência alternam seus papéis: suportes antigos, quando são rompidos, tornam-se resistência e vice-versa.
Portanto, quando o mercado rompe uma resistência para cima, esse nível passa a ser suporte para uma possível correção de preços. Porém, quando um suporte é rompido para baixo, passa a se comportar como resistência em um eventual repique de preços. Afinal, os investidores aguardam, ansiosamente, uma segunda chance para iniciar, encerrar, diminuir ou aumentar uma posição comprada ou vendida. Essa inversão de papéis é o que se chama de bipolaridade de suportes e resistências.

A imagem abaixo mostra uma tendência lateral, em que os preços alcançam topos e fundos anteriores, sempre parando próximo no mesmo nível. Essa é chama de uma zona de congestão, o mercado não quer se mover nem para cima, nem para baixo, ele fica dentro de uma zona confortável para o mercado, ou seja, sem uma definição.

Exemplo de lateralidade
Figura 4 - Exemplo de lateralidade

Cada tipo de tendência tem uma forma de se operar, sendo primordial para uma analista técnico saber diferenciar cada uma delas.
Uma tendência também pode ser classificada entre primária, secundária e terciária. Elas se diferenciam pelo seu período de duração. Essas classificações serão abordadas com mais detalhes na Teoria de Dow, próximo tópico de estudos.

Quando falamos em tendências é primordial a definição dos suportes e resistências, elas definem os tipos e fundos para o analista técnico.
Os fundos são chamados de suportes, pois representam os níveis de preço abaixo do preço de mercado. Graficamente os suportes são representados graficamente por uma linha que conecta alguns fundos. A figura abaixo mostra os diferentes suportes e resistências para as diferentes tendências.

Exemplo de suportes e resistências
Figura 5 - Exemplo de suportes e resistências

Podemos observar que a tendência de baixa vai rompendo suportes, enquanto que a tendência de alta vai rompendo as resistências. Na tendência lateral os suportes e resistências são respeitados.

Essas linhas de suportes e resistências são criadas pelo mercado através da disputa entre compradores e vendedores. Os compradores querem levar os preços da ação para cima, enquanto que os vendedores não concordam e tentam levar o mercado para níveis de preços cada vez mais baixos. Isso acontece até que um deles ganha a disputa e leva o mercado adiante.
Outro fator que dá origem aos suportes e resistências é o da psicologia. Isso porque por trás dos preços existem pessoas, essas pessoas criam esses suportes e resistência porque elas têm memória. A memória coletiva dos investidores funciona como uma âncora, fazendo-os comprar ou vender em certos níveis de preço. Inclusive nas grandes crises, quando o mercado sofreu um crash, observa-se que os preços caíram até níveis considerados importantes, ou seja, fortes suportes que mantiveram os preços até aquele nível. Existem também outros suportes psicológicos que são comuns no mercado como números redondos (como uma ação negociada entre 30 e 40 reais), uma variação percentual (por exemplo, o mercado cair até no máximo 2%). Essas âncoras psicológicas estão na cabeça dos investidores e sempre possuem significância para o mercado, afetando assim os preços futuros.
Por fim, além das linhas que traçam os suportes e resistências, também existem as médias móveis que são muitas vezes usadas como suporte ou resistência. As médias móveis são o resultado da média do preço num período específico de tempo. Por exemplo, a média móvel de 20 períodos usada num gráficos de 5 minutos faz uma média dos últimos 20 preços negociados neste período. As mais usadas são a média de 10, 20 e 50 e 200 períodos. Todas as plataformas possuem suporte para inserir no gráfico automaticamente a média móvel. No exemplo abaixo a média móvel de 20 períodos atua como um suporte da tendência de alta, veja que o preço jamais ultrapassa a média móvel.

Exemplo de média móvel atuando como suporte
Figura 6 - Exemplo de média móvel atuando como suporte

Já o exemplo abaixo mostra uma média móvel de 20 períodos atuando como uma resistência na tendência de baixa. Nesse caso, os preços jamais ultrapassar a média móvel, atuando assim como uma resistência para os preços.

Exemplo de média móvel atuando como resistência
Figura 7 - Exemplo de média móvel atuando como resistência

Podemos observar que numa tendência de baixa ou alta os suportes ou resistência são rompidos com mais facilidades. Por isso, quanto maior for a duração dos níveis de suporte e resistência, quanto maior o volume em cima deles negociado, quanto mais vezes eles forem tocados sem serem rompidos e, por fim, quanto mais recendo for o nível de atividade dos preços neles, mais forte será esse suporte ou resistência.

No intuito de identificar mais facilmente uma tendência, traçamos as linhas de tendência. Essas linhas ajudam a analisarmos melhor o que o mercado está fazendo, se ele está em tendência para uma determinada direção ou está congestionado em determinados pontos.

A imagem abaixo mostra a linha número 1 conectando diversos fundos sendo que os preços seguem aumentando de valor, mostrando assim que o mercado está numa tendência de alta. Depois tivemos que retraçar uma nova linha conectando novos fundos, mas ainda mostrando uma tendência forte de alta, não tão inclinada quanto anteriormente, mas ainda assim com preços seguindo em tendência.

Exemplo de linha mostrando a tendência do mercado
Figura 8 - Exemplo de linha mostrando a tendência do mercado

A imagem abaixo mostra a linha de tendência que é usada para delimitar a ação dos preços. Novamente a linha de tendência ajuda a identificarmos que o mercado está se deslocando para baixo, com preços cada vez mais baixos.

Exemplo de linha delimitando ações do preço
Figura 9 - Exemplo de linha delimitando ações do preço

Dessa forma, a linha de tendência de alta é traçada por baixo de dois ou mais fundos ascendentes. Já a linha de tendência de baixa é traçada por cima de dois ou mais topos descendentes. As linhas não precisam ser perfeitas, mas é interessante atravessar o maior número possível de pontos, de preferência se não estiverem muito próximos indicando que estamos utilizando dois movimentos distintos de preço.
Outra situação a ser verificada na linha de tendência é que ela não esteja muito íngrime, pois essa situação indica um desenvolvimento de uma tendência muito acelerada, também chamada de climática, o que é um movimento insustentável que deverá parar a qualquer momento. A imagem abaixo mostra o exemplo de uma tendência que ficou climática. Na linha 1 o mercado já estava entrando em uma tendência forte, mas na linha 2 nota-se uma alta aceleração do movimento.

Exemplo de aceleração do preço
Figura 10 - Exemplo de aceleração do preço

Provavelmente um trader que não pegou o movimento no início não entra na operação, pois a qualquer momento o mercado interrompe imediatamente com a aceleração e corrige para níveis mais baixos.

Notamos que as linhas de tendência por vezes precisam ser retraçadas uma ou mais vezes para ajustá-la à ação dos preços.

Existe uma variação das linhas de tendência que são as linhas de canal. Os canais são usados quando os preços oscilam entre duas linhas de tendência paralelas. Elas são muito utilizadas para auxiliar o investidor nas entradas e realização de lucros. Segue abaixo um exemplo de canal:

Exemplo de canal
Figura 11 - Exemplo de canal

Podemos notar que dentro de um canal os preços respeitam a linha de suporte e resistência. Os traders operam canais realizando lucros na resistência e vendendo, quando o preço atinge o suporte eles realizam lucros das vendas e abrem operações de compra. Isso é feito até que o canal é rompido e uma nova tendência recomeça. Quando isso acontece, os traders param de operar como um canal.

Rompimentos de linha de tendência ou canal indicam que o mercado está indo para outra direção, seja revertendo a tendência (pois os preços ficaram muito fora da realidade) ou corrigindo um pouco os preços atuais (possivelmente para depois voltar a subir).

Outra situação muito comum nas tendências são os chamados Gaps (espaços). Não significa que os gaps ocorram apenas em dias de tendência, mas são muito comuns nesses dias. A imagem abaixo mostra exemplos de Gaps, muito comuns nos gráficos diários:

Exemplo de gaps
Figura 12 - Exemplo de gaps

Nesse gráfico diário da Vale verificamos alguns gaps. Esses gaps se deram muito em função da oscilação do preço do minério de ferro nesses dias, que tiveram muitas oscilação. Assim, os investidores abriram ordens já no leilão para adequar os preços conforme a oscilação do minério de ferro até a abertura do mercado. As ações que sofrem influência de índices externos costumam oscilar conforme a variação desses índices. Isso acontece pois esses índices ditam o preço das suas vendas. Por exemplo, a Vale é influenciada pelo preço do minério de ferro, cotado nos índices futuros de Cingapura e de Dalian. A Petrobrás, por sua vez, sofre influência do índice Brent que determina os preços do petróleo para o dia.

Os gaps de forma geral indicam áreas de negociação onde não ocorreu nenhuma negociação. Ou seja, os investidores não acharam atrativo aquele nível de preço naquele dado momento. Normalmente os gaps ocorrem entre o fechamento do mercado e a abertura do pregão seguinte, por isso podemos visualizar mais facilmente os gaps nos gráficos diários.
Entre os fatores que podem ocasionar os gaps estão: divulgação de resultados após o fechamento do mercado, alteração de preço referente a algum índice ou algum fato relevante. Através dessas informações, os investidores podem já entrar no leilão, antes da abertura oficial do mercado, e pressionar ordens de compra ou venda, fazendo o preço de abertura se deslocar para cima ou para baixo do preço fechado do dia anterior, ocasionando assim um gap.

Conforme enfatizamos os gaps aparecem com mais frequência nos gráficos diários, e assim sendo, são mais raros nos gráficos semanais e mensais. Quando os gaps ocorrem nos gráficos semanais ou mensais, geralmente estão entre o fechamento de sexta-feira e a abertura de segunda-feira para os semanais, e entre o fechamento do último dia do mês e a abertura do primeiro dia do mês seguinte para os mensais.

Os gaps ainda se subdividem em três categorias básicas: gap de rompimento, de fuga e de exaustão.

O gap de rompimento ocorre quando o gap rompe um topo anterior ou um fundo anterior, isso acontece quando os investidores estão com muita força para o lado, a tendência é que a tendência prossiga após esse rompimento. A figura abaixo mostra um gap de rompimento, em que os investidores quebraram o fundo de um padrão lateral e prosseguiram no movimento de queda da ação:

Exemplo de gap de rompimento
Figura 13 - Exemplo de gap de rompimento

O gap de fuga é caracterizado por ocorrer na metade de um movimento a ser percorrido pelo mercado. A figura abaixo mostra que o mercado estava em uma tendência de alta, quando no meio da tendência houve um gap em direção a tendência. Nesse caso, uma das técnicas utilizadas é projetar o movimento inicial até o gap (dado pela linha 1 no gráfico) e projetar esse movimento aproximado para cima (linha 2) para dar uma ideia em qual região de preços o mercado pode fazer uma pausa ou até reverter.

Exemplo de projeção de movimento
Figura 14 - Exemplo de projeção de movimento

Normalmente esses gaps representam aqueles operadores que não conseguiram entrar no movimento inicial de uma tendência e, enquanto esperavam por uma retração dos preços, mudaram de ideia no meio do caminho.

Por fim, o gap de exaustão aparece nos movimentos finais do mercado, seja próximo ao fim de uma tendência de alta ou de baixa. A imagem abaixo mostra o gap de exaustão, ocorrendo no final de uma tendência prolongada de alta. Após o gap, o mercado subiu até uma região e reverteu completamente a tendência.

Exemplo de exaustão
Figura 15 - Exemplo de exaustão

O gap de exaustão normalmente representa um último suspiro antes do mercado reverter. Assim, esses gaps são rapidamente preenchidos quando os preços revertem a tendência.

Concluindo o assunto de gaps, é preciso saber que existem muitos mitos sobre eles. Algumas pessoas afirmam que os gaps são sempre fechados, ou que os gaps são área de suporte ou resistência em que os preços quando se aproximam de um gap tende a fechá-lo por ser uma área importante de suporte ou resistência. Não é verdade, gaps nem sempre são fechados e não são área de suporte ou resistência, são faixas de preços que não houve negociações, por isso não são lembrados pelos investidores. Dessa forma, todo cuidado é pouco com essas informações, o melhor é sempre analisar a tendência em vigor (baixa, alta ou lateral) e qual a pode ser a influência do gap nesse contexto.

Na próxima sessão veremos uma importante teoria da análise técnica, trata-se da Teoria de Dow. A Teoria de Dow é a base de todo o estudo da análise técnica, ela explica a base das variações de preços.

Charles Dow através da utilização de médias em gráficos de preços encontrou uma forma bastante eficiente para seguir as oscilações de preços e interpretar os movimentos do mercado. Os princípios básicos da sua teoria eram amplamente divulgados nos editoriais que escrevia para o The Wall Street Jornal. Charles Dow também fundou o Dow Jones Financial News Service onde também divulgava sua teoria. No entanto, Dow nunca chegou a escrever um livro sobre a sua teoria. Somente após a sua morte em 1902 é que seu sucessor como editor no The Wall Street Journal, William Hamilton, continuou - ao longo de 27 anos em que foi colunista do mercado de ações norte-americano - a desenvolver os princípios da Teoria de Dow. Hamilton então completou, organizou e formulou os princípios básicos dessa teoria.

Como uma forma de medir os movimentos do mercado, Charles Dow construiu dois índices: a Média Industrial e a Média Ferroviária. Ambos os índices eram compostos pelas principais empresas americanas, também chamadas de blue chips, cada uma delas dentro de um desses dois setores: industrial ou ferroviário. Assim, Hamilton afirmava que essas duas médias mostravam os movimentos gerais dos preços, era assim uma forma de determinar a tendência principal, ou de longo prazo, do mercado norte-americano. Após o início desse movimento de longo prazo, presume-se que ele poderia durar até que as médias dessem sinais de uma reversão do movimento.
Por exemplo, se todas as empresas estivessem com seus preços subindo, mostrando uma força compradora do mercado, esse índice composto pela média dessas empresas também mostraria, de forma geral, que as empresas que compunham o índice estavam em um movimento de alta, mostrando força do mercado como um todo. Esses índices foram extremamente importante para sabermos como o mercado como um todo estava se movendo.
Atualmente o número de empresas que compõem a Média Industrial saltou de 12 (na época de Dow) para 30, e a Média Ferroviária foi substituída pela Média de Transportes, que agregou também as empresas rodoviárias, aérea e de logística.
O mercado brasileiro também possui o seu índice, é o Ibovespa (ou IBOV), que compõe uma cesta de empresas com o objetivo de ser um termômetro geral da nossa economia, exatamente como o índice criado por Dow. O Ibovespa redefine a sua cesta de empresas a cada 4 meses e tem alguns critérios para sua composição. Entre os seus critérios a empresa deve ter boa liquidez, volume financeiro diário de negociação e a participação do ativo nos últimos pregões. Ao longo do tempo a Bovespa vai ajustando os seus critérios e tornando mais dura a entrada de empresas no índice. Uma das últimas mudanças foi definir a participação máxima de 20% de uma empresa no índice. Isso acontece porque algumas empresas tem um peso maior para o índice como Petrobrás e Vale, por isso quando essas empresas vão mal, elas influenciam de maneira muito negativa o mercado geral de ações, do contrário elas puxam o mercado para cima. Diminuindo cada vez mais o peso dessas empresas no índice, é um indicativo que temos cada vez menos dependência dessas grandes empresas para a nossa economia, dividindo mais a fatia com outras grandes empresas que também impactam o nosso mercado. Entre as ações que fazem parte do Ibovespa temos o ítaú, Petrobrás, Vale, Bradesco, Ambev, Wege, Banco do Brasil, JBS, entre outros.
Hoje o índice Ibovespa está em cerca de 130 mil pontos, ou seja, se multiplicarmos o peso que a ação tem na carteira teórica e o valor de sua cotação no dia, encontraremos a contribuição daquele ativos, em pontos, para a formação do índice. Ao realizar essa operação com todas as ações da carteira, encontraremos o número de pontos do Ibovespa. Vale ressaltar que as cotações das ações são acompanhadas a todo momento e o cálculo é feito automaticamente a partir dos novos valores. Por isso, o Ibovespa oscila o tempo todo durante o funcionamento do mercado.
Mas ao contrário que muitos pensam, não existe apenas um índice na bolsa de valores. Muitos índices foram criados para entender como uma determinada cesta de ações está se comportando. Por exemplo, existe o índice de consumo que possui ações do setor de consumo, índice de materiais básico que possui ações de empresas ligadas ao setor de commodities (como vale, petrobrás, JBS, SLCE Agrícola, Gerdau, etc), índice de dividendos que possui ações das melhores empresas pagadoras de dividendos, índice financeiros que possui ações de bancos, entre outros. Todos esses índices tem como objetivo medir como está o desempenho de um setor.

Para estudar a Teoria de Dow primeiro precisaremos conhecer os seus princípios, são eles: o mercado tem três tendências, o volume deve acompanhar a tendência, tendências primárias de alta têm três fases, tendências primárias de baixa têm três fases, as médias descontam tudo, as duas médias devem-se confirmar, o mercado pode-se desenvolver em linha, as médias devem ser calculadas com preços de fechamento, a tendência está valendo até que haja sinais de reversão.

O primeiro princípio (o mercado tem três tendências) se refere às tendências que podem existir no mercado, são elas: tendência primária, tendência secundária e tendência terciária.
A tendência primária é caracterizada por uma longa duração, normalmente ela dura mais de um ano. Os preços se comportam de forma extensiva, para cima ou para baixo, podendo variar em mais de 20%. Uma tendência de alta primária tem como característica topos e fundos ascendentes, já uma tendência de baixa primário os topos e fundos são descendentes, como característica de uma tendência curta.
A tendência secundária é caracterizada por importantes variações que interrompem temporariamente a tendência primária de preços, mas não chega a alterar a tendência primária (que é a trajetória principal). Essa tendência dura entre três semanas e três meses. Ela chega a corrigir entre um e dois terços do movimento de preços da tendência primária.
A tendência terciária é caracterizada por pequenas oscilações dos preços ou uma pausa, seja na direção da tendência primária ou contra. Sua duração é curta, normalmente menor que três semanas. O detalhe dessa tendência é que ela é a única que pode ser interferida por grupos de forte poder financeiro.
Uma explicação simples e muito intuitiva que Dow utiliza para explicar as três tendências é compará-las com as marés (tendência principal), as ondas (tendência secundária) e as marolas (tendência terciária). Veja que as ondas não são suficientes para mudar o sentido da maré, assim como as marolas também não são capazes de mudar uma onda. Tais mudanças somente são possíveis devido fatores maiores, como as ordens naturais (fases da lua ou alterações nas correntes de ar).

O segundo princípio (o volume deve acompanhar a tendência) se refere à quantidade de ações negociadas, que devem acompanhar a variação dos preços. Quando ocorre uma variação nos preços (alta ou baixa), o volume de ações negociadas deve expandir na direção do movimento principal e contrair na direção do movimento de correção.
Um exemplo é uma tendência de alta, em que o volume negociado deve aumentar quando os preços sobem e contrair quando vai na direção oposta. O mesmo ocorre numa tendência de baixa, em que o volume aumenta quando os preços caem e recuam quando o preço sobe. A imagem abaixo mostra uma tendência e o aumento e retração de volume conforme a tendência se desenvolve:

Exemplo de aumento do volume durante uma tendência
Figura 16 - Exemplo de aumento do volume durante uma tendência

Veja pelas setas que sempre que o mercado precisou retomar a sua tendência o volume aumentou. Isso é explicado pela Lei da Oferta e da Procura. Ou seja, os preços tendem a subir quando a procura aumenta e tende a cair quando a oferta amplia. Quando os preços se estabilizam por um tempo, é sinal que tanto a oferta quanto a demanda por essas ações estão equilibradas. Mesmo que o volume seja importante para confirmar os preços, os sinais conclusivos sobre a direção do mercado sempre são dados pelos preços.

O terceiro princípio (tendências primárias de alta têm três fases) se refere às três fases relacionadas à tendência primária de alta. São elas: acumulação, subida sensível e estouro.
A fase de acumulação é caracterizada por um grupo de investidores comprando ações. Esse grupo é bem informado e considera que o mercado está com preços baixos em relação ao valor justo, ou ainda considera que a economia como um todo deverá apresentar uma melhora no médio prazo. Por isso, eles começam a comprar, acumulando ações, e fazendo assim com que os preços se estabilizem por um período de tempo. Nessa fase, é comum que as notícias boas ainda não tenham chegado ao grande público e todos estão desanimados com a situação atual.
A fase de subida sensível é caracterizada por ua estabilizada nos preços das ações e uma melhora nos resultados. No entanto, as pessoas ainda não estão totalmente convencidas de que a melhora é definitiva. Apenas investidores mais sensíveis e atentos estão comprando, fazendo o volume de negócio aumentar gradativamente nas subidas de preços.
A fase de estouro é caracterizada pelo período em que a grande maioria dos investidores se convencem que realmente a situação é favorável e com isso os preços das ações sobem dramaticamente com o volume, acompanhando o ritmo de alta. Essa fase é onde se escuta muitos boatos sobre receitas crescentes, fusões, entre outras notícias positivas.
Segue abaixo um exemplo das três fases:

Exemplo das três fases do mercado
Figura 17 - Exemplo das três fases do mercado

O quarto princípio (tendências primárias de baixa têm três fases) se refere às três fases de uma tendência primária de baixa, são elas: distribuição, pânico, baixa lenta.
A fase de distribuição é caracterizada por iniciar no fim da fase de estouro dentro de um mercado de alta. Nessa fase os investidores estão iniciando as suas operações na ponta de venda. Ainda existe um alto volume de negócios e aparentemente o mercado ainda tem mais para subir, apesar de diminuir a elevação anterior dos preços.
A fase de pânico é caracterizada pela escassez dos compradores, já os vendedores, pressentindo algo errado, passam a ter pressa para desfazer suas ações, vendendo-as a preço de mercado e fazendo com que as quedas de preços sejam acentuadas. O volume negociado atinge proporções muito altas, o que reflete o medo dos investidores.
A fase de baixa lenta é caracterizada quando os preços atingem um patamar muito baixo, desencorajando novas vendas. O volume negociado despenca, atingindo um nível bastante baixo.
Segue abaixo um exemplo:

Exemplo da fase de baixa lenta
Figura 18 - Exemplo da fase de baixa lenta

O quinto princípio (as médias descontam tudo) se refere aos preços retratarem as atividades dos milhares de investidores, tanto do público em geral quanto dos mais bem informados institucionais. Assim, todas as opiniões juntas refletem o "valor justo" do mercado como um todo (refletido pelo valor das médias), bem como de uma empresa específica (por meio do valor da sua ação). Portanto, o resultado de todas as interações entre os diversos investidores pode ser observado nas médias, indicando assim o comportamento dessa massa.
A única exceção ocorre devido aos fatores externos ao mercado, que ocorre de forma abrupta, sem qualquer aviso prévio, e dificilmente pode ser previsto com um grau de confiança relevante. Exemplo desses fatores foi o ataque às torres gêmeas do World Trade Center em 2001, pandemia do coronavírus em 2020, entre outros. Ainda assim, os investidores rapidamente descontaram esse evento nos preços das ações e, consequentemente, nas médias.

O sexto princípio (as duas médias devem-se confirmar) se refere às duas médias da época de Dow - Índice Industrial e Índice de Transportes - andarem na mesma direção. É o princípio mais questionável da Teoria de Dow, mas ela mostrou a sua validade no decorrer do tempo. Dow definiu que as duas médias (industrial e de transportes) deveriam andar na mesma direção. A falha de uma média em confirmar a direção da outra deve ser encarada como um alerta para que o investidor fique atento a uma possível mudança na tendência principal. John Murphy, colaborando para a tese, mais tarde afirmou que "A média industrial faz os bens, e a de transporte, a entrega, por isso funcionam bem juntas".

O sétimo princípio (o mercado pode-se desenvolver em linha) se refere à presença de um movimento lateral que ocorre frequentemente. Normalmente, após o movimento lateral, o mercado volta para a direção da tendência primária. Esse movimento lateral pode durar entre poucas semana até alguns meses.
Segue abaixo um exemplo desse movimento ocorrendo em uma tendência de alta:

Exemplo da movimento lateral dentro de uma tendência
Figura 19 - Exemplo da movimento lateral dentro de uma tendência

Nota-se que podem ocorrer movimento de acumulação e distribuição entre as lateralidades.

O oitavo princípio (as médias devem ser calculadas com preços de fechamento) se refere a uma maior enfatização da utilização dos preços de fechamento. Isso porque estes preços representam o consenso dos investidores acerca da tendência desenrolada durante todo o dia de negociação. Por isso, a máxima, a mínima e o preço de abertura no pregão não tem utilidade para Teoria de Dow. Não podemos confundir com outras teorias que levam bastante em consideração essas faixas dos preços, diferente da Teoria de Dow.

O nono princípio (a tendência está valendo até que haja sinais de reversão) se refere a um alerta para que o investidor não arrisque tudo na reversão de uma tendência antes que ela tenha sido efetivamente confirmada pela ação do mercado. Assim, deveria haver uma confirmação de que efetivamente o mercado está revertendo, ao invés de se antecipar aos movimentos. Essa é uma teoria que suscita algumas críticas, pois alguns traders afirmam que muita vezes quando o sinal ocorre já é tardio para entrar. No entanto, por outro lado, é uma confirmação que o movimento pode continuar.
No exemplo abaixo, a vela verde rompeu o topo da linha 1, essa vela verde foi uma confirmação de rompimento e de possível alta. Após isso, o mercado continuou seu movimento até a linha 2 quando ocorreram duas velas vermelhas. Essas velas poderiam ser uma correção para alguns traders ou uma reversão para outros. Segundo a Teoria de Dow, essa reversão somente ocorreria se as velas fossem até o suporte e rompesse o suporte para baixo. Portanto, mesmo que ocorreram essas duas velas vermelhas, a Teoria de Dow afirma que não houve uma confirmação de reversão. Já a vela verde que rompeu a linha 2 foi uma confirmação que o mercado continuaria a subir. No entanto, alguns traders afirmariam que se esperasse o fechamento dessa vela perderia todo o movimento.

Exemplo de confirmação do movimento principal
Figura 20 - Exemplo de confirmação do movimento principal

A Teoria de Dow, com seus princípios, incorporou conceitos muito valiosos ao mercado. No entanto, ela não é perfeita, mas foi muito importante também para formar a base de outras teorias da análise técnica. Entre as críticas à Teoria de Dow temos: ela é considerada muito tardia visto que o investidor precisa da confirmação dos movimentos, a teoria não antecipa a possibilidade de um movimento secundário se tornar um movimento primário, além de não ajudar o investidor a tirar proveito das tendências secundárias.

Agora que finalizamos a Teoria de Dow, veremos como se dá a construção dos gráficos e quais são os tipos de gráficos utilizados na análise técnica.

Os analistas técnicos utilizam gráficos para fazer as suas análises, é como se fosse a partitura musical de um músico. Através do gráfico o analista técnico consegue visualizar e antecipar movimentos do mercado. Atualmente existem diversos tipos de gráficos que podem ser utilizados para fazer as análises dos preços. Entre eles temos o gráfico de linha, gráfico de barra, gráfico de ponto e figura, gráfico de velas (ou candlesticks), gráfico de renko.
Alguns analistas mesclam diferentes gráficos para tomar suas decisões, outros preferem utilizar apenas um deles, o mais comum é o gráfico de velas ou candlesticks por ser considerado mais intuitivo.

O gráfico de velas ou candlesticks é o mais antigo da análise gráfica, mas também é o mais utilizado até hoje. Este gráfico já era utilizado desde o século XVII pelos japoneses na Bolsa de Arroz de Osaka e Dojima. Nessa época, os japoneses já utilizavam a análise técnica para realizar transações. Os japoneses utilizavam mais a análise técnica como uma forma visualização da informações no nível de preços, hoje a análise técnica expandiu mais as suas fronteiras, mas a premissa ainda continua a mesma.
O grande centro comercial do Japão estabeleceu-se em Osaka, uma cidade portuária, o que favorecia o comércio, em uma época na qual as viagens por terra eram demoradas e perigosas. A base da economia era o arroz, sendo esse produto a moeda nacional. Alguns mercadores de arroz se tornaram extremamente ricos nessa época. Um deles era Yodoya Keian, conhecido por uma incrível capacidade de transportar e distribuir arroz. Seu poder cresceu tanto que o primeiro local de comércio de arroz (a primeira Bolsa) foi formado em seu jardim.
Nessa época Japão era extremamente segmentado em classes, e o governo militar preocupado com a riqueza e poder dos mercadores, com isso os bens de Yodoya foram confiscados pelo governo devido seu estilo de vida acima de sua condição social. Apesar disso, o início da Bolsa japonesa de comércio de arroz estava lançado e o mercado que existia nos jardins de YOdoya foi, mais tarde, oficializado como Bolsa de Arroz Dojima (Dojima Rice Exchange).
O comércio de arroz representava a grande riqueza de Osaka, onde fazendeiros de todo Japão podiam mandar sacas desse produto para lá, pois elas poderiam ser mantida nos armazéns da cidade, e em troca recebiam um cupom representativo do valor, o qual poderia ser vendido a qualquer momento. Começava assim a formação dos primeiros mercados de futuros do mundo.
Na Bolsa de Dojima já operavam cerca de 1.300 traders de arroz, e nesse período havia uma família muito rica de fazendeiros, chamada Homma. A base de negociação da família era a cidade de Sakata, uma área onde o comércio de arroz também era muito forte. Porém, por volta de 1750, o patriaca da família Homma morreu, e o controle dos negócios passou para Munehisa Homma. Um primeiro ponto que deixou claro que Munehisa tinha capacidades superiores era de que ele se tratava do filho mais novo, e havia nessa época uma forte tradição hierárquica japonesa, em que o posto deveria ser assumido pelo filho mais velho.
Munehisa desenvolveu teorias e passou a guardar informações detalhadas (registros históricos) sobre condições de clima, preços do arroz e negociações realizadas. Para compreender a psicologia dos investidores, ele analisou os movimentos de preços do arroz de acordo com os seus registros.
Em pouco tempo, Munehisa já dominava a Bolsa Dojima, acumulando uma fortuna gigantesca. Suas técnicas eram tão precisas que ele não via mais a necessidade de estar em Osaka. Ele também desenvolveu um sistema de troca de informações no qual homens eram posicionados sobre telhados de casas no caminho entre Sakata e Osaka e, por meio de bandeiras, comunicavam as instruções de compra e venda geradas por Munehisa.
Existem histórias da época que contam uma das façanhas de Munehisa foi conseguir 100 trades vitoriosos consecutivamente. Devido o enorme conhecimento de Munehisa, o governo o contratou como consultor financeiro e concedeu a ele o título de Samurai.
Devido as suas teorias surgiram as técnicas de candlesticks que hoje são utilizadas por praticamente todos analistas do mercado financeiro. Por isso, muito do conhecimento dessa área se deve ao lendário comerciante de arroz Munehisa Homma.

Para cada uma das velas temos quatro informações básicas: preço de abertura, preço máximo, preço mínimo, preço de fechamento. Veja que em apenas um gráfico é possível visualizar diversas informações. A imagem abaixo mostra essas informações em diferentes velas:

Exemplo de vela candlestick
Figura 21 - Exemplo de vela candlestick

As cores de velas mais utilizadas no mercado financeiro é a vermelha ou preta para um preço abaixo da abertura, e verde ou branca para um preço que fechou acima da sua abertura. Velas vermelhas ou pretas mostram pressão vendedora, velas verdes ou brancas mostram pressão compradora.
Veja que a área entre a abertura do preço e o preço de fechamento forma um corpo, ou uma vela. Se no final do tempo da negociação de uma vela, o valor do fechamento for maior que da abertura, o corpo será verde. Caso esse corpo seja tão pequeno que praticamente não tenha corpo, ele é dito como um corpo vazio. Se o fechamento for menor que a abertura, esse corpo será vermelho. Os preços máximos e mínimo são chamadas de sombra ou pavio quanto fica uma espécie de um fio em cima ou abaixo da vela.
Portanto, se um preço abriu aos 3 reais e fechou aos 6 reais, temos uma vela com corpo verde, pois ele foi positivo (subida do preço). Se o preço abriu a vela aos 3 reais e caiu para 1 real, temos uma vela com corpo vermelho, pois ele foi negativo (queda do preço).

Na imagem abaixo vemos um resumo das informações básicas das velas:

Informações básicas das velas
Figura 22 - Informações básicas das velas

No lado direito temos as informações sobre as velas, como seu preço máximo, mínimo, abertura e fechamento. No lado esquerdo temos as informações mais genéricas da vela, como os pavios que são as sombras e o corpo da vela.

O GRÁFICO DE CANDLESTICK é muito atraente visualmente e muito fácil de interpretar, após ler alguns gráficos qualquer analista já se sente confortável em interpretar os gráficos. Cada candlestick mostra claramente os movimentos dos preços, isso torna fácil para um trader comparar imediatamente a relação entre abertura e fechamento, além da máxima e mínima de cada vela.

Além das informações básica que tiramos de uma vela, como seus preços de abertura e fechamento, existe ainda mais informações ao analisar uma vela. Quando temos um corpo comprido, tem-se que mais intensa é a pressão compradora ou vendedora. Por outro lado, um corpo curto indica um movimento reduzido e representam uma consolidação ou indecisão. Quanto maior o corpo da vela, maior a pressão, e mais distante o preço de fechamento está do preço de abertura. Dessa forma, temos o indicativo que os compradores ou vendedores foram bastante agressivos. Evidentemente que o analista deve também analisar o contexto em geral, tirar conclusões apenas em uma vela não mostra o cenário completo, mas mostra um indicativo.
Outra situação que pode ocorrer em uma vela é o clímax. O clímax se refere a uma vela comprida, seja verde ou vermelha. Após essa vela, pode estar ocorrendo duas situações: um ponto de rompimento ou um clímax. Um clímax ocorre geralmente num movimento que já é prolongado e marca um ponto de reversão, ou seja, o mercado mudará de direção. Se a vela comprida for um rompimento, ocorrerão novos movimentos em direção ao ponto de rompimento.

Segue abaixo um exemplo de clímax:

Exemplo de clímax
Figura 23 - Exemplo de clímax

Veja que já havia um movimento de baixa, até que uma vela bastante comprida marca o que é chamado de clímax, ela tem quase 400 pontos enquanto que as outras tinha em média a metade do seu tamanho. Ou seja, é um último movimento de baixa, em que o mercado mostra pressa de atingir rapidamente o movimento projetado. Após isso, o mercado começa uma reversão, pois os vendedores já atingiram o preço esperado e agora se retiram do mercado até que os preços atinjam novamente um preço de interesse.
A vela normalmente tem um corpo comprido, mas não necessariamente. Neste exemplo, os vendedores conseguiram levar os preços a níveis baixos, mas não conseguiram sustentar o corpo até o fechamento, se retirando imediatamente após alcançar o movimento final.

Segue abaixo um exemplo de rompimento:

Exemplo de rompimento
Figura 24 - Exemplo de rompimento

Nesse caso também temos uma vela comprida, no entanto, ela marca um rompimento. Inicialmente havia uma pequena consolidação, até que surge uma vela forte de alta que rompe essa pequena congestão. Ou seja, o mercado joga para cima os níveis de preço, marcando uma urgência em atingir preços cada vez maiores.

Outra informação muito importante são as sombras. A direção na qual as sombras aparecem indica que o movimento está sendo freado ou combatido pela ponta contrária. Ela mostra indecisão dos investidores, pois em determinado momento houve a vitória de um lado, para depois ocorrer uma resposta do outro lado.

O GRÁFICO DE LINHA mostra apenas o preço de fechamento para cada negociação. Muitos analistas, inclusive aqueles que seguem a Teoria de Dow, acreditam que o preço de fechamento seja a informação mais importante na análise, pois esse preço representa o consenso dos investidores.

Segue abaixo um exemplo de um gráfico em candlestick e outro de um gráfico de linha:

Exemplo de gráfico candlestick e linha
Figura 25 - Exemplo de gráfico candlestick e linha

O GRÁFICO DE BARRAS é bastante utilizado na análise técnica. Assim como o gráfico de candlesticks, o gráfico de barras mostra através de uma barra vertical os preços de abertura, máxima, mínima e fechamento. O traço à esquerda da barra vertical mostra o preço de abertura, e o traço da direito mostra o preço de fechamento. Os extremos da barra mostram os preços máximos e mínimos atingidos.

Segue abaixo um exemplo de um gráfico em candlestick e outro de um gráfico de barras:

Exemplo de gráfico candlestick e barras
Figura 26 - Exemplo de gráfico candlestick e barras

Segue abaixo um resumo do gráfico de barras:

Exemplo de gráfico de barras
Figura 27 - Exemplo de gráfico de barras

O GRAFO DE PONTO E FIGURA era muito utilizado por operadores de pregão. Diferente dos outros gráficos estudados até aqui, este é um gráfico atemporal, ou seja, os padrões gráficos se formam independente do tempo tornando-o uma forma mais comprimida de se plotar a movimentação dos preços. Assim, cada quadro (ou box) em um gráfico representa uma variação do preço, essa variação pode ser diferente para ações ou para índices.
Dessa forma, as colunas representadas por "X" mostram preços em alta, ao passo que as colunas representadas por "O" mostram preços em baixa. O gráfico considera apenas as cotações de máxima e mínima dos preços.

Segue abaixo um exemplo de um gráfico de ponto e figura:

Exemplo de gráfico ponto e figura
Figura 28 - Exemplo de gráfico ponto e figura

Veja que jamais se marca com X uma coluna de baixa, tampouco uma coluna de alta com O. As colunas se alternam, uma coluna de X (alta nos preços) e depois uma coluna de O (baixa nos preços). Assim, não existem duas colunas de X ou de O subsequentes, sempre haverá alternância de colunas X e O. Por isso, ele é um gráfico atemporal, visualizamos o mercado focando unicamente na variações de preços de um ativo.
Na figura acima as caixas possuem o tamanho da variação mínima do ativo, que é de 1 centavo. Essa caixa pode ser aumentada, o que é mais interessante para uma análise de longo prazo. Portanto, marca-se um X quando o preço sobe mais que o intervalo configurado, e um O quando o preço desce mais que o intervalo configurado. Para ocorrer uma mudança de coluna (reversão), os preços devem obedecer a regras, como romper o intervalo de preços corresponde a um box, que foi utilizado no exemplo. Considerando o preço de máxima e mínima atingidos, se o movimento é inferior a uma caixa ele é ignorado. Normalmente se define um número maior de box, como três ou mais, para configurar uma reversão, isso permite tirar ruídos dos gráficos.

Vamos a um exemplo para entender melhor a construção de um gráfico ponto e figura. Suponha que tenhamos estabelecido as seguintes regras:
- Uma alta nos preços é marcada com um X.
- Uma baixa nos preços é marcada com um O.
- Uma coluna com X indicará que os preços estão subindo.
- Uma coluna com O indicará que os preços estão descendo.
- Não se marca com X uma coluna de baixa.
- Não se marca com O uma coluna de alta.
- Não existe uma coluna com menos de três boxes marcados com X ou O.
- Para a construção do gráfico, utilizamos as cotações máxima e mínima de cada dia.

Agora imagine que tenhamos a seguinte situação na variação dos preços de um ativo durante 8 dias consecutivos, começando com uma alta de 8 a 10 no gráfico inicial referente a um dia anterior:

Exemplo de construção do gráfico
Figura 29 - Exemplo de construção do gráfico

- Dia 1: Máxima do preço: 10
Mínima do preço: 9

Veja que no Dia 1 temos uma máxima igual a anterior, e uma mínima ainda acima da anterior. Nesse caso, não marcamos nada.

- Dia 2: Máxima do preço: 9
Mínima do preço: 7

No Dia 2 temos uma nova mínima e um deslocamento de 9 até 7 (3 boxes). Nesse caso, marcamos com O's as quedas. Segue o gráfico conforme abaixo:

Exemplo de construção do gráfico
Figura 30 - Exemplo de construção do gráfico

- Dia 3: Máxima do preço: 10
Mínima do preço: 6

No dia 3 temos mais uma nova mínima, marcamos mais um box com O. Segue o gráfico conforme abaixo:

Exemplo de construção do gráfico
Figura 31 - Exemplo de construção do gráfico

- Dia 4: Máxima do preço: 8
Mínima do preço: 7

No dia 4 não marcamos nada, não houve nenhuma variação.

- Dia 5: Máxima do preço: 10
Mínima do preço: 6

Veja que no dia 5 tivemos uma nova máxima e movendo 5 boxes. Assim, marcamos a nova alta conforme abaixo:

Exemplo de construção do gráfico
Figura 32 - Exemplo de construção do gráfico

- Dia 6: Máxima do preço: 11
Mínima do preço: 8

No dia 6 tivemos mais uma nova máxima, assim marcamos esse box no gráfico conforme abaixo:

Exemplo de construção do gráfico
Figura 33 - Exemplo de construção do gráfico

Podemos verificar nessa última movimentação que estamos rompendo um topo anterior, dando um sinal de compra. Nesse gráfico também é possível traçarmos canais e linhas de tendência, assim como fazemos no gráfico de canddlesticks.

O gráfico de ponto e figura atualmente é muito pouco utilizado, porém ele ainda se mostra eficiente principalmente para movimentos de longo prazo. A sua vantagem é que ele permite que o analista identifique que os preços sobem até um patamar configurando um rompimento ou então que tenha uma volta e a partir de então comece uma reversão. Como ele apenas foca na variação dos preços, esses movimentos podem ser mais claros para os analistas.

Existem outros gráficos que são menos utilizados ou falados nas bibliografias, são o gráfico de renko e o gráfico de kagi.

O GRÁFICO DE RENKO também foi desenvolvido pelos japoneses, sua característica também é voltado para o movimento dos preços, assim volume e tempo não são considerados no gráfico de renko. A origem do seu nome é da palavra japonesa renga, que significa tijolo.
Para construir o gráfico de renko devemos atentar para o tijolo anterior. Quando ultrapassamos a máxima ou mínima do tijolo anterior por um valor predefinido, coloca-se um tijolo na próxima coluna. Segue o gráfico abaixo comparando o candlestick com o gráfico de renko:

Exemplo de gráfico candlestick e renko
Figura 34 - Exemplo de gráfico candlestick e renko

Tijolos brancos são usados quando a direção dos preços é para cima, e tijolos pretos, quando a tendência é para baixo.
O gráfico de renko é bastante efetivo para identificar zonas de suporte e resistência. Sinais de compra e de venda são gerados quando a cor do tijolo muda.
O problema do gráfico de renko é quando ocorre quando temos uma zona em que a tendência não esteja bem definida, nesse caso temos muitos sinais falsos de compra e venda.

Existem ainda diversos outros gráficos como o gráfico de kagi, também criado pelos japoneses nos anos 1870, e o Three line break, que são, ambos, semelhantes ao gráfico de renko. Cada gráfico pode ajudar de alguma forma o analista a visualizar melhor cada operação, mas nada impede que o analista escolha apenas um gráfico que se adeque melhor as suas necessidades.

Nesse momento, devemos falar também dos tempos gráficos. Cada investidor tem um propósito no mercado financeiro. Alguns traders preferem fazer scalps, ou seja, pretendem pegar pequenas variações no dia (como centavos em ações) utilizando grandes lotes para obter lucros. Esse tipo de investidor, focando mais no curto prazo, prefere utilizar tempos pequenos como gráficos de 5, 10, 15 até 30 minutos. Já investidores grandes, como os fundos de pensão, focam mais em um prazo mais longo, como semanas, meses e até de 1 ano. Esses investidores de fundos possuem quantidades gigantes de dinheiro e não possuem a agilidade de investidores de curto prazo.
Dessa forma, cada tempo gráfico será mais útil para o que o investidor espera naquele momento. No exemplo abaixo temos um gráfico de 5 minutos utilizado por traders que operam no curto prazo, o mesmo gráfico exibido em 30 minutos e 1 hora.

Exemplo do mesmo gráfico em tempos distintos
Figura 35 - Exemplo do mesmo gráfico em tempos distintos

Para estes três exemplos, verificamos que ruído é muito menor quanto mais alto o tempo gráfico. No entanto, muito provavelmente um investidor de curto prazo que queira retirar rapidamente seu dinheiro do mercado não esteja disposto a esperar muito tempo para confirmar um movimento que ele considere interessante para obter lucros. Já um investidor que não pode ficar tanto tempo na tela, vai preferir um tempo gráfico maior, posicionando assim as suas ordens no gráfico e conferirá ao final do dia ou de um período maior se a operação se desenvolveu conforme seu raciocínio.

Uma situação que o investidor deve atentar é para ações que não possuem liquidez, ou seja, baixa taxa de negociação. Nesses casos, o investidor entrará vários traços vazios dependendo do tempo gráfico. Deve-se atentar muito para esse tipo de ativo, eles normalmente são arriscados de entrar e acabar sofrendo um prejuízo maior que o esperado. Isso acontece pois um grande investidor com bastante dinheiro pode entrar e jogar o gráfico para cima ou para baixo com relativa força. Por isso, é sempre aconselhável operar ações que tenham altas taxas de negociação, isso diminui muito a força de um único investidor. Um exemplo dessas ações são aquelas que compõem o índice Ibovespa, apenas ações com boa liquidez podem entrar no índice.

Por fim, vamos falar do Volume, outro dado técnico importante para o investidor. O Volume trata-se do total de contratos negociados. Esse dado é suportado por todas ferramentas gráficas disponível e se refere ao tempo que estamos operando. Segue o gráfico abaixo que ilustra essa situação:

Exemplo de volume
Figura 36 - Exemplo de volume

Como neste gráfico estamos operando o tempo de 5 minutos, significa que a cada 5 minutos um canddlestick e o seu volume correspondente são consolidados no mesmo gráfico, mostrando o volume negociado e o desfechamento da vela. Na própria formação da vela é possível visualizar o volume sendo negociado.
Um dos princípios de Dow é que o volume deve acompanhar a tendência. Assim, o gráfico de canddlestick juntamente com o volume permite visualizarmos essa situação. Por exemplo, quando o volume diminui no sentido da tendência e aumenta na direção contrária à tendência, isso é um possível alerta de que uma mudança de curso é bastante provável.

Quando falamos em volume, é preciso ter em mente que atualmente mais de 50% do volume de contratos negociados na bolsa de valores são realizados por robôs, chamados de high frequence trading (ou HFT). Os HFTs são plataformas computacionais que negociam contratos em alta frequência, eles entram e saem rapidamente do mercado procurando pequenos ganhos. Por isso, esses robôs também acabam ajudando no aumento de liquidez do mercado, pois praticamente qualquer preço é possível comprar e vender devido ao enorme volume que os HFTs fazem no mercado. Normalmente eles são utilizados por grandes fundos e bancos nacionais e estrangeiros.

Agora que analisamos a construção e tipos de gráficos, vamos analisar os padrões gráficos estudados na análise técnica.

Os Padrões Gráficos são formas gráficas que surgem em determinados momentos e, com base na quantidade de vezes que ela ocorreu no passado, ajudam o analista a decidir se este padrão pode ser operável com boa probabilidade ou não.
Vale ressaltar que os padrões gráficos não se tratam de mera decoreba. Na análise gráfica tudo precisa ser pesado, como os fundamentos do ativo e do mercado, o contexto gráfico que o padrão está ocorrendo, e no conhecimento e experiência do analista.
Thomas Bulkowsky foi o responsável por catalogar mais de 3 mil padrões no seu estudo Encyclopedia of chart patterns (Enciclopédia dos padrões gráficos), editado pela John Wiley Trading.
Em seu livro, Bulkowsky testa os padrões e cria um ranking de desempenho geral para os padrões. Segue abaixo a tabela de desempenho para alguns dos padrões de Bulkowsky, sendo que 1 é considerado o melhor:

Padrão Gráfico Ranking de Desempenho
Bandeiras 1
Ombro-Cabeça-Ombro 1
Triângulos Descendentes 2
Topos Duplos 5
Fundo Arredondado 5
Topo Arredondado 5
Triângulos Ascendentes 5
Topo Triplo 5
Fundo Duplo 7
Triângulos Simétricos 7
Xícara com Alça Invertida 8
Ombro-Cabeça-Ombro Invertido 8
Cunha Descendente 9
Cunhas Ascendentes 10

Os padrões existentes são classificados como de reversão ou continuação. Abaixo analisaremos os mais comuns e alguns descobertos mais recentemente.

Padrões de Reversão:

Os padrões de reversão marcam o fim de uma alta ou de uma baixa. Nesse momento, o mercado tem um sinal de reversão e move-se em direção ao lado oposto da tendência vigente. Veremos abaixo os principais padrões gráficos utilizados para sinalizar essa reversão do mercado:

Topo de ombro-cabeça-ombro – "OCO":

O padrão OCO forma-se após um tendência de alta e marca a reversão de uma tendência. O padrão possui três picos sucessivos, sendo o do meio (a cabeça) o maior e mais alto, e os outros dois picos (os ombros) aparentemente iguais em altura. As mínimas de cada pico são conectadas para formar um suporte ou uma linha de pescoço. Segue a imagem abaixo de um OCO após uma tendência de alta, repare o suporte traçado na altura dos ombros:

Exemplo de OCO
Figura 37 - Exemplo de OCO

Na figura acima, verificamos que após uma tendência de alta o mercado entrou numa consolidação, fazendo um OCO através de dois topos menores que o topo do meio, configurando o padrão de reversão. Após o OCO, o mercado caiu, confirmando a reversão.

Às vezes o OCO é visto com uma linha não tão reta, conforme a imagem abaixo:

Exemplo de OCO (Ombro-Cabeça-Ombro)
Figura 38 - Exemplo de OCO (Ombro-Cabeça-Ombro)

Com mais experiência os analistas conseguem ver mais vezes os padrões OCO, inclusive com linha ainda mais tortas, mas em bons contextos.
É importante ressaltar que deve existir uma tendência de alta para ocorrer o padrão OCO, caso contrário não há o que reverter. Devemos também atentar que a linha de pescoço deve ser rompida, de preferência pode ser confirmada com um volume mais forte, indicando um forte rompimento e assim uma reversão da tendência.
Algumas vezes, após o rompimento, o preço tenta retornar na linha de pescoço, mas ela se torna uma resistência e o preço volta a cair, confirmando a reversão. Esse movimento, normalmente, é uma segunda entrada para os vendedores.

Por fim, ainda podemos ter um movimento projetado para a queda do mercado, após romper a linha de pescoço. A medição se dá através da medida entre a linha de pescoço e o topo da cabeça, esse movimento então é projetado para baixo. A imagem abaixo mostra essa medição:

Exemplo de movimento projetado
Figura 39 - Exemplo de movimento projetado

Por fim, ainda podemos ter um movimento projetado para a queda do mercado, após romper a linha de pescoço. A medição se dá através da medida entre a linha de pescoço e o topo da cabeça, esse movimento então é projetado para baixo. A imagem abaixo mostra essa medição:

Ombro-Cabeça-Ombro Invertido ou "OCO" Invertido ("OCOI"):

O padrão OCOI é o oposto do OCO, pois possui muitas características semelhantes ao OCO. No entanto, ao contrário do OCO, o padrão OCOI forma-se depois de uma tendência de baixa, marcando uma reversão.
Esse padrão contém três fundos sucessivos, sendo o do meio a cabeça (mais baixo) e os outros dois fundos são os ombros (mais rasos). Idealmente, os dois ombros podem ser iguais em largura e altura, mas isso não é uma regra. Segue abaixo um exemplo do padrão:

Exemplo de OCOI (Ombro-Cabeça-Ombro-Invertido)
Figura 40 - Exemplo de OCOI (Ombro-Cabeça-Ombro-Invertido)

Veja que, assim como no padrão OCO, traçamos a resistência através de uma reta entre os ombros e o pescoço.
É importante ressaltar que deve existir uma tendência de alta para ocorrer o padrão OCO, caso contrário não há o que reverter. Devemos também atentar que a linha de pescoço deve ser rompida, de preferência pode ser confirmada com um volume mais forte, indicando um forte rompimento e assim uma reversão da tendência.
Algumas vezes, após o rompimento, o preço tenta retornar na linha de pescoço, mas ela se torna um suporte e o preço volta a subir, confirmando a reversão. Esse movimento, normalmente, é uma segunda entrada para os compradores.

Por fim, ainda podemos ter um movimento projetado para a queda do mercado, após romper a linha de pescoço. A medição se dá através da medida entre a linha de pescoço e o fundo da cabeça, esse movimento então é projetado para cima. A imagem abaixo mostra essa medição:

Exemplo de movimento projetado
Figura 41 - Exemplo de movimento projetado

O movimento projetado ajuda a projetar um preço alvo. Alguma vezes é interessante olhar o contexto e verificar se existe alguma resistência mais abaixo ou mais acima do movimento projetado. Essas resistências próximas podem ajudar a estimar um movimento ainda maior ou menor do que o movimento projetado inicialmente.

Topos/Fundos Triplo:

Esse padrão gráfico é similar ao OCO, exceto que os picos são todos da mesma altura. Segue a imagem abaixo que ilustra o padrão:

Exemplo de topo triplo
Figura 42 - Exemplo de topo triplo

Veja que nesse padrão todos os picos tocaram numa resistência, que se tornou ainda mais forte devido a quantidade de vezes que tocou a resistência e não conseguiu romper. Uma confirmação melhor do padrão é observar uma diminuição do volume no terceiro pico.
Quando ocorre o rompimento do suporte, projeta-se o movimento para baixo de acordo com a distância do suporte até a altura dos três picos, conforme mostra a imagem abaixo:

Exemplo de movimento projetado
Figura 43 - Exemplo de movimento projetado

Topo Duplo ou "M":

O topo duplo é um dos padrões de reversão mais importantes. O padrão é formado por dois pico consecutivos que são, na maioria das vezes, da mesma altura, existindo também um fundo praticamente em linha entre os dois picos. Segue abaixo uma imagem que ilustra o padrão:

Exemplo de topo duplo
Figura 44 - Exemplo de topo duplo

Veja no exemplo acima que o mercado fez um topo duplo e confirmou a reversão após romper o suporte.
O padrão se torna mais confiável se já houver uma tendência anterior de alta.
É possível marcar um movimento projeto medindo a distância do suporte até o topo dos picos. Após isso, projeta-se para baixo essa distância conforme ilustra o exemplo abaixo:

Exemplo de movimento projetado
Figura 45 - Exemplo de movimento projetado

Fundo Duplo ou "W":

Este padrão gráfico é um dos mais importantes padrõe de reversão que se forma no final de uma tendência de alta já bastante estendida.
O padrão se forma após dois fundos consecutivos, ambos possuindo praticamente a mesma altura.
A configuração da reversão é confirmada após o rompimento da resistência, que é uma linha horizontal traçada entre o ponto mais alto entre os dois fundos. Esse nível de resistência vira um suporte e pode, eventualmente, ser re-testado.
Segue abaixo um exemplo de fundo duplo:

Exemplo de fundo duplo
Figura 46 - Exemplo de fundo duplo

É possível marcar um movimento projeto medindo a distância da resistência até o fundo dos picos. Após isso, projeta-se para cima essa distância conforme ilustra o exemplo abaixo:

Exemplo de novimento projetado
Figura 47 - Exemplo de novimento projetado

Cunha Descendente:

A cunha descendente é um padrão altista que tem como característica alargar no topo e contrair quando os preços se movem para baixo. O padrão fica uma espécie de cone com inclinação para baixo. Quando essa inclinação para baixo começa a ficar mais espremida, os analista dizem que ela está perto de explodir, mas para confirmar o padrão altista é necessário esperar o rompimento da resistência. Esse padrão algumas vezes também entra no padrão de continuação, isso ocorre quando a inclinação está contra uma tendência corrente e depois explode em direção a tendência, continuando assim a tendência vigente.

Para ficar mais claro segue abaixo uma cunha descendente que é rompida na direção contrária para então iniciar o movimento de reversão:

Exemplo de cunha descendente
Figura 48 - Exemplo de cunha descendente

Os analistas costumam confirmar a reversão quando as resistência de topos anteriores do cone começam a ser rompidas, pelo menos duas já poderia ser considerada uma confirmação da reversão. Segue abaixo os topos traçados:

Exemplo de reversão da cunha
Figura 49 - Exemplo de reversão da cunha

Um analista mais cauteloso e aguardando uma confirmação melhor, provavelmente aguardaria o rompimento do terceiro topo, que é o mais alto e mais significativo que os outros dois traçados. O rompimento forte desse topo marcou uma reversão que teria grandes chances de ir ainda mais longe.

A cunha ascendente também é possível, ela é semelhante à cunha descendente, porém inclinada para cima. Nesse caso, a reversão se dá para baixo, rompendo a cunha na direção contrária ao movimento. Segue abaixo um exemplo de cunha ascendente:

Exemplo de cunha ascendente
Figura 50 - Exemplo de cunha ascendente

Abaixo marcamos alguns suportes importante que foram sendo quebrados, mostrando a confirmação e força do padrão de reversão.

Exemplo de quebras de suportes
Figura 51 - Exemplo de quebras de suportes

Em ambos os casos, o analista deve prever um movimento mínimo do topo das cunhas. Mas é preciso verificar se não há outros suportes ou resistências relevantes próximos.

Padrões de Continuação:

Os padrões de continuação marcam a continuação de uma tendência de uma alta ou de uma baixa. Nesse momento, o mercado tem um sinal de continuação e move-se em direção ao lado da tendência vigente.
Esses padrões ocorrem como uma forma de correção do mercado, um suspiro ou pausa, para então retomar o movimento de continuação. Essas interrupções momentâneas assumem diferentes formas, geralmente denominadas área de congestão.
Veremos abaixo os principais padrões gráficos utilizados para sinalizar essa congestão e depois a continuação do movimento mercado:

Triângulos:

Os triângulos são áreas de congestão onde os limites superiores e inferiores convergem para a direita. Para traçar o triângulos são necessários quatro pontos, sendo dois pontos de fundo e dois pontos de topo. São os padrões gráficos mais comuns encontrados no mercado. Os triângulos podem ser divididos em três, são eles: simétrico, ascendente ou descendente.

Triângulo Simétrico:

Abaixo visualizamos um exemplo de um triângulo simétrico:

Exemplo de triângulo simétrico
Figura 52 - Exemplo de triângulo simétrico

Como todos os padrões é preciso o rompimento para confirmar a continuidade da tendência.

Triângulo Ascendente:

A diferença para o triângulo simétrico é que o triângulo ascendente tem um viés altista antes mesmo do rompimento, enquanto o simétrico não tem nenhum viés na sua formação, ou seja, o simétrico não define um movimento.
O triângulo ascendente possui uma linha horizontal que representa uma barreira que impede o ativo de passar desse nível, mas os fundos estão cada vez mais altos indicando uma forte pressão compradora, dando um viés altista para o padrão.

Exemplo de triângulo ascendente
Figura 53 - Exemplo de triângulo ascendente

Triângulo Descendente:

Diferente do triângulo simétrico, o triângulo descendente tem um viés baixista definido antes de um rompimento. A linha horizontal inferior representa um suporte que impede o ativo de passar deste nível, porém os topos estão cada vez mais baixos indicando forte pressão vendedora, dando um viés baixista para o padrão.

Exemplo de triângulo descendente
Figura 54 - Exemplo de triângulo descendente

Todos os triângulos tem um movimento projetado medindo o ponto mais largo. Segue abaixo o movimento projetado para os triângulos acima:

Exemplo de movimento projetado
Figura 55 - Exemplo de movimento projetado

Bandeiras e Flâmulas:

As bandeiras e flâmulas são padrões de continuação de curto prazo que marcam uma pequena consolidação antes do movimento anterior continuar. Esses padrões têm como característica uma subida ou descida rápida e aguda e marcam o meio do caminho do movimento. Por isso, esse padrão é uma pausa para continuar o movimento.
A diferença entre bandeira e flâmula é que a bandeira é um retângula pequeno que se inclina contra a tendência corrente, já a flâmula é um pequeno triângulo simétrico que começa largo e inclina ao vértice (como em um cone).

Segue abaixo a imagem de uma bandeira:

Exemplo de bandeira
Figura 56 - Exemplo de bandeira

Segue abaixo a imagem de uma flâmula:

Exemplo de flâmula
Figura 57 - Exemplo de flâmula

O rompimento é confirmado quando romper a resistência ou o suporte da bandeira ou da flâmula.
O movimento projeta se dá com o tamanho do mastro. A figura abaixo mostra como medir o movimento projetado da bandeira e da flâmula:

Exemplo de movimento projetado
Figura 58 - Exemplo de movimento projetado

Retângulo:

O retângulo é um padrão de continuação que forma uma área de oscilação durante a pausa da tendência. Este padrão é facilmente identificável com duas máximas e duas mínimas com quase a mesma altura. Os retângulos são áreas de consolidação.
O rompimento é confirmado quando o suporte ou a resistência for quebrada. Algumas vezes pode ocorrer a reversão ao invés da continuação. O retângulo é o padrão gráfico mais encontrado na análise técnica dos mercados.
Segue abaixo um exemplo de retângulo:

Exemplo de retângulo
Figura 59 - Exemplo de retângulo

Após as consolidações o mercado continuou com a tendência de baixa, sendo assim o retângulo representando uma pausa na tendência.
Quando a tendência já está muito prolongada, o retângulo pode configurar o final de uma tendência. Essa tendência acima, por exemplo, no último retângulo mostra uma tendência já bastante prolongada, sendo um risco entrar na operação de baixa. Por isso, o contexto sempre deve ser analisado.
Normalmente, após o rompimento, o mercado volta a testar o retângulo. Nesse caso, é uma segunda entrada para aqueles que não pegaram o início do movimento.

O movimento projetado para o retângulo é a distância entre o suporte e a resistência do retângulo. No entanto, quando a tendência é forte, o melhor é se basear em outros suportes ou resistências para traçar um movimento projetado maior.
Segue abaixo retângulos que estão em tendência de baixa e os movimentos projetados:

Exemplo de movimento projetado
Figura 60 - Exemplo de movimento projetado

O retângulo é uma área de congestão em que os touros e ursos duelam. Quando o preço encontra o suporte, compradores entram comprando pesado. Quando o preço encontra a resistência, vendedores assumem o controle e levam os preços para baixo. Em algum momento um deles será o vencedor, normalmente o que está do lado da tendência, confirmando a continuidade.

Movimento Medido (Perna 1 = Perna 2):

Este padrão é formado por três partes, começando por uma primeira perna forte, depois tem uma correção e finaliza com mais uma perna forte do tamanho da primeira perna, chegando no movimento projetado. O padrão é muito utilizado na análise de longo prazo de ações.
Segue abaixo um exemplo do padrão:

Exemplo de movimento perna 1 = perna 2
Figura 61 - Exemplo de movimento perna 1 = perna 2

Veja que a altura da perna 1 é colocada em cima da própria perna para projetar o movimento da perna 2. Alguns analistas costumam colocar a perna 1 no fundo da correção, tentando um movimento no pior caso, conforme pode ser visto na imagem abaixo:

Exemplo de movimento perna 1 = perna 2
Figura 62 - Exemplo de movimento perna 1 = perna 2

Canal de Preços:

O canal é um padrão de continuação muito comum que tem como característica se estender inclinadamente para cima ou para baixo delimitado por uma linha inferior e uma superior, ou seja, um suporte e uma resistência. Enquanto os preços seguem dentro do canal, temos a continuidade da tendência vigente. No entanto, quando ocorre a quebra do canal, isso implica uma possível reversão ou uma aceleração da tendência dependendo se rompeu a favor da tendência (aceleração) ou contra a tendência (reversão).
Segue abaixo uma imagem de um canal:

Exemplo de canal
Figura 63 - Exemplo de canal

É importante que as linhas toquem o máximo possível das velas, seja os pavios ou os corpos. Nenhuma linha precisa ser perfeita, a ideia das linha e dos padrões é ajudar o analista a entender o que está acontecendo no movimento dos preços.
No exemplo acima os preços se mantiveram subindo, até que o rompimento ocorreu para o lado inverso da tendência do canal.

Abaixo temos também um canal, mas que foi rompido lateralmente. Neste caso, há uma grande possibilidade do movimento continuar na tendência anterior.

Exemplo de canal
Figura 64 - Exemplo de canal

Quando se tem um canal de alta, os traders procuram comprar no fundo do canal e vendem no alto, realizando lucros. Quando atinge a altura do canal, os traders se voltam para as vendas e compram novamente no fundo canal. Por isso, dentro de um canal um trader pode operar nas duas pontas. Alguns canais são mais amplos e outros mais estreitos.

Existem também outros padrões que ocorrem recorrentemente na análise técnica clássica. Alguns analistas dizem que eles são derivados de outros, como os que vimos mais acima. Veremos abaixo esses outros padrões mais comuns.

Outros Padrões Comuns da Análise Clássica:

Fundo Arredondado (de Reversão):

O fundo arredondado é um padrão de reversão, normalmente adequado para gráficos de mais longo prazo, como semanal. Este padrão representa um período de longa consolidação que troca de um padrão baixista para altista.
Veja que deve existir uma tendência anterior e a mínima do fundo arredondado marcará o ponto final da tendência.
O rompimento se dá quando o padrão rompe o início do declínio que formou o fundo arredondado.
Segue abaixo uma imagem de um fundo arredondado:

Exemplo de fundo arredondado
Figura 65 - Exemplo de fundo arredondado

O fundo arredondado pode ser concebido como um Ombro-Cabeça-Ombro Invertido (OCOI), mas sem os ombros.

Também é possível traçar um movimento projetado após o rompimento da resistência, conforme mostra a imagem abaixo:

Exemplo de novimento projetado
Figura 66 - Exemplo de novimento projetado

Formações de Alargamento:

Este padrão é muito comum em momento de alta volatilidade, em um período que há grande movimentação, porém sem uma direção definida. É um padrão muito presente em índices que estão aguardando dados ou ações muito voláteis. É um padrão que indica uma completa indefinição de onde os preços correrão.
A forma é como se fosse um grande megafone com linhas de tendência por cima das máximas e por baixo das mínimas, alargando o padrão.
Segue abaixo um exemplo de alargamento:

Exemplo de alargamento
Figura 67 - Exemplo de alargamento

O rompimento ocorre quando um dos lados é rompido. O alargamento normalmente se torna tão largo que não há um movimento projetado, o ideal é procurar suportes ou resistências próximos e mais distantes, caso o rompimento leve a uma tendência, visto que um dos lados (compradores ou vendedores) saiu vencedor após uma grande luta.

Formação de Diamante (de Reversão):

Este padrão é mais raro de ocorrer, geralmente é encontrado em topos para depois reverter.
O diamante pode ser visto como dois triângulos: um alargamento seguido de um triângulo simétrico.
Segue abaixo um exemplo de um diamante:

Exemplo de diamante
Figura 68 - Exemplo de diamante

O movimento projetado é medido a partir do fundo até o topo, projetando essa distância a partir do meio.

Exemplo de movimento projetado
Figura 69 - Exemplo de movimento projetado

A partir das setas projeta-se a distância para cima ou para baixo.

Xícara Com Alça (de Continuação):

Este padrão marca um período de consolidação seguido por um rompimento. O padrão foi desenvolvido por William O’Neil e introduzido em 1988 no livro "How to make money in stocks". O seu fundo tem como característica ser arredondado (xícara), depois passa por uma consolidação (alça). Quanto mais arredondado o fundo, melhor. Quando ocorre o rompimento está confirmado o padrão de continuação.
Segue abaixo uma imagem da xícara:

Exemplo de xícara
Figura 70 - Exemplo de xícara

O rompimento projetado é dado pela distância do fundo até o pico da alça, projetando a distância para cima, conforme mostra o exemplo abaixo:

Exemplo de movimento projetado
Figura 71 - Exemplo de movimento projetado

Reversão de Solavanco e Fuga (de Reversão):

Este padrão tem como característica um movimento de alta ou baixa (fase de introdução do padrão), seguido por um movimento agudo para a direção da tendência que vai muito rápido e longe (fase de solavanco) e, por fim, o padrão perde a força e reverte para o lado contrário (fase de fuga). Esse padrão foi desenvolvido por Thomas Bulkowsky e introduzido em junho de 1997 na revista Technical Analysis of Stocks and Commodities e publicado em seu Encyclopedia of chart patterns.
Segue abaixo um exemplo do padrão:

Exemplo de solavanco e fuga
Figura 72 - Exemplo de solavanco e fuga

Para finalizarmos essa parte inicial dos conceitos de análise técnica, falaremos das ondas de Elliott, um assunto muito importante na análise técnica.

O criador da Teoria das Ondas de Elliott foi Ralph Nelson Elliott (1871-1948). Elliott no início da sua vida era contador, porém teve que se aposentar cedo em 1927 por causa da contração de tuberculose. Enquanto Elliott esteve internado curando sua doença, ele usou seu tempo para criar a Teoria das Ondas de Elliott, que é hoje conhecida e estudada no mundo inteiro pelos analistas de mercado.
A teoria criada por Elliott foi muito influenciada pela Teoria de Dow, que tem em comum o seu princípio das ondas.
Tanto Elliott quanto Dow consultavam os ciclos da maré do mar e usavam o ritmo das ondas para comparar com as a flutuação de preços no mercado. Elliott observou que o mercado seguia alguns padrões, assim como Dow também havia constatado, mas que estes variavam tanto na amplitude quando no tempo.
Elliott terminou seu trabalho definitivo dois anos antes da sua morte, em 1946, e intitulou o trabalho de Nature's Law: The Secret of the Universe. Elliott estava convencido que a sua teoria era parte de uma lei muito maior que governa toda a atividade do ser humano.

Os três aspectos mais importantes da Teoria de Elliott são: os padrões, as proporções e o tempo (inclusive nessa ordem de importância). Elliott afirma que o mercado segue um ritmo repetitivo de cinco ondas de avanço seguidas por três de declínio. Assim, as ondas um, três e cinco seguem a tendência principal e são chamados de ondas de impulso. Já as ondas dois e quatro são ondas corretivas. Após a última onda, a onda cinco, o avanço está finalizado.
As três ondas de correção são chamadas de ondas ABC. Após esse ciclo, um novo pode começar. Cada onda de correção ABC se reparte em outros três menores, sendo um na direção de correção e uma na direção oposta, corrigindo a correção.
Esse padrão harmônico preconizado por Elliott está em conformidade com os princípios e as relações da série de Fibonacci, muito utilizado por analistas técnicos. No entanto, erros na identificação das ondas podem levar a equívocos de projeções.

Cada onda tem uma assinatura própria, e o analista precisa reconhecer suas principais características. Por exemplo, supondo que temos uma mercado de alta, as características das ondas podem ser dadas conforme abaixo:

Onda 1: a onda 1 raramente é óbvia no início do mercado de alta ou de baixa. Quando a primeira onda começa, por exemplo, em um mercado dominado pela baixa, as notícias fundamentalistas são quase todas negativas. A tendência anterior (oposto a nova tendência se formando) é considerada ainda fortemente em vigor. Nesse cenário, os analistas fundamentalistas ainda continuam revisando para baixo suas estimativas de lucros. A economia ainda não parece forte. Pesquisas de sentimento e expectativas estão pessimistas e fortemente baixistas. Normalmente a volatilidade das opções está alta. Quando o preço sobe, o volume aumento um pouco, mas não o suficiente para alertar muitos analistas técnicos.

Onda 2: a onda 2 corrige a onda 1, mas ela nunca pode se estender além do início da onda 1. As notícias ainda continuam muito ruins e descarta-se a possibilidade de uma alta. Quando começa essa correção e os preços volta a cair, o sentimento baixista rapidamente retorna e a multidão relembra que o mercado ainda está ruim. Ainda assim, alguns sinais positivos aparecem para aqueles que procuram esses sinais: o volume é menor nessa onda 2 do que na onda 1, e os preços, geralmente, não devem retroceder mais do que 61,8% dos ganhos da onda 1 e devem cair com um padrão de onda 3.

Onda 3: a onda 3 é a mais longa e poderosa da tendência (apesar de algumas pesquisas indicarem que a onda 5 nas ações de commodities é a mais poderosa). O início da onda 3 é devagar, e quando chega ao topo da onda 1 anterior, existem várias ordens stops (de proteção) acima desse topo.
Quando a onda 3 ganha força e rompe o topo da onda 1, esses stops de proteção são acionados e gaps são deixados em aberto (distância entre velas são deixados em aberto) mostrando mais força.
Com isso, a onda 3 ganha atenção do mercado e as notícias são positivas e os analistas começam a aumentar suas estimativas de lucros. Os preços sobem rapidamente e as correção são pequenas em preço e curtas no tempo. Aqueles que estão esperando para entrar em uma retração provavelmente não conseguirão achar a entrada, pois o mercado está forte.
É interessante notar que no início da onda 3 as notícias ainda são geralmente negativas, mas no meio da onda 3, a multidão começa a se juntar a essa tendência de alta. Normalmente a onda 3 sobe mais do que 60% da onda 1.

Onda 4: a onda 4 é claramente uma correção. Os preços podem ficar de lado por um longo período e geralmente retrocede por volta de 38,2% da onda 3, da qual o volume é bem baixo. É considerado um bom momento para comprar essa retração se entendermos que é muito forte a probabilidade de uma onda 5 à frente. Esta onda normalmente é difícil de contar.

Onda 5: a onda 5 é a perna final na direção da tendência dominante. Todas as notícias são positivas e todos investidores estão altistas. Esse é um momento que tem como característica a entrada de muitos investidores no mercado, e frequentemente quase na máxima. O volume é mais baixo que na onda 3 e os indicadores começam a mostrar divergências.

Onda A: Normalmente é mais difícil identificar as correções do que os movimentos de impulso. No caso da onda A em um mercado de baixa, tem-se que as notícias fundamentalistas ainda são positivas. Os analistas enxergam essa queda como uma correção normal de um mercado de alta. Também temos alguns indicadores técnicos como aumento de volume, volatilidade implícita das opções e dos contratos em aberto nos mercados futuros.

Onda B: Os preços revertem para cima e quem conhece análise técnica verificam um pico aparentando um ombro direito do padrão OCO. O volume na onda B deve ser menor que na onda A. Nesse caso, os fundamentos não devem estar melhorando, mas também ainda não se tornaram negativos.

Onda C: Os preços movem-se impulsivamente para baixo com aumento de volume e na terceira perna da onda C, todos se conscientizam que o mercado de baixo está em vigor. Essa onda C tem no mínimo o tamanho da onda A e frequentemente se estende além o até 61% da onda A.
Segue abaixo um exemplo do funcionamento das ondas de Elliott:

Exemplo de ondas de Elliott
Figura 73 - Exemplo de ondas de Elliott

O inverso também é aplicado quando tem-se um mercado de baixa.

As ondas maiores determinam a tendência vigente no mercado, e as ondas menores, tendências intermediárias. Essa é uma forma similar de especificar tendências principais e secundárias, que são utilizadas na teoria de Dow.
As ondas de Elliott são muito utilizadas em ações. O analista identifica a onda principal e entra comprando. Posteriormente, vende-se a ação ou entra vendido quando a inversão é determinada. Utiliza-se essa técnica à medida que os ciclos vão encurtando e se completam até que a onda principal ressurge. A grande dificuldade está em identificar os ciclos que o mercado se encontra.

As ondas de Elliott também revelaram outras técnicas muito utilizada pelos analistas, entre elas a técnica de Fibonacci. No livro "Segredo da lei da natureza do universo", Elliott afirmou que a base matemática para o princípio da onda estava em uma sequência de números descoberta pelo matemático Leonardo Fibonacci que viveu no século XIII. A sequência de Fibonacci é muito conhecida na matemática e tem como característica uma sequência formada por dois números “um”, que são os primeiros e, posteriormente, cada número de Fibonacci é a soma dos dois números que o precedem, ou seja, é uma sequência aditiva.
Segue um exemplo da sequência de Fibonacci: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, etc.
Mas os número de Fibonacci não param por aí, eles possuem diversas propriedades intrigantes como: a soma de dez número consecutivos de Fibonacci ser sempre divisível por 11, cada quarto número de Fibonacci é divisível por 3 e cada quinto por 5, cada sexto é divisível por 8 e assim por diante, além disso, os número de Fibonacci não tem divisor comum, exceto 1.
Outra propriedade interessante da sequencia de Fibonacci e que é utilizada na análise técnica, é que enquanto a sequencia continua, a relação entre os números consecutivos aproxima-se da relação chamada dourada, 1,6180339..., conhecida também como o phi.
Assim, por exemplo, pegando-se alguns números consecutivos e dividindo eles tem-se 34/55 = 55/89 = 144/233 = 0,618, mas se pegarmos a ordem inversa como, por exemplo, 55/34 = 89/55 = 233/144 = 1,618.
Nota-se que cada algarismo é cerca de 1,618 vezes maior do que o anterior e cada um dividido pelo anterior resulta em algo próximo a 1,618. Esse número é a origem do que é conhecido como “regra de ouro”, conforme explicamos anteriores, que é a proporção matemática que explica diversos fenômenos da natureza. O uso dessa razão de maneira inversa (0,618) auxilia na análise de padrões de preço no mercado de investimentos, como veremos a seguir.

Sabemos que os ativos frequentemente fazem correções e retrocedem a uma certa porcentagem do movimento anterior. Assim chegamos as Retrações de Fibonacci, usada pelo mercado de ações para identificar possíveis pontos de reversão de tendências, resistências ou suportes. A Retração de Fibonacci é uma ferramenta cujo objetivo é encontrarmos resistências ou suportes.
Este indicador é formado por linhas horizontais que cortam uma série de preços, e a distância entre elas obedece a série de Fibonacci. De forma prática são criados dois pontos extremos no gráfico, cuja distância é dividida pelos índices de Fibonacci: 23,6%, 38,2%, 50%, 61,8% e 100%. A partir daí, as linhas horizontais são desenhadas e podem identificar os níveis de suporte e resistência dos ativos. O principal objetivo do indicador é mostrar pontos de alerta para ficar atento, que geralmente vão mostrar potenciais reversões de tendências, resistências ou suportes.
As proporções dos índices são o resultado de razões matemáticas entre os números da série, assim por exemplo 61,8 representa a razão dourada como comentamos, 38,2 é a divisão de um número pelo o que é encontrado a direita (55/144=0,38), 23,6 representa o resultado da divisão entre o número da série pelo que está três lugares à direita (como 8/34 = 0,23). A única exceção são os 50% que não é necessariamente uma relação de Fibonacci, mas é um número forte e respeitado pelo mercado.

Praticamente todas as plataformas de negociação possuem o indicador de Fibonacci pronto para ser utilizado. No exemplo abaixo traçamos uma retração de Fibonacci na perna de baixa:

Exemplo de retração de Fibonacci
Figura 74 - Exemplo de retração de Fibonacci

Veja que a ferramenta definiu níveis de preço, que são as porcentagens mostradas anteriormente. Nessa perna de baixa, portanto, a correção pode se dar em um dos níveis de Fibonacci. Na ferramenta também é possível ver os níveis de preço configuradas, conforme abaixo:

Exemplo de configuração na ferramenta
Figura 75 - Exemplo de configuração na ferramenta

Voltando às ondas de Elliott, temos mais alguns conhecimentos para repassar sobre o assunto. Existem três regras básicas:
1) A Onda 2 nunca pode retroceder 100% da Onda 1 e nem ir abaixo desta.
2) A Onda 3 nunca é a mais curta comparada à Onda 1 e à Onda 5.
3) A Onda 4 nunca pode ultrapassar o território da Onda 1, exceto em triângulos diagonais.

Se uma dessas hipóteses ocorrerem, significa que a contagem de ondas é incorreta, portanto não deve ser considerada. Segue abaixo alguns exemplos:

Exemplo de contagem de ondas
Figura 76 - Exemplo de contagem de ondas

Quando ocorre essas hipóteses significa que houve uma falha. Nesse caso, pode significar que o mercado pode não respeitar o movimento e ocorrer até mesmo uma reversão.

A grande dificuldade de um analista iniciante é saber identificar essas ondas no gráfico real. Isso acontece porque o gráfico é cheio de movimentos laterais e de sobe e desce dos preços, mesmo dentro de uma onda. Por isso, o analista precisa olhar e treinar muito nos gráficos, somente com muita prática ele conseguirá identificar os padrões da análise técnica. Segue abaixo um padrão de ondas com diversas idas e vindas do gráfico:

Exemplo de padrão de ondas
Figura 77 - Exemplo de padrão de ondas

Essa subida teve como característica estar dentro de um canal de alta, padrão já estudamos anteriormente.

Outra situação que podemos encontrar são os movimentos projetados. Para traçar o objetivo da Onda 3, devemos desenhar um canal quando as Onda 1 e 2 estiverem finalizadas. Assim, conecte a origem da Onda 1 ao final da Onda 2 e, depois, trace uma paralela pelo topo da Onda 1. Esse será o objetivo mínimo da Onda 3.
Segue abaixo um exemplo:

Exemplo de movimento projetado
Figura 78 - Exemplo de movimento projetado

A Onda 4 também pode ser projetado tão logo a Onda 3 tenha terminado. Traça-se um canal conectando o final da Onda 1 ao final da Onda 3 e desenhar uma paralela pelo final da Onda 2. Segue abaixo um exemplo:

Exemplo de movimento projetado
Figura 79 - Exemplo de movimento projetado

Finalizada a Onda 4 já é possível determinar a Onda 5, basta conectar o final da Onda 2 ao final da Onda 4 e traçar uma paralela pelo final da Onda 3 para determinar o objetivo da Onda 5. Segue abaixo um exemplo:

Exemplo de movimento projetado
Figura 80 - Exemplo de movimento projetado

Para projetar as retrações de cada uma das ondas usamos a técnica de Fibonacci. Por exemplo, a Onda 1 após completada pode ter uma correção em uma das retrações de Fibonacci como 38%, 50% ou 61% por exemplo. O mesmo raciocínio vale para as demais correções.

As técnicas anteriores que estudamos sobre projeções também poderão ser utilizadas para buscar objetivos de ondas. Outra técnica muito utilizada para projeção é o Price Action que também é visto aqui no portal. Movimentos projetados são importantes para que possamos segurar as operações até um objetivo mínimo de lucros.

Neste momento vamos incrementar a análise técnica, exploraremos diversos indicadores e osciladores que ajudam a analisar o que está acontecendo com os preços.

Um indicador é uma série de dados que são derivados pela aplicação de uma fórmula para os dados dos preços de um determinado ativo. Esses dados podem incluir qualquer combinação da abertura, máxima, mínima, fechamento, entre outros dados. Assim, alguns indicadores podem utilizar apenas o preços de fechamento, outros podem incorporar o volume ou contratos em aberto na sua fórmula, cada indicador tem um propósito e uma forma de exibir um conjunto de dados. Os indicadores existem para auxiliar os analistas o que pode estar acontecendo com um determinado ativo.
Por exemplo, um indicador pode trazer a média de três preços de fechamento e exibir um gráfico para o analista a cada três fechamentos. Se o gráfico mostrar, por exemplo, uma curva subindo pode indicar que os preços estão fechando cada vez mais acima dos fechamento anteriores, indicando uma elevação dos preços.
Alguns indicadores apesar de simples tem um poder enorme de mostrar ao analista o que está acontecendo com os últimos 20 ou 30 preços. Indicadores como médias móveis, são derivadas de fórmulas simples, porém muito utilizadas por analistas do mundo inteiro. No entanto, outros indicadores são mais sofisticados possuindo fórmulas bastante complexas e requerem mais estudos para compreender seu funcionamento, entre eles destaca-se o estocástico que veremos adiante.
Os indicadores possuem dois tipos principais: antecedentes e atrasados. O antecedente precede os movimentos de preços, dando qualidade de previsão, enquanto o indicador atrasado é usado como instrumento de confirmação, pois segue o movimento dos preços. Normalmente utiliza-se o antecedente quando não houver uma tendência definida, enquanto os atrasados são ainda mais úteis durante os períodos de tendência.
Outra característica dos indicadores é quanto a sua construção. Existem os indicadores que estão em uma variação limitada e os indicados não limitados. Os limitados estão dentro de uma faixa sendo chamados de osciladores, estes indicadores podem informar, por exemplo, se um ativo está estourando uma determinada faixa e, portanto, está sobrevendido ou sobrecomprado. Indicadores não limitados ainda formam sinais de compra e de venda juntamente com a exibição de força ou de fraqueza, mas eles variam na forma como fazem isso.
Os indicadores são uma importante fonte de informação adicional para os analistas, veremos diversos deles que são muito utilizados. Dentro das plataformas existem os indicadores que são exibidos dentro do gráfico de preços (ajudando a entender melhor o contexto) e outros que são colocados para fora da janela de preços para que não atrapalhe a análise. Segue abaixo um exemplo de um indicador de média móvel utilizado dentro do gráfico e outro indicador que é utilizado em outra janela para melhorar a sua análise.

Exemplo de indicadores
Figura 81 - Exemplo de indicadores

O oscilador é também um indicador, mas que flutua acima ou abaixo de uma linha de centro ou entre níveis preestabelecidos (por exemplo, entre 0 e 100%). Segue abaixo o exemplo do oscilador IFR. Veja que sempre que o preço atinge níveis de 70 no IFR, ele indica um nível de sobrecomprado e nesse caso pode indicar uma venda para o analista.

Exemplo de indicador IFR
Figura 82 - Exemplo de indicador IFR

Existem inúmeros indicadores em uso hoje e muitos outros são criados a cada dia. Qualquer um pode criar um indicar e testar no mercado, se funcionar ele pode ser utilizado por uma imensa quantidade de analistas. Alguns analistas apenas modificam um indicador em uso, mas que em seus testes deu mais resultado. Os programas de análise técnica já vem com muitos indicadores para já serem utilizados. Segue abaixo algumas imagens de diversos indicadores trazidos pela plataforma Profit Pro, cada um deles vem separado em categorias e podem ser utilizados pelos analistas. Alguns indicadores são fornecidos inclusive via uma assinatura. Ao total a plataforma disponibiliza mais de mil indicadores.

Exemplo de indicadores
Figura 83 - Exemplo de indicadores

Com essa variedade grande de indicadores é importante que se foque em apenas, no máximo, dois ou três deles, entendo como eles funcionam, em que contexto e como é a sua fórmula por trás. Utilizar muitos indicadores pode mais atrapalhar o analista do que ajudar, por isso o indica é que se utilize um número bastante reduzido deles. Normalmente os mais utilizados pelos analistas são os mais antigos e que permanecem em uso até hoje.

Uma frase muito importante sobre indicadores foi dita por Flávio Lemos, em que o autor afirma que o uso de indicadores na análise técnica corresponde à navegação por instrumentos em um avião, na qual mesmo sob uma tempestade é possível de pilotar. Eles fornecem informações adicionais extremamente úteis, apresentando melhores resultados quando utilizados em conjunção ao movimento dos preços, padrões gráficos e outros indicadores.

Indicadores Atrasados ou Seguidores de Tendência:

Esse indicadores são classificados como atrasados porque seguem o preço da ação e costumam ser referidos como indicadores que acompanham tendências. Eles são muito úteis quando temos uma tendência forte em curso, pois eles fornecem aos investidores pontos de entrada em operações e mantêm os investidores dentro da operação pelo tempo que a tendência permanecer.
Obviamente esses indicadores não são indicados em mercados laterais, pois os preços cortam ele o tempo todo, não indicando uma direção.
Os indicadores atrasados incluem as famosas e muito utilizadas média móveis (exponencial, simples, ponderada e variável).

As Médias Móveis não preveem a direção dos preços, mas definem a direção atual com certo atraso. Apesar desse atraso, elas ajudam a suavizar o preço e filtrar ruídos. Elas também formam os blocos de construção para diversos outros indicadores como Bandas de Bollinger, MACD, entre outros.
Os dois tipos de médias móveis mais populares são a média móvel simples ou aritmética (MMS) e a média móvel exponencial (MME).

A Média Móvel Simples, ou também chamada de Média Móvel Aritmética, foi um dos primeiros indicadores que apareceu nos estudos de análise técnica. Seu funcionamento se baseia no cálculo médio de um ativo sobre um número específico de períodos. A maioria das médias móveis se baseia em preços de fechamento.
A MMS é muito utilizada em ações que são muito voláteis, ela ajuda a suavizar os dados, dando uma ideia melhor sobre o que os preços estão fazendo.
Por exemplo, A MMS de cinco dias é a soma de cinco dias dos preços de fechamento dividido por cinco dias. Uma média móvel é uma média que se move conforme vai ocorrendo fechamento de preços. Pode-se notar que dados antigos vão sendo retirados da média e apenas os mais recentes são considerados, assim um preço de fechamento de seis dias atrás não é mais considerado, apenas os últimos cinco. Isso faz a média se mover ao longo da escala de tempo.
Para exemplificar a média móvel simples imagine que nos últimos cinco dias o preço fechou em 11 reais, no segundo dias 12 reais, no terceiro dia 13 reais, no quarto dia 14 reais e no quinto dia 15 reais. Assim teríamos a MMS calculada conforme abaixo:
MMS_Cinco_Dias: (11 + 12 + 13 + 14 + 15) / 5 = 13

Dessa forma, teríamos o primeiro ponto da MMS impressa no valor de 13 reais. No entanto, se no próximo dia o fechamento fosse em 16 reais, teríamos um novo cálculo da MSS conforme abaixo:
MMS_Cinco_Dias: (12 + 13 + 14 + 15 + 16) / 5 = 14

Veja que o valor antigo (11 reais) já não é mais considerado no cálculo.
Se passasse mais um dia e o preço de fechamento estivesse em 17 reais um novo cálculo seria realizado:
MMS_Cinco_Dias: (13 + 14 + 15 + 16 + 17) / 5 = 15

A média móvel simples começa a inclinar no gráfico, mostrando que na média os preços estão evoluindo. Nota-se também que a média móvel está sempre abaixo do último preço, por isso se diz que ele possui um atraso em relação ao preço mais atual. Isso faz com que ela acompanhe o mercado a uma certa distância, que pode ser maior ou menor dependendo do período utilizado para calculá-la. Uma MMS de 50 períodos está mais próxima do preço do ativo do que uma MMS de 200 períodos, mas isso não significa que ela seja mais eficaz. O importante é o analista escolher uma MMS se adeque mais ao mercado que ele analisa e ao período gráfico que ele utiliza nesse mercado. Em certos tipos de mercado, as médias curtas mostram-se mais eficazes que as longas, e o contrário pode ocorrer em outros mercados.

Segue abaixo um exemplo de uma média móvel de 20 períodos (média dos últimos 20 fechamentos) impresso no gráfico de uma tendência de alta:

Exemplo de média móvel
Figura 84 - Exemplo de média móvel

Veja que a média móvel indica que os preços estão subindo nos últimos 20 fechamentos, ajudando assim o analista a ter uma ideia melhor do que está acontecendo na ação dos preços. Durante o forte impulso de alta os preços sequer encostam na média móvel. Porém quando os preços entraram numa lateralidade eles começaram a cortar a média móvel, indicando que o mercado saiu de uma tendência de alta para uma consolidação.
Uma técnica muito utilizada é comprar o primeiro fechamento em acima ou próximo da média móvel de 20 períodos quando estamos numa tendência de alta, ou vender o primeiro fechamento em acima ou próximo da média móvel de 20 períodos quando estamos numa tendência de baixa. Após esse primeiro toque ou aproximação da média móvel é importante analisarmos se isso ocorrer de novo, verificando se o impulso ainda continua ou estamos caminhando para uma consolidação (lateralidade) dos preços.

A média móvel de 20 períodos é um grande consenso do mercado, ela já se mostrou muito eficiente em diversos mercados. O uso de uma média móvel mais curta resultará tanto na produção de grande quantidade de operações quanto de sinais falsos, pois, em se tratando de uma média móvel muito curta, qualquer “ruído” poderá gerar um ponto de entrada falso. Assim como uma média móvel mais longa pode considerar muitos preços atrasados e distorcer a média mais recente dos preços.

Portanto, a MMS tem um cálculo bastante simples: basta somar os preços de fechamento dos últimos “n” períodos e dividir o resultado por “n”. Também é importante ressaltar que a MMS leva em consideração apenas os valores cobertos pelo período de cálculo e todos os valores possuem o mesmo peso, ou seja, em uma média móvel de cinco períodos, cada um tem o peso de 20%.

Outra média móvel muita utilizada no mercado é a Média Móvel Exponencial (MME). Essa média móvel reduz o atraso em relação aos preços, aplicando maior peso aos preços mais recentes. Essa ponderação para o preço mais recente depende do número de períodos na média móvel.
Existem três etapas para o cálculo da MME:
1)Primeiramente é calculado a MMS normalmente (soma dos fechamentos dividido pelo período)
2)Calcula-se o fator de ponderação
3)Cálculo final da MME

Segue abaixo um exemplo para uma MME que considere dez períodos:
1)Cálculo da MMS: soma de 10 períodos / 10
2)Fator de ponderação: (2 / (períodos de tempo + 1)) = (2 / (10 + 1)) = 0,1818 (18,18%)
3)Cálculo final da MME: {Preço Fechamento – MMS (dia anterior)} × fator + MMS (dia anterior)

Veja que uma MME de 10 períodos aplica uma ponderação de 18,18% sobre o preço mais recente, se fosse de 20 períodos aplica-se 9,52% de peso para o preço mais recente (2 / (20 +1) = 0,0952). Ou seja, o fator de ponderação para o período de tempo mais curto é maior do que o fator para o período de tempo mais longo.

Por exemplo, suponhamos que temos as seguintes datas e seus respectivos preços de fechamento:
Dia 1: R$10,00
Dia 2: R$11,00
Dia 3: R$12,00
Dia 4: R$11,00
Dia 5: R$13,00
Dia 6: R$15,00
Dia 7: R$09,00
Dia 8: R$06,00

Para calcular a média móvel exponencial de 2 períodos no dia 4, primeiramente calculamos a média móvel simples que é 11 reais soma a 12 reais dividido pelo número de períodos, o total será de 11,50 reais. O fator é dado por (2 / (períodos de tempo + 1)), ou seja, (2 / (2 + 1)) = 0,6. Por fim, fazemos o cálculo final da MME que é dada pela fórmula: {Preço Fechamento – MMS (dia anterior)} × fator + MME (dia anterior). Assim, substituindo temos que o preço de fechamento do quarto dia foi de 11 reais, a média móvel simples foi de 10,50 (11 + 10 / 2) porque ela considera a média móvel simples do dia anterior, ou seja, do dia 3 que leva em conta 11 reais do dia 2 e e 10 reais do dia 1. Para completar a fórmula temos o fator que é de 0,6 e a MMS do dia anterior (dia 3), usada aqui novamente na fórmula, que foi de 10,50.
Assim, a fórmula completa fica:
MME: {11 – 10,50} × 0,6 + 10,50 = 0,5 * 0,6 + 10,50 = 10,8

Para ficar mais simples é sempre interessante fazer uma tabela colocando os dias, fechamentos e calculando a média simples e exponencial conforme podemos observar abaixo:

Dia Preço Média Simples (2 dias) Média Exponencial (2 dias)
1 10 - -
2 11 - -
3 12,00 10,50 -
4 11 11,50 10,80
5 13 11,50 12,40
6 15 12 13,60
7 9 14 10,20
8 6 12 9,20

Segue abaixo um exemplo de uma média móvel simples de 20 períodos e um média móvel exponencial de 20 períodos:

Exemplo de média móvel simples e exponencial
Figura 85 - Exemplo de média móvel simples e exponencial

Note que a média móvel exponencial toca mais perto dos preços, pois ela tem como característica dar maior peso aos últimos fechamentos. É importante ressaltar que mesmo que haja clara diferença entre médias móveis simples e médias móveis exponenciais, uma não é necessariamente melhor que outra. Médias móveis exponenciais têm menos atraso e são, portanto, mais sensíveis aos preços recentes e as suas mudanças. Médias móveis exponenciais virarão antes das médias móveis simples. Médias móveis simples, em contrapartida, representam um valor médio real de preços. A preferência sobre qual usar depende dos objetivos e do estilo do analista.

No livro Technical Analysis of the Financial Markets, John Murphy apresentou a técnica de cruzamento das médias, chamando-a de “método de cruzamento duplo”. Esses cruzamentos envolvem uma média móvel relativamente curta (como uma MMS de 20 períodos) e uma média móvel relativamente mais longa (como uma MMS de 200 períodos). Quando as duas médias (curta e longa) se cruzam, sendo que a média mais curta aponta para o lado contrário da média mais longa, tem-se um indicativo que haverá uma reversão. Por exemplo, se estamos numa tendência de alta e há o cruzamentos das médias sendo que a média curta corta para baixo a média longa, temos um indicativo que o mercado reverterá para uma baixa, e assim também poderá ocorrer o inverso no mercado de baixa.
Existe também o sistema de três médias móveis chamado de método de cruzamento triplo que envolve três médias móveis com o objetivo de reduzir a quantidade de falsos sinais que costumam ser produzidos com o uso de apenas uma média móvel no gráfico de preços. Nesse caso, é gerado um sinal de alerta quando a menor média móvel atravessa a média intermediária e uma confirmação do sinal é gerada com o cruzamento da intermediária e da longa. Um sistema mais simples de cruzamento triplo pode envolver 5, 10 ou 20 dias de médias móveis.
Mas lembre-se, no mercado financeiro não existe receita de bolo, o analista sempre deve avaliar uma porção de coisas antes de tomar uma decisão, como: qual a tendência em vigor, se há sinais de reversão, como está o mercado interno e externo, se há notícias relevantes no setor, analisar outros indicadores em conjunto, entre outras coisas que ajude a tomar as melhores decisões.

Existe uma técnica muito útil para acompanhar tendências com médias móveis, porém definindo limites de sobrecompra e sobrevenda nessa tendência, são os chamados Envelopes. Para montar esse método basta escolher uma MMS ou MME, selecionar o número de períodos da MME ou MMS e, por fim, definir as porcentagens para os envelopes que serão as bandas inferior e superior. A banda superior é definida através da MMS ou MME + 20% e a banda inferior é a MMS ou MME - 20%. Essas porcentagens podem variar de analista para analista, escolhendo aquela porcentagem que melhor se adequa ao ativo sendo analisado.
A utilização dos envelopes pode aprimorar a técnica de utilização da média móvel. As bandas superior e inferior servem para sinalizar que o mercado está muito “esticado”, seja para cima, seja para baixo. Ou seja, quando o preço se distancia muito da sua média móvel para cima e se aproxima da banda superior, a interpretação é de que o mercado está próximo de uma realização de venda. Se, porém, o preço estiver tocando a banda inferior, pode significar a volta dos compradores, marcando o início de uma alta.
Segue um exemplo abaixo utilizando uma MME de 20 períodos e as banda superior e inferior de 20%:

Exemplo de média móvel e as bandas
Figura 86 - Exemplo de média móvel e as bandas

Veja que tanto a média móvel de 20 períodos quanto os preços ficam envelopados por duas médias, e quando essas médias são tocadas podemos ter uma sinalização de compra ou venda. A sinalização de compra ocorre quando os preços tocam ou perfuram a banda inferior. Nesse caso, pode-se interpretar que o preço está muito baixo. O ponto de compra ocorrerá quando o preço mudar sua trajetória de volta para o centro das bandas. Se romper a banda inferior para baixo podemos ter uma queda mais forte. A sinalização de venda ocorre da mesma forma que a sinalização de compra com as devidas inversões.

Outra forma de criar essas bandas é utilizando a função deslocamento. O deslocamento cria as bandas se deslocando em relação a média móvel. Assim, podemos criar uma média móvel exponencial de 20 períodos e médias móveis de 20 períodos com deslocamento de -10 períodos por exemplo. Segue abaixo um exemplo da configuração e como ficaria impresso no gráfico:

Exemplo de configuração das bandas com função deslocamento
Figura 87 - Exemplo de configuração das bandas com função deslocamento

Exemplo de bandas com função deslocamento
Figura 88 - Exemplo de bandas com função deslocamento

Além das médias móveis, outro indicador muito utilizado no mercado são as Bandas de Bollinger. Podemos dizer que é uma grande evolução das bandas que criamos manualmente no estudo anterior. As Bandas de Bollinger fazem parte da família dos envelopes. Seu autor, John Bollinger, desenvolveu esse indicador para uma média móvel calculada com padrão de 20 períodos, a partir da qual, são adicionadas duas bandas, uma superior e outra inferior, que se situam, respectivamente, a 2 desvios-padrão da média móvel base. Apesar dos valores padrão sugeridos por Bollinger, de 20 períodos para a média móvel e 2 desvios-padrão para as bandas inferior e superior, o indicador permite que esses número sejam modificados, adaptando-os assim para que se ajustem a seu perfil da melhor maneira possível. No seu livro John Bollinger sugere que o desvio padrão seja alterado conforme a quantidade de períodos usada para a média móvel. Assim, para uma média de 10 períodos ele sugere um desvio-padrão de 1,9 enquanto que para 20 períodos um desvio-padrão de 2,0 é aconselhado, e para 50 períodos sugere-se um desvio-padrão de 2,1.
Segue abaixo as Bandas de Bollinger dentro de uma tendência de alta:

Exemplo de Bandas de Bollinger
Figura 89 - Exemplo de Bandas de Bollinger

Veja que o indicador cria uma banda superior, uma banda inferior e a média móvel de 20 períodos.

As Bandas de Bollinger também são muito utilizadas em períodos de maior volatilidade, quando o mercado está lateral. Veja no exemplo abaixo os limites de banda superior e inferior atuando dentro de uma lateralidade e delimitando os preços entre as duas bandas:

Exemplo de utilização de Bandas de Bollinger
Figura 90 - Exemplo de utilização de Bandas de Bollinger

Existem ainda outros indicadores derivados das Bandas de Bollinger, são indicadores que fazem algumas alterações quanto as bandas. Entre eles tem-se o %b e o Bollinger BandWidth. Além desses indicadores, muito outros indicadores são encontrados nas bibliografias técnicas, como o Aroon que é mais um oscilador que sinaliza quando uma tendência é de alta (quando acima da linha zero) ou de baixa (quando abaixo da linha zero), o ADX que também é utilizado para medir a força de uma tendência, o ADXR que é uma variação do ADX, entre diversos outros indicadores. Apesar dos indicadores estudados serem os principais, é importante que analista conheça outros indicadores, teste-os e os estude para aprender como eles são calculados. Esse conhecimento ajuda o analista a conhecer também o raciocínio de outros analistas ao montar esses indicadores, descobrindo o que eles acham importante, como eles classificam quando uma tendência é forte ou fraca, o que eles consideram mais importante na análise dos preços, etc.

Indicadores Antecedentes ou de Momentum:

Esses indicadores lidam com a mudança dos preços, indicando quando o momentum está forte ou perdendo sua força. Existem claramente muitos benefícios em se utilizar indicadores antecedentes. A sinalização precoce de entrada e de saída é seu principal benefício. Os indicadores antecedentes geram mais sinais e permitem mais oportunidades para a negociação. Os sinais precoces podem também agir para prevenir uma potencial força ou fraqueza. Como eles geram mais sinais, os indicadores antecedentes são os mais utilizados nos mercados. Esses indicadores podem ser utilizados em mercados de tendência, indicando quando o mercado está em níveis de sobrevenda, sinalizando que é hora de comprar e seguir a tendência de alta, e a situação inversa também pode ser utilizada em um mercado de tendência de baixa.

O primeiro indicador antecedente ou de momentum que iremos analisar é o Moving Average Convergence/Divergence (MACD). Desenvolvido por Gerald Appel no final dos anos 1970, o MACD é um dos indicadores de impulsão mais simples e eficazes disponíveis.
O MACD transforma dois indicadores seguidores de tendência e duas médias móveis em um oscilador de momentum, subtraindo a média móvel maior da menor média móvel. O resultado disso é o melhor de dois mundos: seguir a tendência e a impulsão. O MACD tem as suas linhas flutuando acima e abaixo da linha zero quando as médias móveis convergem, atravessam e divergem. Os analistas podem procurar cruzamentos das linhas, cruzamentos com o eixo e divergências para gerar sinais de compra e de venda. Mas pelo fato de o MACD não ser limitado, ele não é particularmente útil para identificar níveis de sobrecompra e sobrevenda, para isso utilizaremos outros indicadores.
Dessa forma, o MACD é um exemplo de um oscilador que varia centrado acima e abaixo de zero. A linha MACD é uma MME de 12 dias menos uma MME de 26 dias. Os preços de fechamento são utilizados para essas médias móveis. Outra linha, uma MME de 9 dias, é representada com o indicador para atuar como uma linha de sinal e identificar viradas de tendências. Esses valores (12, 26 e 9) são ajustes típicos usados com o MACD, mas nada impede que sejam alteradas pelo analista se ele achar que alguma variação se adapta melhor a algum mercado mais específico.
Segue abaixo como são calculadas as linhas do MACD:
Linha do MACD = MME (Preço_Fechamento, 12) – MME (C, 26)
Linha de Sinal = MME (Preço_Fechamento, 9) da Linha do MACD
Histograma do MACD = Linha do MACD – Linha do sinal

O MACD é essencialmente a diferença de médias móveis. Já o ponto onde elas se encontram será o valor zero. Portanto, o gráfico traçado a partir do valor da diferença dessas duas médias móveis deve ser interpretado da seguinte forma: quando o valor passa de negativo para positivo, tem-se o sinal de compra; quando passa de positivo para negativo, sinal de venda.
Segue abaixo um exemplo da utilização do MACD:

Exemplo de MACD
Figura 91 - Exemplo de MACD

Veja que o MACD deu dois sinais, um de venda e um de compra, quando as linhas se cruzaram. As operações foram confirmados no gráfico, dando um resultado positivo em ambas. Pelo exemplo mostrado, veja que é possível utilizá-lo como um acompanhamento de tendência.

Outro indicador muito utilizado é o Histograma de MACD, que é uma variação do MACD visto acima. Desenvolvido por Thomas Aspray em 1986, o histograma de MACD mede a distância entre o MACD e sua linha de sinal (o MMS de 9 dias de MACD). Assim como o MACD, o Histograma de MACD também é um oscilador que alterna acima e abaixo da linha de zero.
O histograma do MACD representa a diferença entre este e sua linha de sinal. O histograma é positivo quando a linha do MACD está acima de sua linha de sinal e negativo quando ela está abaixo de sua linha de sinal.
Segue abaixo um exemplo do Histograma MACD:

Exemplo de Histograma MACD
Figura 92 - Exemplo de Histograma MACD

Acima temos o Histograma MACD e o MACD, ambos impressos no gráfico. Vários pontos de compra e venda podem ser observados.

Outro indicador muito utilizado são aqueles baseados nos osciladores em bandas. Esses osciladores alternam acima e abaixo de duas bandas que significam níveis de preços extremos. A banda inferior representa leituras de sobrevenda e a superior, leituras de sobrecompra. O mais utilizado deles é o Índice de Força Relativa (RSI) e o oscilador estocástico. Eles possuem cálculos bastante sofisticados e são bastante eficientes.

O Índice de Força Relativa (IFR) ou Relative Strength Index (RSI) foi desenvolvido por Welles Wilder em 1978 como um oscilador de impulsão que mede a velocidade e a mudança dos movimentos de preços. Além do IFR, o criador Wilder apresentou em seu livro, New concepts in technical trading systems, outros indicadores como SAR e o ATR (Average True Range). Seu funcionamento se dá através da comparação da variação média de preços dos períodos de avanços com a variação média dos períodos de declínios. Mesmo que criado antes da era dos computadores, os indicador de Wilder, e em especial o IFR, ainda são muito utilizados e estudados atualmente.
O IFR é um indicador extremamente popular com destaques em livros e revistas especializadas. Mais recentemente Constance Brown autor do livro Technical analysis for the trading professional, apresentou o conceito de faixas do IFR para mercado de touro e de urso. Uma das sugestões do autor é que quando o IFR está em um mercado de tendência de alta (mercado de touro) o autor cita que as zonas entre 40 e 50 são considerados suportes. Já entre 10 e 60 tem-se um mercado de tendência de baixa (mercado de urso), com as zonas entre 50 e 60 atuando como resistência. No entanto, essas configurações podem ser alteradas e interpretadas com outros números pelos analistas. Sempre é importante testar nos mercados os números que melhor se adaptam ao ativo sendo analisado.
Como todo oscilador, ele marca as áreas de sobrecompra (acima de 70%) e de sobrevenda (abaixo de 30%), e dá os sinais de compra acima de 30% e de venda abaixo de 70%. Como os outros indicadores, se o mercado estiver em tendência, ele se inclina a ficar em uma das duas áreas.
Segue abaixo um exemplo do indicador IFR em que a zona de 70 representam um mercado sobrecomprado e uma resistência:

Exemplo do indicador IFR
Figura 93 - Exemplo do indicador IFR

O IFR tem a seguinte fórmula:
IFR = 100 – [100 / (1 + RS)]

Em que, RS = Média (n) fechamentos de alta (A) / Média(n) fechamentos de baixa (B) = A / B
n = período a ser analisado (normalmente 14 períodos)

Se fizermos as substituições necessárias podemos simplificar a operação, ficando assim com IFR = [A / (A + B)] × 100%.

A fórmula do IFR indica que quando o IFR se aproxima de 100%, significa que a média das baixas é próxima de zero e que, nos últimos n dias, o fechamento tem sido positivo seguidamente, mostrando que a ação está sendo fortemente comprada e o indicador, entrando na área de sobrecompra. O mesmo ocorre quando o IFR se aproxima de 0% significando que a média das altas está perto de zero e que, nos últimos n dias, o fechamento tem sido seguidamente negativo, mostrando que a ação está sendo fortemente vendida e o indicador, entrando em uma zona de sobrevenda.

Além dos principais indicadores que vimos tem-se outros também que são utilizados por alguns analistas como o Estocástico que é muito semelhante ao IFR, o %R que é um indicador de momentum tendo um comportamento inverso do estocástico refletindo níveis de fechamento relativo à menor mínima do período, o Commodity Channel Index (CCI) que é utilizado para identificar movimentos cíclicos nas commodities, o indicador momentum que mede a velocidade da tendência em determinado mercado ou ativo, o Elder-Ray que permite uma visão mais interna e profunda os movimento do mercado, entre outros indicadores.

Indicadores de Volume:

O Volume é muito utilizado como um indicador de confirmação dos movimentos. Por exemplo, quando temos um mercado que está ficando altista e o volume começa a crescer junto, temos uma confirmação que esse mercado vai subir mais. Por isso, os indicadores de volume são utilizados para confirmar a força das tendências. A falta de confirmação pode avisar sobre uma reversão. O analista sempre deve ter em mente que preço e volume são os dois básicos insumos dos indicadores na análise técnica.
Dessa forma, foram construídos diversos indicadores com base no volume negociado, premissa de que o volume precede o preço, pois investidores tendem a acumular ou distribuir, e às vezes antes mesmo do preço estar em tendência. Assim, o volume dará pistas da intensidade e vai determinar como será a saúde.
Outra premissa que se tem no mercado é que o volume indica como é a oferta e a demanda em determinado ativo. Isso porque quanto maior o volume negociado, maior a liquidez, e, em geral, quanto maior a liquidez, menor a volatilidade dos preços. Por isso, quando temos uma ação que é pouco negociada ela é considerada um risco para o menor investidor, pois qualquer investidor grande poderá causar uma forte mudança nos preços dessa ação, devido ao baixo volume do ativo. Por outro lado, um ativo com muita oferta e demanda se torna muito difícil realizar grandes movimentos, a troca de lotes é muito grande em pequenas regiões, dificultando que um grande investidor faça uma movimentação muito grande no ativo.
Indicadores de volume são divididos principalmente em duas categorias: índices e osciladores. Os indicadores de volume baseados em índices tem como principal representante o On-Balance Volume (OBV), sendo o mais utilizado pelos analistas.

O OBV foi desenvolvido por Joe Granville em 1963 e descrito em seu livro Granville’s new key to stock market profits. O OBV mede a pressão de compra e de venda como um indicador acumulativo que acrescenta volume no dia de alta e o subtrai em dias de baixa. Ele foi um dos primeiros indicadores de medida de fluxo positivo e negativo de volume, atualmente é um dos indicadores mais utilizados pelo analistas.
Os analistas podem olhar para as divergências entre o OBV e preço para prever os movimentos de preços ou usar OBV para confirmar as tendências de preços.
A ideia básica do índice OBV é simplesmente adicionar o volume de um dia de alta ou subtrair todo o de um dia de baixa. O volume é positivo quando o fechamento for acima do anterior e negativo quando o fechamento for inferior ao anterior.
Dessa forma, tem-se que se o preço de fechamento está acima do preço de fechamento anterior, então:
OBV Atual = OBV anterior + Volume Corrente
Se o preço de fechamento está abaixo do preço de fechamento anterior, então:
OBV Atual = OBV anterior – Volume Corrente
Se o preço de fechamento é igual ao preço de fechamento anterior, então:
OBV Atual = OBV anterior (sem alteração)

O OBV também ajuda o analista quando o mercado está lateral. Isso ocorre porque quando os preços estão em uma faixa lateral de negociação e o OBV quebra o próprio suporte ou resistência, a ruptura muitas vezes indica a direção na qual a fuga de preços vai ocorrer. Portanto, ele dá um aviso prévio da direção da fuga de um padrão de preço.
Segue abaixo um exemplo do OBV sinalizando a quebra de um mercado lateralizado:

Exemplo do indicador OBV
Figura 94 - Exemplo do indicador OBV

Entre outros indicadores de índices temos também o Williams Distribuição Acumulação (WAD), Linha de Acumulação e Distribuição (LAD) que inclusive é utilizado pelo oscilador que veremos adiante, o Williams Variable Accumulation Distribution (WVAD), entre outros.

Por outro lado, os osciladores de volume são de certa forma limitada. Quando um oscilador se aproxima do limite superior, temos uma condição sobrecomprada. Porém, quando se aproxima do limite inferior, uma condição de sobrevenda ocorre. Osciladores são especialmente úteis nas faixas laterais de negociação.
Entre os principais osciladores temos o Fluxo de dinheiro de Chaikin que utilizada o cálculo do indicador LAD para cada dia. O cálculo é feito da seguinte forma: considera-se o valor da LAD acumulado por 21 períodos dividido pelo volume total acumulado em 21 períodos. Antes de continuarmos falando do indicador, vamos dar uma olhada como funciona o LAD.
Basicamente o LAD tem como objetivo medir o fluxo de dinheiro em um ativo, ele utiliza os preços de máxima, mínima e fechamento de cada dia. Seu cálculo é dado pelo fórmula:
LAD = volume no período × [(fechamento – abertura) – (máxima – fechamento)] /(máxima – mínima)

O gráfico é muito semelhante ao OBV, a diferença entre a LAD e o OBV é que a LAD usa a abertura e o fechamento dos preços para o cálculo, priorizando o fechamento relativo à variação no período. Um sinal baixista é dado quando a LAD se move para baixo e os preços sobem.

Voltando ao oscilador de Chaikin, tem-se o seu cálculo produz um oscilador que fica acima de zero quando uma tendência ascendente inicia e declina abaixo de zero quando a tendência vira para baixo.
A premissa básica do indicador por trás da LAD é a de que o grau de pressão compradora ou vendedora pode ser determinado pela localização do fechamento em relação à máxima e à mínima correspondentes do período. Existe pressão compradora quando o ativo fecha acima da metade da variação do período (máxima menos a mínima) e vendedora ao se fechar na metade inferior da variação. Assim, se › 0, temos que há pressão compradora, se ‹ 0 há pressão vendedora e, além disso, o tamanho da duração positiva ou negativa da leitura evidencia que o ativo está sob acumulação/distribuição sustentável.
Um dos problemas do indicador é que como cada cálculo da LAD diária é baseado apenas em máxima, mínima e fechamento, se ocorrer um gap ele não será refletido nesse oscilador.

Entre outros osciladores temos o Chaikin que também foi inventado por Marc Chaikin, porém possui um cálculo diferente que é simplesmente a razão entre a MME de 3 dias da LAD com a MME de 10 dias da LAD, o Money flow index (Índice de Fluxo de Dinheiro) que considera dias de “alta” e dias de “baixa” para determinar o fluxo de dinheiro dentro e fora de um ativo, o Force Index que mede a força de compradores e vendedores, o Volume Price Confirmation Indicator (VPCI) que relaciona o preço e o volume e chama a atenção do analista quando eles estão em sincronia, a Média Móvel de Volume que representa o volume médio negociado em determinado período, entre outros indicadores.

Indicadores de Fôlego de Mercado:

Esse tipo de indicador avalia diversos títulos, e não apenas um em específico como vimos nos outros indicadores. Assim, ama determinada fórmula é aplicada aos dados dos preços de múltiplos títulos do mercado, em vez de apenas um ativo, que podem vir da abertura, da máxima, da mínima ou do fechamento para os títulos, para o seu volume ou para ambos. Esse dado é introduzido na fórmula do indicador e um ponto de dados é produzido.
No site StockCharts temos diversos indicadores, como o $BPSPX e $BPNDX que acompanham o Índice Percentual de altas para o índice americano S&P 500 (índice composto pelas 500 maiores empresas dos EUA) e para o Nasdaq 100 (índice composto pela empresas de tecnologia americas), respectivamente.
Obviamente que indicadores de fôlego não estão restrito apenas aos índices americanos, todos podem ser utilizados nos mais importantes índices (como o índice Ibovespa do mercado brasileiro que é composto pelas principais empresas nacionais), além de ETFs.

Entre os indicadores temos o Linha de Avanços e Declínios (Linha AD) que calcula o número de ações em alta menos o número de ações em baixa. A Linha AD sobe quando o resultado é positivo e cai quando o resultado é negativo. Dessa forma, por exemplo, se 235 ações subiram enquanto que 255 recuaram, tem-se um resultado de -20 que é mostrado pelo indicador.
A Linha AD é um dos indicadores de fôlego mais simples e esclarecedores. Não há média ou cálculo complicado. Ao olhar para a própria linha, você imediatamente saberá que os avanços foram maiores do que quedas no período de dados passados.

Existem ainda outros indicadores de fôlego como o Trader’s Index (TRIN) que é calculado dividindo-se a razão do número de avanços e de declínios pela relação do volume do avanços e dos declínios, atuando como um oscilador, o indicador é muitas vezes usado para identificar situações de curto prazo de sobrecompra e de sobrevenda; outro indicador é o McClellan que é um indicador de impulso semelhante ao MACD, seu cálculo se dá através da subtração da MME de 39 períodos das ações que sobem pela MME de 19 períodos das ações que sobem.

Indicadores de Sentimento:

Esses indicadores tentam medir o grau de otimismo ou pessimismo em um mercado. O maior valor desses indicadores ocorre quando eles se encontram em extremos históricos superiores ou inferiores.

Entre esses indicadores tem-se o Put/Call Ratio que tem como característica mostrar o volume de opções de venda (puts) em relação ao de compra (calls). Opções de venda são utilizadas para proteção contra a fraqueza do mercado ou apostas em um declínio. As opções de compra são usadas para se proteger contra a força de mercado ou aposta em uma subida. Assim, o Put/Call Ratio é superior a 1 quando o volume de puts ultrapassar o de calls, e abaixo de 1 quando o de calls ultrapassar o de puts.
Portanto, analistas utilizam esse indicador para avaliar como está o sentimento do mercado, em que considera-se muito baixista quando a Put/Call Ratio está negociando a níveis relativamente altos, e muito otimista quando em níveis relativamente baixos.
Sua fórmula se dá por:
Put/Call Ratio = Put Volume / Call Volume

Quando os operadores de opções estão otimistas, o volume das opções de compra excede o das opções de venda, e o Put/Call Ratio cai. Veja que ele é utilizado como um indicador contrário para medir extremos otimistas e pessimistas.

Outro indicador muito utilizado pelo mercado é o famoso CBOE Volatility Index (VIX), ou mais conhecido como "índice do medo". Com base nos preços de opções, o VIX aumenta quando os investidores compram opções de venda para garantir suas carteiras contra perdas.
Os índices de volatilidade medem a volatilidade implícita de uma cesta e opções de compra e de venda relacionadas a um índice específico ou ETF.
O VIX é o mais popular (muito citado nos calls de abertura e fechamento no mercado financeiro), ele mede a volatilidade implícita de uma cesta de opções de compra e venda para o S&P 500. Especificamente, ele é concebido para medir a volatilidade de 30 dias esperada para o S&P 500.
Assim, um VIX crescente indica uma maior necessidade de seguro.
Dessa forma, os analista procuram por pontos no índice VIX em que se pode identificar momentos extremos que o medo tem sobrecarregado o mercado, dando a oportunidade de comprar ações em níveis reduzidos.

Existem ainda outros índices como o NYSE High/Low que basicamente calcula o número de ações em 52 semanas de máximas menos o número de ações em 52 semanas de mínimas. Além disso, pode-se utilizar o monitoramento do número de ações alugadas, esse monitoramento pode ser utilizado para medir o nível de pessimismo dos investidores para determinadas ações.

Força Relativa entre Ativos:

A força relativa entre ativos trata-se de um conceito técnico que mede a relação entre dois ativo, na qual um é dividido por outro e mostrado na tela, geralmente, como um gráfico de linha. Não devemos confundi-lo com o índice de força relativa de Welles Wilder estudado anteriormente. Este conceito não se trata de um indicador que usaremos nas operações, mas podemos usá-lo no dia a dia para fazermos observações ou experimentos. Essa divisão de um número qualquer por outro também é chamado de indexação. Esses números podem ser ativos, índices, moedas, etc. Um exemplo é utilizarmos o índice Bovespa e indexarmos ao dólar comercial, teremos assim o índice Bovespe dolarizado. Ou ainda podemos descontar o efeito da inflação no índice Bovespa indexando ao IGPM ou IPCA, que são índices de inflação.
Notamos que a indexação é uma ferramenta muito útil usada por economistas e analistas para que possamos comparar ações com diversos ativos como commodities ou moedas, ou comparar ações com ações, ações com setores, etc. Isso é muito utilizado em gráfico de moedas, pois elas são sempre indexadas com outras moedas como, por exemplo, real versus dólar, dólar versus euro, etc. Uma moeda nunca é mostrada sozinha, pois não existe o gráfico do real, por exemplo. Moedas são sempre relacionadas.
Nos gráficos de moedas podemos utilizar todas as técnicas estudadas aqui no nosso curso de análise técnica. Um exemplo de ativo é o real versus dólar que é disponível para operações, semelhante a uma ação ou mini-índice.
Alguns analistas fazem indexação de ações para achar aquelas que sobem enquanto outras caem, também chamada de hedge (proteção). Isso torna a carteira mais balanceada, pois enquanto um grupo de ações ligadas a um setor sofre mais, outro grupo poderia se beneficiar. Um exemplo são ações que se desvalorizam quando o dólar sobe, nesse caso existe outro grupo de ações (exportadoras) que se beneficiam deste cenário.

Todos os mercados possuem as mesmas características e passam pelas mesmas fases. Todos os mercado são cíclicos: vão para cima e fazem topo, vão para baixo e fazem fundo. Quando um ciclo finaliza, outro recomeça. O grande problema é que muitos investidores e operadores falham em reconhecer que os mercados são cíclicos e esquecem que deveriam esperar o fim da fase corrente. Outra grande dificuldade é que, mesmo aceitando a existência dos ciclos, e praticamente impossível achar o topo e o fundo desses ciclos. No entanto, aqueles que entendem a existência dos ciclos tem um conhecimento fundamental para maximizar seus retornos.
Entende as quatro fases principais que compõem um ciclo de mercado é muito importante, são eles: fase de acumulação, fase de alta, fase de distribuição e fase de queda.

A fase de acumulação ocorre após o mercado fazer um fundo, pois é neste momento que o grandes gestores e investidores começam a comprar, refletindo que o pior já passou. Geralmente é sentimento geral é baixista e muito se fala em crises e perdas. Muitos comprados já venderam suas posições de tanto desgosto. Nesta fase de acumulação, os preços se estabilizam na baixa e para cada vendedor existe um bom comprador pagando com um bom desconto. Após algum tempo, o sentimento do mercado começa a sair do negativo e ir para o neutro.

A fase de alta é quando o mercado ficou por um tempo estável e nesse momento já começou a subir. Analistas técnicos já começam a traçar topos e perceber que um fundo já passou, reconhecendo que a direção do mercado e o sentimento mudaram. A mídia começa a divulgar informações positivas e que o pior já passou, mas ainda existem algumas notícias pessimistas como, por exemplo, desemprego ainda alto e demissões em vários setores sendo reportado, causando assim ainda dúvidas em algumas pessoas. Quando essa fase matura mais, investidores se juntam aos outros que já estão surfando a alta, visto que o medo do mercado passou e agora impera a ganância e o medo de estar fora.
Quando esta fase começa a chegar ao fim, muitos começam a entrar e o volume sobe de forma ainda mais expressiva. As avaliações fundamentalistas ficam acima de níveis históricos, e a razão e a lógica são substituídas pela ganância. Enquanto pessoas físicas estão entrando, grandes gestores estão saindo, e com isso os preços começam a diminuir a alta, e quem estava fora acha que agora sim é uma boa hora de entrar. Isso faz um último movimento parabólico, também conhecido como clímax, momento em que maiores ganhos em períodos curtos ocorrem. Mas o ciclo já está chegando ao topo da bolha, movendo o sentimento do mercado de neutro para altista nessa fase de pura euforia.

A fase de distribuição é quando o vendedores começam a dominar e o sentimento altista da fase anterior começa a se tornar confuso. Os preços podem ficar estacionados lateralmente por semanas e até meses. Quando essa fase termina, o mercado reverte completamente a tendência. Aqui os analistas técnicas podem encontrar padrões clássicos como topos duplos ou triplos, OCOs, etc.
Esta fase é muito confusa e emocional, pois os investidores tem períodos que sofrem pelo medo misturado pela fase de esperança e até ganancia, porque o mercado parece que vai novamente decolar. As avaliações fundamentalistas estão ao extremo em diversos ativos, e com isso os investidores de valor já estão fora desse mercado. O sentimento geral lentalmente vai mudando e essa transição pode ocorrer de forma mais acelerada devido algum acontecimento geopolítico negativo ou notícias econômicas ruins. Neste momento, alguns investidores saem do mercado obtendo lucros, outros no empate e alguns com pequenas perdas.

A fase de queda é a fase final do ciclo e a mais dolorosa para aqueles que ainda mantiveram suas posições. Muitos se seguram, pois acham que o mercado poderá volta ao preço que pagaram em níveis altíssimos sem qualquer fundamento. Quando o mercado cai 50% ou mais eles começam a desistir completamente frustrados. O mais triste é que eles estão vendendo suas posições justamente próximo a um fundo iminente. Essas vendas começam a ser compradas por investidores que se preparam para novamente entrar na fase de acumulação, onde todo o ciclo recomeça novamente.

Segue abaixo um exemplo gráfico dos ciclos:

Exemplo gráfico dos ciclos
Figura 95 - Exemplo gráfico dos ciclos

Como foi dito anteriormente, nunca se sabe o topo ou o fundo, isso porque um ciclo pode durar semanas a vários meses e até anos. Tudo depende do mercado sendo observado e o horizonte de tempo. É preciso entender que os ciclos existem em todos os mercados. Investidores mais espertos reconhecem as diferentes partes dos ciclos, por isso esses estão mais aptos a obterem vantagens dessas situações para obter lucro. Também é bastante provável que não comprem na pior hora possível.

Devemos ter em mente que existem ciclos dominantes no mercado, ou seja, ciclos diferentes que afetam o mercado. Temos os tempos gráficos de prazos mais longos, passando pelos prazos intermediários e, por último, os de prazo mais curtos.
Primeiramente verifica-se o ciclo dominante de longo prazo, que pode durar alguns anos, depois o intermediário, de semanas a meses, e finalmente o de curto prazo, de horas a dias. Esse ciclo é muito visível nas ações de agronegócio, em que nas época de colheitas as ações atingem a mínima, mas no longo prazo elas costumam representar uma forte inclinação, conforme aumentam os lucros da empresa.
Segue abaixo um exemplo da empresa Copel (CPLE6) que no longo prazo (anos) apresenta um movimento altista, porém em no prazo intermediário (meses ou ano) possui correções baixistas:

Exemplo da COPEL
Figura 96 - Exemplo da COPEL

Por fim, todo analista técnico sabe que conhecer a parte técnica é muito importante em qualquer análise, mas apenas a parte técnica sem um planejamento adequado das operações é impossível para ser um bom analista. Veremos agora mais sobre a colocação de ordens stop, como um analista técnico planeja suas operações e lida com o lado psicológico.

O risco no mercado financeiro sempre anda ao lado do analistas. Um bom gerenciamento de risco impacta significativamente o desempenho de um analista que faz entradas no intraday ou aqueles que controlam o desempenho de uma carteira. Limitar as perdas no momento certo é uma diferença fundamental entre os diversos analistas que tentam sobreviver no mercado.
Ordens stops são as amigas dos analistas e não inimigas como muitos pensam. A ordem stop serve para comprar ou vender quando um preço específico é atingido. Ele pode ser utilizado para três situações: limitar perdas, programar entradas e garantir lucros.

De forma a limitar perdas, um stop de compra indica que estamos vendido e temos uma ordem de compra no preço acima. Se o preço atingir essa ordem saímos com um prejuízo na operação, porém esse prejuízo limita possíveis maiores perdas. O mesmo vale para um stop de venda, porém ao inverno. Isso quer dizer que estamos comprados e temos um ordem stop que limitará as perdas caso o preço faça o contrário da nossa análise. Esse stop também é chamado de Stop Loss (ou em português: parar perdas).
Resumindo, stop loss é o menor nível em que um investidor está preparado para ver o preço de seu investimento cair.
Segue abaixo um exemplo na plataforma Profit Pro em que estamos comprados em um determinado preço e temos a nossa ordem de venda stop. Veja que essa ordem de venda stop protege se a nossa análise falhas, visto que o analista acredita que o preço não rompera essa lateralidade. Porém, se romper ele estará protegido de perdas maiores:

Exemplo de uso do stop loss
Figura 97 - Exemplo de uso do stop loss

No intuito de programar entradas, as ordens stop são muito utilizadas na situação em que se espera que o mercado chegue a determinado ponto para comprar ou vender.
Por exemplo, o analista compraria "se e somente se o preço romper a resistência". Assim, uma ordem stop fica posicionada aguardando o rompimento ocorrer, e quando ela ocorrer a ordem será disparada.
Segue abaixo um exemplo:

Exemplo de uso do da ordem stop
Figura 98 - Exemplo de uso da ordem stop

Por fim, o stop também pode ser utilizado para garantir lucros na operação, essa operação é chamada de Stop Gain. Por exemplo, na situação abaixo entramos comprados na operação e a análise deu certo. Assim, o analista move uma ordem stop (loss) anterior para uma faixa que ele já obtenha lucros na operação. Segue abaixo um exemplo:

Exemplo de uso do da ordem stop
Figura 99 - Exemplo de uso da ordem stop

No exemplo acima estamos realizando uma compra no fundo do canal. Porém, como é uma operação contra a tendência, aguardamos a operação dar continuidade e após isso protegê-la justamente por ser contra a tendência, pois o mercado pode se voltar rapidamente e, com isso, uma boa análise acabar gerando um alto prejuízo.

É importante salientar que o Stop Gain deve ser usado com cautela, pois muitos iniciantes já movem o stop loss para stop gain assim que o mercado se desloca um pouco. Muitas vezes o mercado volta para o preço de entrada, pega o stop gain do analista, que sai precipitadamente do mercado com um ganho pequeno, e continua a movimentação até o objetivo maior. É importante sempre deixar a operação se desenvolver para mover o stop loss para o stop gain. Alguns analistas mexem no stop assim que o mercado se desloca pelo menos 100 pontos, mas isso depende de como está a volatilidade. Muitas vezes o mercado está se movimentando rapidamente e 100 pontos são deslocados para cima e para baixo em segundos. Nesse caso, sempre é melhor esperar o mercado fazer uma movimentação mais considerável para deslocar o stop.
O mesmo também deve ser observado no Stop Loss. Se não colocarmos um stop bom o suficiente é muito provável que o mercado alcançará essa ordem stop. Toda operação deve ser bem planejada, caso contrário teremos que amargar perdas que poderiam ser evitadas. É muito mais adequado permitir espaço para que o ativo se movimente, colocando o stop de proteção abaixo de onde a correção seria grave, ou seja, provavelmente o mercado não seguraria nesse ponto.

Muitos analistas definem para cada operação os stops através de pontos. Por exemplo, se o mercado subir 200 pontos a partir deste ponto que eu comprei, a operação deve ser stopada. Porém, também existe um stop financeiro, pois ninguém pode passar o dia levando stop. Como o dinheiro é finito, deve-se também estabelecer uma perda diária máxima como, por exemplo, definir que a perda máxima de todas operações deve ser de 300 reais por dia. É neste ponto que os melhores analistas se diferenciam. Aqueles analistas considerados top de linha sabem que devem parar quando atingiram seu stop financeiro. Isso é um indicativo que a sua análise do dia não está boa e amanhã tem mais mercado. Por isso, os stops financeiros devem existir e ser respeitados.

Existem alguns indicadores que ajudam o analista com as ordens stops como o Average True Range (ATR). O ATR é um indicador que combina informações sobre o movimento dos preços. Ele é calculado com base na amplitude do movimento dos preços. Isso informa ao analista, por exemplo, como está o comportamento das barras. Às vezes, olhando apenas para o gráfico e se concentrando nas regiões e traçados, o analista não enxerga o tamanho das barras e a volatilidade que está o mercado. O ATR ajuda nessa tarefa informando como está uma parte desse comportamento do mercado.
Portanto, o ATR mede a distância média que o mercado percorreu em determinado número de períodos e é um excelente dado técnico para inferir a distância que um mercado “normalmente” transitará no próximo período (e também o nível de risco).
Baseado no ATR, o Stop ATR é um indicador que imprimi no gráfico onde os stops deveriam ser posicionados no gráfico. Ele utiliza uma média de 20 períodos e com base nisso calcula a linha stop mais adequada com base nos movimentos do mercado.
Segue abaixo um exemplo do stop ATR sendo utilizado:

Exemplo de uso do stop ATR
Figura 100 - Exemplo de uso do stop ATR

Outro indicador utilizado para colocação de ordens stop são as bandas de bollinger, em que as bandas servem como níveis de proteção.

Dessa forma, as ordens stops, principalmente de limitação de perdas, devem sempre ser consideradas antes de entrarmos em uma operação. Apesar da ajuda dos indicadores, eles também devem ser utilizados com cautela, sempre que possível ajustando os parâmetros dos indicadores de forma a se adaptar ao mercado que está sendo considerado.

Antes de entrar em qualquer operação, todo analista deve traçar um planejamento inicial: qual o ponto de entrada e por quê? onde vai o stop loss se a operação não der certo? onde eu quero realizar lucros se a operação andar? Uma operação planejada é sempre muito melhor do que entrar de qualquer jeito, pois o planejamento ajuda a identificar todos os possíveis cenários. Operações planejadas ajudam a raciocinar e entender o porquê daquela operação e qual o meu prejuízo possível se ocorrer.

Outra situação muito importante que os analistas devem conhecer é como está o ambiente microeconômico e macroeconômico. Também avaliar os setores que podem se beneficiar ou aqueles que podem sofrer mais na atual conjuntura. Após toda essa avaliação inicial é que podemos começar a analisar graficamente as ações mapeadas e definir as entradas, saídas e stops.

Uma coisa importante é nunca mudar o planejamento. Se o analista entrou na operação arriscando 0,06 centavos em um lote de 100 ações ou arriscando 200 pontos no mini-índice, deve-se respeitar isso. Quando o analista vira torcedor ele não é mais um profissional. A falta de disciplina é a grande responsável por tirar 95% dos investidor do mercado.

A melhor dica para um investidor é sempre registrar as suas operações. Isso permite que o analista veja onde ocorreram erros e acertos, assim ele consegue melhorar a sua performance. Aqui na Universidade da Bolsa existem várias ferramentas que auxiliam o analista a registrar operações, entradas e saídas nos gráficos, etc. Documentar as lições aprendidas é uma grande ferramenta de qualquer profissional.

Aqui entramos no ponto mais importante para o investidor, o lado psicológico. Segundo grandes autores e estudiosos do mercado financeiro apenas 40% se resume à técnica e 60% ao psicológico, outros ainda afirmam que a proporção é de 30% e 70% respectivamente. O mercado financeiro não é uma competição com os outros e sim um fluxo de constantes oportunidades, as quais deve-se aproveitar quando a oportunidade aparecer.

O mercado financeiro não foi feito para se operar todos os dias ou toda hora e nem para ficar rico do dia para noite. Este é um processo demorado que envolve conhecimento técnico e sobre si, além de bastante experiência.

Uma das técnicas mais utilizadas por analistas é o preço médio. Quando mais o preço vai caindo, mais posições ele vai adicionando. Isso é feito na esperança de reduzir a dor causada ao seu ego pelo erro anterior. Nesse momento quanto mais o mercado cai, mais posições vão sendo adicionadas, é quando o analistas quebra a sua conta e está fora do mercado. Se a operação não deu certo, o stop é o seu melhor amigo, muitas outras operações aparecerão. Todo esse dinheiro adicional colocado no médio poderia ser utilizado em melhores operações.

Muitos livros importante foram escritos para aqueles que estão operando no mercado. Os livros mostram a complexidade da mente ao lidar com as perdas e a euforia com os ganhos, que muitas vezes tamém podem se voltar contra o operador.

As palavras chaves daqueles que vivem o mercado diariamente são: dedicação e disciplina. Quanto mais prática, melhor, mais se desenvolve o gerenciamento e a técnica. O mercado financeiro é feito de atletas de alta performance, que devem treinar e se gerenciar diariamente. Oscar, o maior jogador de basquete do Brasil, treinava mais de 2 horas após os treinos com a equipe técnica, Zico cobrava mais de 200 faltas após os treinos. O mercado financeiro também exige muita dedicação, prática e gerenciamento.

Todos aqueles que querem algo devem acreditar em si e nas suas habilidades de ter sucesso. As pessoas mais bem-sucedidas tem como característica assumir os sucessos e também os fracassos, enquanto as malsucedidas tendem a acusar o azar ou outra pessoa.